Por um lado, Sebastião Bugalho considera que “não podemos ter uma discussão simplista sobre a imigração, porquê se os ilegais e os legais fossem todos iguaisporquê se estivessem todos na mesma situação, porque isso é patrocinar o populismo”. Na perspetiva do candidato ao Parlamento Europeu, que encabeça a lista da Associação Democrática, expressa na entrevista desta noite à TVI/CNN Portugal, “isso é simplificar uma discussão e penetrar a porta a que as pessoas não percebam do que é que estamos a falar”.
Por outro lado, entende que “também não podemos ter susto de falar de imigração”. E ressalvando não querer “naturalizar” o tema em justificação, fez questão de sublinhar ainda mal “os portugueses têm razões para estar insatisfeitos com a política de imigração dos últimos três Governos de António Costa”.
Questionado sobre o “porquê” dessa insatisfação, o ex-comentador respondeu que “nós temos neste momento 400 milénio processos pendentes de imigrantes em Portugal, a alongar aos 800 milénio que já cá estão”. Nesse contexto justificou: “O meu problema não é com estarem cá, o meu problema é que essas pessoas, esses 400 milénio são potenciais vítimas de redes de tráfico.”
O número indicado tem fundamento?
De facto, esta semana foi noticiado que a Escritório para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), sucessora do extinto Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), está a notificar por e-mail milhares de imigrantes que aguardam há meses pelo cartão de residente de que têm um prazo de 10 dias para pagarem uma taxa, sob pena de os respetivos processos serem anulados.
A taxa de Estudo do Título de Residência já estava em vigor, mas até agora só costumava ser paga no dia de recolha dos dados biométricos do imigrante. Esta semana a AIMA começou a exigir o pagamento da taxa num prazo supremo de 10 dias posteriormente o pedido de autorização de residência. A medida aplica-se também a quem já tinha a sintoma de interesse pênsil.
Para os cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o valor da taxa é de 56 euros, ao passo que para os imigrantes oriundos de outros países é de 388 euros.
Em resposta à SIC, a AIMA confirmou o novo procedimento em curso e justificou a medida com os 400 milénio processos pendentes. Será uma forma de os estugar.
Levante número já tinha sido reconhecido no final de abril pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em declarações ao jornal “Quotidiano de Notícias” à margem de uma reunião em Bruxelas sobre o novo Pacto de Migrações e Asilo.
“Além da atual estimativa de ter mais de 400 milénio processos em detença na AIMAque preocupa a todos, em reuniões bilaterais com alguns países recebi várias manifestações de preocupação relativamente a falhas na realização de medidas e às políticas migratórias nacionais. Havia a teoria de que Portugal era um exemplo para a Europa nesta material, mas passou de ser uma referência para manadeira de preocupação”, afirmou Leitão Amaro na profundeza.
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