O Reino Unificado vai a votos no próximo dia 4 de julho, escrevem esta quarta-feira os principais títulos da notícia social britânica — das emissoras BBC e Sky News aos jornais “The Guardian” e “The Telegraph”. As eleições gerais, que servem para optar os 650 membros da Câmara dos Comuns, foram antecipadas pelo primeiro-ministro Rishi Sunak numa profundeza em que o seu Partido Conservador está muito detrás da oposição trabalhista nas sondagens.
Os estudos de opinião deste mês dão 40 a 47% das intenções de voto ao Partido Trabalhista, a maior força da oposição, e 18 a 27% aos conservadores de Sunak. Nas eleições locais do início do mês, o partido governante teve um péssimo resultado.
As legislativas teriam de intercorrer até janeiro de 2025, e o primeiro-ministro prometera nos últimos meses que se realizariam na segunda metade de 2024. Assim, honra a sua vocábulo, embora se julgasse que planeava agendar a ida às urnas para o outono.
Bons ventos económicos
Posteriormente um Parecer de Ministros, Sunak lembrou que nos últimos cinco anos o Reino Unificado “enfrentou o tempo mais desafiante” desde a II Guerra Mundial. Afirmou ter sido proeminente a primeiro-ministro para “repor a segurança económica” (depois o efémero consultado de Liz Truss). Porquê tal, defende, a escolha é entre continuar nesse caminho ou passar o testemunho aos trabalhistas, a quem acusa de não terem projecto. O povo terá de “deliberar se quer edificar sobre o progresso já feito ou arriscar-se a recuar até à vivenda de partida sem projecto nem certeza”.
Familiares de pessoas afetadas pelo sangue contaminado no Reino Unificado durante uma vigília em Londres, a 19 de maio
Hollie Adams/Reuters
A prelo britânica foi formando, ao longo do dia, a crença de que vinha aí convocatória eleitoral, lendo os sinais. O ministro das Finanças, Jeremy Hunt, cancelou uma entrevista televisiva; o dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, encurtou uma viagem à Albânia. Horas depois, Sunak anunciava ter já pedido ao rei Carlos III a rescisão do Parlamento, prontamente concedida.
O pregão — feito à porta da residência solene do governante, em Downing Street, sob chuva torrencial e, a aumentar um quadro pouco auspicioso para Sunak, com alguém nas redondezas a fazer passar em elevado volume a música “Things can only get better”, da orquestra D:Ream, hino de campanha do trabalhista Tony Blair no triunfo eleitoral de 1997 — surge num dia em que as estatísticas oficiais dão conta de uma descida da inflação, que o conservador assegura ter “voltado ao normal”.
Keir Starmer promete mudança
O patrão do Executivo defendeu no debate parlamentar semanal, antes de reunir os ministros, que isto mostra que o seu “projecto está a funcionar”, e que a melhoria dos indicadores se deve às “decisões difíceis” tomadas pela sua equipa. Sunak quererá aproveitar o ímpeto da economia para contrariar as tendências de voto. Ao mesmo tempo, o Governo conseguiu nos últimos dias, depois longas querelas judiciais, principiar a executar a promessa de deportar para o Ruanda migrantes candidatos a asilo.
O líder do Partido Trabalhista não tardou a publicar um vídeo nas redes sociais a pedir “Mudança”. Keir Starmer afirma que depois 14 anos de governos dos histórias (com os primeiros-ministros David Cameron, Theresa May, Boris Johnson, Liz Truss e Rishi Sunak), “zero parece funcionar”. E assegura que o Reino Unificado, um país “grande e orgulhoso”, merece melhor.
A enumeração de votos (cá em Thornaby, no setentrião de Inglaterra) durará até sábado à tarde
Imagens de Ian Forsyth/Getty
Posteriormente a ida de Sunak ao Palácio de Buckingham, a legislatura será suspensa no próximo dia 24 (sexta-feira), ocorrendo a rescisão do Parlamento na quarta-feira, 30. Os deputados eleitos a 4 de julho tomarão posse no dia 9 desse mês, estando a fenda solene prevista para o dia 17, na presença do rei.
Escândalo do sangue “não pode voltar a intercorrer”
O debate parlamentar abordou ainda o escândalo do sangue contaminado recentemente divulgado. Nos anos 70 e 80, milhares de pessoas contraíram sida, hepatite e outras doenças ao receberem transfusões de sangue. O Governo de logo, chefiado por Margaret Thatcher, não terá oferecido à opinião pública toda a informação para se proteger.
Sunak aceitou ter-se tratado de um “escândalo horroroso” e defendeu que “zero deste tipo pode voltar a intercorrer”. O Governo irá considerar as recomendações da percentagem que elaborou um relatório sobre o tópico.
A sessão parlamentar ficou marcada, logo no início, pelo comovente revinda aos trabalhos do deputado Craig Mackinlay. Ausente desde setembro por ter sofrido uma septicemia, o conservador que representa o círculo eleitoral de Thanet Sul esteve à cercadura da morte, e sobreviveu depois terem-lhe sido amputados os quatro membros.