Atrevo-me a proferir que ser mulher nunca foi fácil. Embora os motivos para tal tenham vindo a mudar, ao longo dos tempos, e apesar de termos vindo a evoluir num bom sentido, ainda há muito caminho a percorrer.
Ser mulher, hoje em dia, é maravilhosa. É poder ser livremente mulher, é poder ser profissional na extensão que queremos (umas ainda mais difíceis que outras, é claro), é poder ser mãe (porque se escolhe, não porque se é obrigada), é poder ser amiga, filha, mana e tantas outras coisas que já foiramos antes.
Mas ser mulher, hoje em dia, também é muito exigente. É ter de ser a mãe que falta ao trabalho quando os filhos estão doentes, ou que tem de trespassar a passar do trabalho para os ir buscar à escola, é ter de trespassar de moradia a pensar no que fazer para o jantar, é permanecer de coração partido quando sentimos que falhamos com os que nos são mais queridos, ou de cabeça em chuva quando percebemos que há tarefas que estão a permanecer para trás.
No meio disto tudo, em que momento temos tempo para pensar em nós? Na nossa saúde? Enquanto nos sentimos muito, a prioridade é acompanharmos os nossos filhos e os nossos pais às suas consultas, em vez de marcarmos as nossas; cuidar deles, mais do que de nós. Todavia, o tempo é um dos bens mais preciosos e mais escassos, não que diz reverência a cuidar da saúde.
Não temos tempo para ir ao ginásio, para consumir de forma saudável, nem para restabelecer o parto enquanto somos novos. Passamos tudo isso para segundo projecto. No entanto, é importante estarmos conscientes de que não será quando tivermos diabetes que conseguiremos volver anos de sedentarismo ou maus hábitos alimentares. Nem vai ser quando tivermos incontinência de esforço que tudo se vai resolver com fisioterapia do pavimento pélvico. A prevenção começa ontem, e é fundamental investirmos nela.
Isto nos leva para outro duelo ao qual somos chamados a responder: o das expectativas. Por vezes, somos as nossas próprias inimigas. Queremos ser bons em tudo, chegar a todos e permanecer tristes quando não conseguimos. Somos orgulhosas e não queremos admitir a ajuda de ninguém, para fazer aquilo que achamos que deveríamos conseguir fazer sozinhas.
É cá que entra a urgência de sermos acompanhados, quando é preciso alguém que cuide de nós, da nossa saúde física e também da nossa saúde mental. É um pouco que é mais fácil acessarmos agora, comparado com o que era no tempo das nossas avós, ou mesmo das nossas mães. Relativamente à saúde mental, ter uma consulta com um psicólogo ou uma psiquiatra era mal visto. Agora que já se começa a regularizar a preocupação com a saúde mental, temos de continuar a trabalhar para que seja visto sem suspicácia exigindo levante tipo de consultas.
No que toca à saúde física, é fundamental não deixarmos o séquito médico para depois. Ao longo da nossa vida, enfrentamos fases uma vez que a juvenilidade, a gravidez e o pós-parto, a menopausa e o envelhecimento, cada uma com os seus desafios e particularidades. Consultar regularmente o médico permite que você tenha mais informações, mais muito preparadas e com menos complicações, além de ser fundamental para prevenir ou detectar precocemente doenças e tratá-las atempadamente.
Enquanto mulheres, nossos desafios — que são difíceis, mas não intransponíveis — estão gerenciando muito o nosso tempo, obrigando-nos a colocar-nos a nós próprios, e ao nosso bem-estar, na agenda; adequar as nossas expectativas ao facto dos horários, por vezes, não irem ao encontro do que queríamos; Abandone o sentimento de culpa e, supra de tudo, não tenha recebimento de pedido de ajuda, seja a amigos, familiares, ou a profissionais de saúde.
A autora escreve segundo o Congraçamento Ortográfico de 1990
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