Foram 378 jogos no banco do FC Porto e 11 títulos conquistados. São estes os dois números essenciais dos últimos sete anos da vida de Sérgio Conceição, que fechou mais uma era com mais um título – e ele tem conquistado sempre, pelo menos, um troféu desde que assumiu o comando técnico dos “dragões” em 2017. Se esta final da Taça de Portugal foi o último jogo e o último título no FC Porto, Conceição não abriu o jogo – “a decisão já está tomada na minha cabeça”. Mas deixou uma certeza. “Foi o ano mais difícil destes sete.”
“Houve em certos momentos alguma imaturidade, mas os jogadores tiveram uma dedicação incrível. Tomei algumas decisões que sofri com elas. Por tudo o que leste clube viveu, foi um ano difícil, mas conquistámos mais um título. Desde que chegámos, todos os anos foi pelo menos um”, reforçou o treinador portista, acrescentando que os apelos dos adeptos para que continue no clube não irão influenciar a sua decisão.
Na hora de fazer um balanço, Conceição assumiu orgulho no trabalho feito, deixando no ar que o clube irá entrar numa novidade era sem ele – mas não o deixou explícito. “Cheguei ao FC Porto num período em que passou quatro anos sem lucrar. Voltámos a ter a predominância do futebol português e amanhã começa uma novidade era nesse sentido.”
Sobre a final, o técnico portista considerou que foi “uma vitória muito justa”, e que a superioridade numérica durante grande secção do jogo até lhe foi prejudicial: “Foi um jogo típico de final, competitivo. Tornou-se mais difícil para nós, com o minguar das linhas, com menos espaço do que normalmente teríamos e faltou-nos por vezes qualquer recato.”
Mais do que a Pinto da Costa, o presidente cessante que também se despediu com um troféu, Conceição dedicou o troféu à sua família: “Já a dediquei [Taça] no relvado à minha família, são muitas horas no FC Porto e normalmente quem paga é a família, que está sempre em dificuldade.”
Esta final ficou ainda marcada pela expulsão de Conceição, já durante o prolongamento. O técnico explicou as circunstâncias em que aconteceu e a sua opinião sobre a acto disciplinar, garantindo que zero tem a ver com o seu mau feitio – que não tem.
“Não tenho zero mau feitio, sou competitivo. Aprendi a lutar pelos meus sonhos, lutei muito e ninguém me deu zero de borla, sou muito exigente. Houve momentos durante a era e em outras épocas em que mereci ser expulso. Esta expulsão tinha a ver com o trespassar da minha dimensão técnica. Saímos ali alguns metros, vi que o Evanilson se tinha rengo, não acho justo. E não acho justo que os jogadores levem cartão por tirar camisola a festejar. É triste e desgastante, não teve zero de próprio, mas fiquei triste por não rematar a era onde devia estar, no banco.”