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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, avisou, em cima da hora, a maioria dos seus assessores da decisão de abandonar a corrida à reeleição, depois de 48 horas a analisar dados de sondagens que mostravam que o seu caminho para a vitória estava a fechar-se, segundo duas fontes citadas pela Reuters.
Ainda na véspera, Biden tinha dito a muitos assessores que iria continuar na campanha para derrotar o rival republicano Donald Trump em Novembro. Nas palavras de uma fonte, “a mensagem era prosseguir com tudo, a toda a velocidade”.
Depois de digerir os dados das sondagens no final do sábado, Biden mudou de ideias. Reuniu a sua equipa sénior da Casa Branca e da campanha para um telefonema pouco antes das 13h45 de domingo e, momentos depois, tornou público o seu anúncio numa carta dirigida a todos os americanos.
Uma fonte contou que os principais assessores mostraram a Biden as sondagens internas com a notícia chocante, no sábado à noite, de que ele não estava apenas a perder nos seis estados críticos que poderiam decidir a eleição, mas também a entrar em colapso em estados como Virgínia e Minnesota, onde os democratas não tinham planeado gastar grandes recursos.
Biden estava em isolamento na sua casa em Rehoboth Beach, no estado do Delaware, desde que testou positivo para a covid-19 na quarta-feira. Ainda com tosse, Biden passou a maior parte do fim-de-semana a remoer a pressão dos democratas para o obrigar a abandonar a corrida, contaram os seus assessores.
Com ele estavam os assessores de longa data Annie Tomasini, Steve Ricchetti e Mike Donilon, e um dos principais assessores da primeira-dama Jill Biden, Anthony Bernal.
Uma vez resolvida a questão, o Presidente partilhou a sua decisão durante o telefonema, lendo a carta que em breve divulgaria.
“Leu-nos a carta e quis que compreendêssemos o seu pensamento. Disse que tinha reflectido sobre o assunto nas últimas 48 horas”, afirmou um funcionário.
Imediatamente após esse telefonema, o chefe de gabinete Jeff Zients reuniu os altos funcionários da Casa Branca para os informar da decisão.
“Isto foi muito bem guardado”, disse o funcionário. “Foi uma surpresa para a maioria das pessoas da Casa Branca”.
Biden e a vice-presidente Kamala Harris já tinham conversado várias vezes durante o dia de domingo, afirmou uma pessoa que teve acesso às suas conversas.
Às 13h46 (mais cinco horas em Lisboa), Biden fez o seu anúncio bombástico.
Um partido dividido
A decisão seguiu-se ao debate desastroso que Biden teve com Trump e que levantou questões sobre a capacidade mental do presidente democrata de 81 anos.
Após o debate, Biden começou a perder terreno para Trump nos chamados “estados indecisos“, dificultando o caminho para a reeleição.
“Tornou-se difícil com a crescente oposição dentro do partido. Temos de estar unidos até Novembro. Isso foi um factor”, disse o alto funcionário da Casa Branca, ressalvando que ainda havia um apoio significativo a Biden em todo o país.
“Ainda estou a processar”, disse Marcus Mason, um delegado geral da Convenção Nacional Democrata, que será realizada em Agosto.
“O Presidente vai ficar na história como um patriota que colocou o seu país e o seu partido acima das suas próprias ambições”, acrescentou.
Biden estava particularmente irritado com a antiga presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que os conselheiros de Biden acreditavam estar a orquestrar uma campanha de pressão para que ele se demitisse.
Horas antes do anúncio, a campanha de Biden negara as informações de que ele estava a planear desistir.
“É falso. E acho que é falso continuar a tentar criar esta narrativa”, disse o director-adjunto da campanha, Quentin Fulks, ao programa O fim de semana da televisão norte-americana MSNBC na manhã de domingo.
Havia muitos sinais de que Biden estava a pensar em desistir há vários dias, com fontes a dizerem que o candidato democrata estava a fazer um exame de consciência.
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