Março 22, 2025
Sérgio, Vítor Bruno e as 72 horas que provocaram um terramoto no Dragão – Observador

Sérgio, Vítor Bruno e as 72 horas que provocaram um terramoto no Dragão – Observador

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Quando entrou na sala de conferências do Jamor posteriormente a conquista da Taça de Portugal, Sérgio Conceição tinha a seu lado não só Rui Cerqueira, diretor de prensa do FC Porto, mas também um dos seus adjuntos, Siramana Dembelé. Entrou com o técnico principal, pediu licença sem um destinatário em concreto para se sentar na primeira fileira, saiu quando o número 1 abandonou o sítio. Ali, naquele momento, parecia a imagem mais procedente provável. Agora, com quase uma semana de intervalo, não deixa de ser normal mas pode ser mira de variadas interpretações. Oriente é o atual estado do universo azul e branco, onde qualquer gesto ou vocábulo sujeita-se a ser interpretado das mais variadas formas. E assim se foi desenvolvendo mais uma “romance”.

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Ponto prévio: mesmo sem declarações públicas nesse sentido, o início da vigência de André Villas-Boas no FC Porto, primeiro uma vez que presidente eleito e empossado do clube e a partir de terça-feira uma vez que líder da SAD dos azuis e brancos, tem sido ainda mais ansioso do que a conflito esperada durante a campanha em caso de vitória. Alguns momentos desportivos de sucesso, uma vez que a vitória na Taça de futebol ou o triunfo no jogo 1 das meias-finais do Campeonato de hóquei em patins (ambas contra o Sporting), acabam por funcionar uma vez que um bálsamo mas não passam de algumas horas com respostas entre dias com demasiadas perguntas.

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Foi noticiado que o presidente do FC Porto tinha assegurado o pagamento dos salários em tardada de abril no futebol e que, antes da final da Taça de Portugal, chegou-se também adiante por um prémio em tardada ainda relativo a um encontro da Champions. No entanto, segundo sabe o Observador, houve muitas mais questões a resolver sem margem de manobra desde que os novos dirigentes assumiram as pastas, não exclusivamente ligadas à mola real do clube a nível de receitas mas também às modalidades que, em vários casos, estão num período decisivo das respetivas temporadas. Em termos internos, tem existido compreensão na premência de tempo para solucionar todas as questões apresentadas mas os problemas continuam lá. Agora, há mais um.

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O ponto de partida para a história começa entre segunda e terça-feira, posteriormente a conquista da Taça de Portugal no Jamor. Quando a equipa foi entregar o troféu ao Museu do clube, num dia que coincidia também com a despedida de Pinto da Costa da liderança da SAD (a única relação que tem agora ao FC Porto, além de sócio, é ser membro do Recomendação Superior por inerência), foi visível um envolvente mais tenso do que era suposto num momento uma vez que o que estava a ser festejado. Mais tarde, e pela primeira vez, o assessor de Sérgio Conceição, Francisco Empis, falou publicamente sobre a situação do técnico, questionando as interpretações feitas às palavras de André Villas-Boas que soavam a despedida. Aí começavam os primeiros sinais de que alguma coisa não estava muito e que uma provável saída de forma amigável era um cenário que se começava a esfumar.

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Só na terça-feira é que Vítor Bruno comunicou em termos “oficiais” o libido de prosseguir a curso uma vez que técnico principal a Sérgio Conceição. Não foi propriamente uma surpresa, teve um timing que causou alguma estranheza. Quando foi assinada a renovação por quatro anos ainda com Pinto da Costa uma vez que presidente, a dois dias das eleições do FC Porto, os adjuntos não fizeram um prolongamento dos respetivos vínculos mas também não existiu qualquer conversa nesse sentido. No dia seguinte, num encontro com André Villas-Boas, o facto de o atual presidente dos dragões colocar em cima da mesa de forma oportunidade a possibilidade de poder racontar com Vítor Bruno para a próxima temporada foi a pingo que fez transbordar o copo, de tal forma que o próprio Sérgio Conceição não demorou a completar aquele encontro dessorado com o que ouvira.

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Ao longo das últimas semanas, e enquanto foi percebendo junto dos seus representantes as abordagens que eram feitas por clubes estrangeiros (com o Marselha à cabeça, sendo que a possibilidade AC Milan acabou por debutar a tombar com a previsível aposta em Paulo Fonseca), Sérgio Conceição ia tentando perceber que tipo de movimentações iam sendo feitas pelos atuais dirigentes em termos futuros. As informações que ia recebendo, de vários lados, apontavam para opções não portuguesas. Ou seja, a hipótese de Vítor Bruno ser o próximo treinador do FC Porto pura e simplesmente não existia. Agora, é uma veras. E para o técnico que liderou os azuis e brancos nos últimos sete anos é tudo menos obra do eventualidade. Sentiu-se traído.

