As sondagens da Euronews prevêem uma vitória eleitoral para o PPE, um prolongamento sem precedentes para os ultraconservadores e um ligeiro aumento para os socialistas. Os dados sugerem que a formação da futura coligação governamental pode vir a revelar-se um esfinge político.
De concordância com as sondagens da Euronewsuma coisa parece certa: em seguida as eleições de 6 a 9 de junho, o Parlamento Europeu terá uma clara maioria de direita.
Aliás, as forças do campo conservador – desde o centro-direita à extrema-direita – terão de ultrapassar profundas clivagens e contradições entre si para formar uma associação funcional.
Entretanto, os grupos conservadores dificilmente conseguirão unir as suas forças numa coligação poderoso.
Os partidos socialistas têm vindo a registar um prolongamento ligeiro e regular desde há três meses, enquanto os liberais-democratas do Renew estão em declínio apressurado.
Por último, uma curiosidade mais do que um oferecido político: os únicos países onde se espera que a extrema-direita tenha um resultado insignificante são o Chipre, Luxemburgo e Mamparra.
Pedimos a Boyd Wagner, analista-chefe do Núcleo de Sondagens da Euronewspara nos ajudar a compreender melhor os resultados da nossa última Super Sondagem em nove países representativos da UE.
Euronews: Na Alemanha, a maior economia da União Europeia, os democratas-cristãos (CDU) estão a liderar as sondagens. Uma vez que é que comenta esta situação?
Wagner: O PPE (Partido Popular Europeu) vai continuar a receber o seu maior impulso da coligação alemã, do grupo teuto, da CDU e da CSU (Democratas-Cristãos da Alemanha e da Baviera, respetivamente).
Prevemos que se situem em tapume de 30%. Deverão ultrapassar o limiar dos 30% na Alemanha na próxima semana. E isso deverá ser um grande boom para o grupo do PPE.
Euronews: O partido de extrema-direita Selecção para a Alemanha (AfD) parece estar a perder qualquer do seu apelo junto do eleitorado teuto e poderá ser ultrapassado pelos sociais-democratas (SPD) porquê segundo partido. Isso deve-se aos recentes escândalos e acusações contra alguns dos seus membros de serem agentes de influência russos e às declarações de simpatia para com as SS por secção do cabeça de lista do partido ao Parlamento Europeu, Maximilian Krah?
Wagner: Na Alemanha, quando as pessoas forem votar, daqui a respeito de uma semana, o escândalo das SS terá um impacto maior. Provavelmente, será o escândalo das SS, porque os mantém fora do grupo Identidade e Democracia (de extrema-direita) do Parlamento Europeu. Portanto, só a reverberação desse escândalo vai ter um efeito em tudo o que se vai passar a longo prazo.
Euronews: Em França, a vitória esmagadora de Jordan Bardella, do União Pátrio de Marine Le Pen, é um oferecido adquirido. A corrida ao segundo lugar é disputada entre dois candidatos pró-UE, Valérie Hayer, da Renascença, e Raphaël Glucksman, do Partido Socialista. Não é verdade?
Wagner: O Partido Socialista em França está a lucrar muito terreno em relação ao Rennaisance (Renascença). Penso que essa será a sua maior preocupação para Macron e para o grupo. Penso que a Renascença não se pode dar ao luxo de tentar aproximar-se do União Pátrio neste momento; tem de se reconhecer de que se mantém num poderoso segundo lugar e não deixar que os socialistas se aproximem deles”.
Euronews: O Partido Socialista de Glucksman é uma ameaço real para a chamada “maioria presidencial”, tanto em França porquê na Europa?
Wagner: A Renascença não deve deixar que os socialistas se aproximem, porquê estão a fazer neste momento, a pouco mais de uma semana das eleições, uma vez que acompanhamos estes últimos números numa base de duas semanas. A lista de Macron está a 16,6% e os socialistas estão a pouco menos de 14%. Portanto, estamos a aproximar-nos muito, muito, muito entre estes dois partidos.
Euronews: A Itália é a outra peça importante do campo ultra-conservador de extrema-direita da UE. A primeira-ministra pós-fascista, Giorgia Meloni, ocupa a primeira posição. Nas últimas semanas, assistimos a uma aproximação cautelosa entre Meloni (o seu partido é membro da ECR) e a número um da oposição francesa, Le Pen (o seu partido é filiado no Identidade e Democracia). Acha que poderiam ser tentados a juntar forças, a gerar um novo grupo e a deixar o projeto de uma coligação conservadora “pró-Von der Leyen” (sem Le Pen)?
Wagner: Não creio que a primeira-ministra Meloni pense que essa possibilidade está morta. Se incluirmos toda a gente, e vou excluir o AfD – agora que foi excluído do grupo Identidade e Democracia – temos 60 a 65 lugares do ID e mais de 80 lugares do ECR. Juntos, tornam-se um formidável número dois – potencialmente número dois; poderiam ser maiores do que o S&D no Parlamento Europeu. E isso significaria que existe uma poderoso renque direita que precisa de ser considerada.
