Samuel Úria, que no pretérito sábado atuou na final do Festival da Melodia, numa homenagem aos 50 anos do 25 de Abril, escreveu nas redes sociais um texto no qual lamenta a pouquidade da cultura na discussão partidária que antecedeu as eleições legislativas deste domingo.
“Estamos no dia de umas eleições onde a cultura foi amplamente retirada dos programas e campanhas. Até dou de barato que zero do que fazemos (nós, os pedantes auto-intitulados artistas) seja realmente prioritário. E também reconheço a forma invejada uma vez que o tema da cultura costuma entrar na política: são aquelas costas largas para se dar palmadinhas crónicas, aquele dente prostético para sorrisos de Miss Simpatia, aquele cassino dúbio para lavagem de ideologias”, escreve o cantor-compositor.
“Por muito que me acostume a tal veras, hoje é impossível dispensar um tranco revolucionário. A nossa democracia faz 50 anos e não há revisionismo que relegue a cultura, nomeadamente a música, para segundo projecto nesta efeméride. Pelas canções se fez resistência, pelas canções se deu a senha, pelas canções se celebrou a emancipação de um povo”, recorda Samuel Úria.
“Ontem, no Festival da Melodia, avivámos a teoria da Liberdade pela música, e da música pela Liberdade. Nem o vestimenta de eu ser cá aluno cábula (assinei o trabalho de grupo onde outros suaram bastante mais), me retira o orgulho integral nesta participação”, remata o músico, que subiu ao palco do festival da Melodia, ‘capitaneando’ uma homenagem ao 25 de Abril.
Com Filipe Melo, Samuel Úria foi o curador de um ‘medley’ de canções interpretadas pelas vozes de Ana Lua Caiano, Alex D’Madrugada Teixeira e Luca Argel.
Ana Lua Caiano, que na próxima semana editará o seu álbum de estreia (“Vou Permanecer Neste Quadrilátero”), interpretado ‘Que Paixão Não Me Engana’, de José Afonso; Alex D’Madrugada Teixeira, dos D’Madrugada, deu voz a ‘Liberdade’, de Sérgio Godinho; o cantor e compositor brasílico Luca Argel cantou ‘Tanto Mar’, melodia que Chico Buarque dedicou à conquista da liberdade em Portugal, em 1974.
No final, Paulo de Roble juntou-se para voltar a trovar ‘E Depois do Adeus’, melodia vencedora do Festival da Melodia em 1974, que se tornaria uma das senhas da Revolução dos Cravos.
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