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É um sentimento reciprocamente. Sérgio Conceição considera que foi mira de uma traição por secção do número 2 que o acompanhava há mais de uma dez (entre Olhanense, Académica, Sp. Braga, V. Guimarães, Nantes e FC Porto desde 2017), acreditando mesmo que as movimentações de Vítor Bruno para a “emancipação” da sua equipa técnica terão exposto com “ajudas” dos atuais dirigentes. Mais: ficou com a perceção de que todas as notícias que têm saído vêm de dentro do clube. Por seu vez, Vítor Bruno considera o mesmo ainda sobre o momento de renovação em que não foi considerado – alguma coisa que não faria muito sentido, confirmando-se que há muito decidira que queria debutar uma curso uma vez que principal. É verdade que foi abordado por Antero Henrique para assumir um projeto no Qatar uma vez que aconteceu com Rui Faria, vetusto adstrito de José Mourinho (e que recusou), é verdade que foi recebendo várias abordagens em termos internos ainda uma vez que adstrito do FC Porto, não será verdade que tinha alguma coisa “acordado” com os atuais dirigentes da SAD.

A decisão de Sérgio Conceição está tomada e tudo aponta para a saída. Para onde? E quem pode chegar?

É cá que o conflito pode chegar ao FC Porto. Até terça-feira, desde que não se sentisse “empurrado” para deixar o clube, Sérgio Conceição estaria disposto a prosseguir com a epístola registada para a rescisão de contrato sem encargos para os azuis e brancos (e o montante totalidade das quatro temporadas teria um valor superior a 25 milhões de euros). Agora, perante tudo o que vai sabendo e tomando conhecimento, a situação pode mudar, passando no limite para os seus advogados ou para o seu agente, Jorge Mendes. É esse cenário que Villas-Boas quer evitar a todo o dispêndio, não só pela vertente financeira mas também pela valia de uma saída airosa posteriormente tudo o que o técnico conseguiu saber. Andoni Zubizarreta tem estado à margem de todo o processo, ao passo que Jorge Costa começa “em funções” a 100% exclusivamente a partir de segunda-feira.

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A par disso, gerou-se um outro “problema”. Durante esta sexta-feira, e perante as notícias que foram vindo a público sobre essa traição de Sérgio Conceição com os seus adjuntos no momento da renovação, os próprios membros da equipa técnica vieram publicamente desmentir a informação à exceção de Vítor Bruno.

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“Não termos assinado não tem zero a ver com o Sérgio [Conceição] mas com a governo anterior. É tudo completamente patranha. Aliás, o presidente, quando assinou com o Sérgio, foi ao nosso departamento, onde estávamos todos os adjuntos, eu, o Vítor [Bruno], o Dembelé, o Eduardo [Oliveira], o Vedran [Runje], e disse que nós íamos assinar na segunda ou terça-feira seguinte. Estou há 13 anos com ele e é capaz de tirar do dele para nos dar. Quando viemos para o FC Porto, veio lucrar menos da metade do que ganhava em Nantes e fez questão que os adjuntos viessem lucrar o mesmo. Vítor Bruno? Ele disse na rosto do Sérgio que ia para o Qatar. Sérgio está surpreendido? Está ele e estou eu. Ainda por cima sabendo que o director dele tinha assinado um contrato, vai fazer um convénio com o clube? Primeiro faz um convénio com o clube e só depois é que transmite ao Sérgio que quer seguir sozinho”, referiu Diamantino Figueiredo ao jornal O Jogo.

“O Sérgio Conceição não traiu ninguém, o Sérgio Conceição foi sempre muito direto, muito frontal, sempre tratou muito muito de nós, pensou sempre em nós. Quando estávamos no Nantes e quando era para vir para o FC Porto, ele exigiu que os adjuntos ficassem com o mesmo ordenado e ele baixou o ordenado dele para nos permitir ter isso. Da minha secção e da restante equipa técnica, o Sérgio Conceição foi sempre muito evidente, sempre muito sincero e sempre, sempre tratou de nós antes de tratar dele. A tratar dos contratos, foi sempre igual. Era sempre a tratar das coisas em primeiro e, depois, com a vocábulo dada pelas pessoas que mandavam no clube, nós acompanhávamos sempre o Sérgio. Desta vez, ele fez o mesmo procedimento, só que desta vez não se fez, porque [ndr: Pinto da Costa] não ganhou as eleições”, disse Dembelé ao Maisfutebol.

Na sequência dessas entrevistas, a FC Porto SAD fez um expedido. “Tendo tomado conhecimento de entrevistas e declarações prestadas por determinados funcionários do clube, integrantes do corpo técnico da sua equipa principal de futebol, publicadas hoje em diversos órgãos de informação social, deu já instruções internas para que se iniciem os procedimentos tendentes a julgar da relevância disciplinar das mesmas. Com efeito, poderão estar em motivo, entre outros, a violação dos deveres de urbanidade, reverência e lealdade para com a Entidade Patronal, mas também para com outros trabalhadores, designadamente em face do texto potencialmente atentatório da honra pessoal e profissional de profissionais do Grupo, colocando em motivo o bom funcionamento da Organização”, defendeu o texto dos azuis e brancos.