Será que o PPE ainda consegue trabalhar com isto? É um pouco que vão ter de considerar. E, no término de contas, o facto de ter tantos lugares à sua direita não é suficiente. Ou o PPE decide entrar numa coligação com eles ou não, ou decide formar um governo com eles.
Seja porquê for, vão ter de relatar com o poder que têm neste momento, porque está muito mais inflacionado do que estava anteriormente.
Euronews: Passemos agora a Espanha. Segundo a Super Sondagem da Euronews, o Partido Popular está a liderar ligeiramente as sondagens, seguido pelo partido socialista, PSOE. Será Espanha o último bastião dos partidos tradicionais da tradição política europeia?
Wagner: O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) era o maior partido. É o partido do governo em Espanha neste momento. Não prevemos que seja o partido vencedor. Mas não estamos a presenciar ao emergência de um partido mais à direita para ocupar esse lugar. Não estamos a presenciar à subida do Vox tanto quanto poderíamos ter pensado.
Em vez disso, está a rematar por ser uma luta entre os dois partidos do establishment, o Partido Popular e o PSOE. E, à medida que os acompanhamos neste momento, parece que vai ser o Partido Popular que vai assumir a liderança, mas ainda está perto de ser resolvido.
Fazendo uma espécie de projeção, estamos a olhar para 25 eurodeputados para o PPE, para o PP em Espanha, e estamos a olhar para somente 20 para o PSOE e o S&P. Mais uma vez, trata-se de uma situação única.
Concluindo, o grupo do PPE será constituído por alemães, polacos e espanhóis. Qual é a sua estudo deste facto?
Wagner: É muito simples que vai ser orientado pelos alemães e pelos espanhóis. E, penso que em terceiro lugar, provavelmente veremos os polacos. Penso que tem razão. O PPE vai beneficiar do facto de ser o flanco oriental da Europa.
Penso que no flanco oriental da Europa, estamos a ver muitos destes partidos mais tradicionais a reunir mais votos do que tinham antes. Por isso, penso que o PPE vai sair-se melhor nessa zona. Mas, no término de contas, não há tantos eurodeputados e lugares no Parlamento Europeu nalguns desses países. Por isso, vão ter de ser apoiados pelos espanhóis, pelos alemães e pelos polacos.
Euronews: A Roménia é outro treino interessante na arte de conceber coligações políticas. Poderá o próximo Parlamento Europeu inspirar-se na estrutura da atual coligação no poder na Roménia?
Wagner: É o que parece. Prevemos que o PPE seja o líder com tapume de 11 deputados no próximo Parlamento Europeu. Prevemos que o S&D venha logo a seguir, com nove deputados. O ECR tem sete deputados. E depois temos cinco para o grupo Renew.
Mais uma vez, o mais difícil de escoltar com a Roménia é exatamente o facto de estarem a concorrer às eleições para o parlamento pátrio.
Euronews: Quanto aos Países Baixos. Vão confirmar os resultados das recentes eleições nacionais?
Wagner: Os Países Baixos são um país interessante, porque tiveram as suas próprias batalhas internas, que têm vindo a travar há qualquer tempo, e parece que estão a chegar a algumas conclusões.
Parece-me que, muito em breve, irão confirmar o seu próprio governo. Por isso, neste momento, temos nove eurodeputados holandeses na ID, o que é certamente uma posição poderoso para a direita
Euronews: E na Bélgica? A Bélgica também vai realizar as suas eleições federais no mesmo dia das eleições europeias.
Wagner: A Bélgica é sempre um país muito difícil de identificar. Estamos a pensar onde é que nós vamos estar com os deputados do Parlamento Europeu da Bélgica. Também se vê, mais uma vez, uma poderoso subida da direita, tal porquê se vê nos Países Baixos, cá ao lado, tal porquê se vê em França, cá ao lado.
Vai ser muito muito proporcionado. Na Flandres (região de língua neerlandesa), vamos ver a maioria dos eleitores de direita. Na Valónia (região francófona), a proporção de eleitores de esquerda é maior.
Euronews: No que diz saudação à direita, na Hungria, o partido ultra-conservador Fidesz, do primeiro-ministro Viktor Orbán, lidera as sondagens, mas, pela primeira vez, um novo partido da oposição parece estar a crescer. Poderá o movimento de Péter Magyar tornar-se uma ameaço política para Orbán?
Wagner: Neste momento, o movimento tem quase 20% nas sondagens. É um número muito poderoso para um grupo que, tecnicamente, não é uma oposição unida. Há dois anos, quando a Hungria teve as suas últimas eleições parlamentares nacionais, eles concorreram porquê uma oposição unida e conseguiram obter mais de 30% dos votos, se muito me lembro. Mesmo assim, não chegaram perto de conseguir uma vitória sobre o primeiro-ministro Orban. Portanto, 20% não os vai aproximar em termos de um movimento global. Não estou a ver isso.
Continuamos a prever que o Fidesz obtenha mais de 40% dos votos na Hungria. O Fidesz manterá a sua posição de líder integral e deverá lucrar a todos. Quando olhamos para Magyar, penso que a maior secção dos seus eleitores vêm de outros partidos da antiga oposição ou de outros partidos da oposição.