Estava feita uma espécie de “primeira resguardo” de Vítor Bruno, que ao início da noite iria também tomar uma posição pública através de um longo expedido partilhado nas redes sociais. “Nunca traí (‘apunhalei’ pelas costas, uma vez que de modo pícaro se pretende inculcar) ou, por qualquer modo, fui desleal com o treinador principal Sérgio Conceição, com quem usei sempre da maior lisura, transparência e honestidade, impondo-se agora clarificar a verdade dos factos”, começou por expressar o vetusto número 2 da equipa técnica.

“Fui sondado sobre a possibilidade de treinar, a título principal, uma equipa num campeonato fora de Portugal, ao que a minha resposta foi peremtória, no sentido de ter franqueza para discutir essa possibilidade existindo o compromisso de conversar com o treinador principal Sérgio Conceição a esse reverência. Tal tópico foi conversado de forma elevada, calma e civilizada entre mim e o treinador principal Sérgio Conceição, no início desta semana. Compreendendo nascente perfeitamente as razões por mim avançadas para o assumir de uma equipa a título principal, aceitou a minha decisão – e desejou-me os maiores sucessos. Em função disso, encontro-me a julgar várias possibilidades quanto ao porvir profissional – relativamente ao qual reservo a minha liberdade de escolha, cabendo a mim em restrito a decisão sobre o mesmo”, diz.

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“Toda a demais narrativa que terceiros mal-intencionados estarão a tentar edificar e inculcar é eivada de absoluta má fé e totalmente falsa. Não passando de uma campanha orquestrada com o único e enunciado propósito de me difamar, de me caluniar, procurando por todos os meios fuzilar o meu feitio, a minha reputação e o meu bom-nome, o qual vem sendo construído há quase duas décadas no mundo do futebol. Mercê das ofensas e calúnias totalmente imerecidas de que tenho sido mira e vítima, sinto-me injustiçado, vendo a minha família perturbada e em sofrimento quotidiano e permanente, quando sei que zero fiz de incorrecto ou que possa justificar a campanha maquinada contra mim – urgindo, uma vez que tal, manifestar o meu frontal repúdio pelas ‘notícias’ que vieram agora a público e às quais nesta sede se responde (isto, sem prejuízo de, a seu tempo e caso assim o considere necessário e pertinente à resguardo da minha honra, reagir às mesmas em sede judicial)”, adiantou também Vítor Bruno na longa mensagem.

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“Por último – e aproveitando a oportunidade –, sublinho que nenhuma das ‘notícias’ surgidas nos últimos dias, alegadamente citando pessoas das minhas relações (as denominadas ‘fontes próximas’), apresentam qualquer fundo de verdade: não fiquei minimamente ressabiado (pretensamente, teria considerado esse facto uma vez que uma ‘traição’, o que não corresponde, de todo, à veras) com a condição de o treinador principal Sérgio Conceição ter renovado contrato com o FC Porto, ao invés da restante equipa técnica. Em momento qualquer, tal condição teve alguma relação com a minha decisão de seguir um caminho nobre da aludida equipa técnica – zero tendo eu que ver com o ‘lançamento’ de tais notícias, as quais são absolutamente destituídas de sentido ou fundamento”, completou o vetusto adstrito.

Pouco depois, também a família Conceição reagiu a toda a polémica. “Às vezes, ajudar as pessoas só serve para revelar a ingratidão delas”, escreveu Rodrigo Conceição, jogador com relação ao FC Porto que esteve emprestado ao Zurique. “Sempre contigo, ontem, hoje e sempre. Sempre leal aos teus princípios, leal, grato e um Varão de reverência para com o próximo. Não vale tudo para chegar ao topo. A ganância e a lazeira de poder destroem o mundo. Nós homens, seres racionais, nem sabemos a sorte que tínhamos em sermos comandados pelos animais. Seres fiáveis e amáveis”, destacou Liliana Conceição, mulher do técnico.

Os futuros capítulos podem ou não surgir nascente termo de semana mas decisões, essas, deverão estar exclusivamente reservadas para o início da próxima semana, profundeza em que Villas-Boas e Sérgio Conceição irão reunir para assestar a questão da saída do técnico do FC Porto. Para já, existe uma garantia. Vítor Bruno, não só por uma vertente técnica e de relação ao plantel para fazer a transição mas também por questões financeiras perante algumas das possibilidades vindas do estrangeiro que estavam em cima da mesa, não é exclusivamente um nome na lista do presidente portista – é “o” nome na lista do presidente portista. E, nesta tempo, o cenário menos provável é que caia das opções de Villas-Boas, faltando depois exclusivamente juntar a “sua” equipa técnica.

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