A decadência da América
A fórmula química do sucesso de “The Boys” passa por ser leal a certos pontos da margem desenhada original e a modificar substancialmente outras componentes.
A série reteve a violência caricatural e humorística da obra original e até a expandiu de forma muito ambiciosa em termos de efeitos especiais. Não há uma temporada que não cubra os atores em litros e litros de sangue falso e misture cenários práticos e a computador.
As personagens são encarnadas por um elenco superlativo e carismático, em que o destaque evidente vai para Karl Urban porquê o antihéroi trágico Billu Butcher, e Antony Starr no papel do opositor principal Homelander. É nascente último que tem feito das melhores atuações em toda a televisão, nos últimos anos, já que nascente super-herói é um vilão perturbado, impiedoso, incorrigível, mas interpretado de forma minuciosa e sempre surpreendente. Erin Moriarty, Jack Quaid, Chace Crawford e Karen Fukuhara são outros dos destaques do elenco.
Não obstante, Eric Kripke soube perceber que a premissa de “The Boys” permite ir mais longe do que a mera paródia superficial a personagens de margem desenhada. Em vez de permanecer por aí, a série utiliza os super-heróis porquê um retrato dos Estados Unidos atuais, simbolizando o douto de personalidade, os bastidores do mundo do entretenimento e a subdivisão política do país.
Também terá sido uma coincidência benéfica que a série tenha estreado a meio de 2019, poucos meses depois de “Vingadores: Endgame” ter estreado nas salas de Cinema e marcado o auge dos filmes da Marvel, antes de ter ser instalado, nos últimos anos, uma fadiga das audiências perante filmes de super-heróis tradicionais.
A verdade é que “The Boys” encabeça um movimento paralelo a nascente maravilha cultural, que se dedica a desconstruir e gozar com super-heróis. Outras séries, porquê “Invincible”, revertem os clichés que associamos a figuras porquê Super-Varão, Batman, Varão-Aranha, entre outros. E, no caso de “The Boys”, a sátira vai mais longe.
Homelander, um varão loiro que passa uma imagem de força e usa a bandeira dos EUA porquê cobertura é uma metáfora evidente para Donald Trump e, ao longo das temporadas, tem proveito seguidores fanáticos que o apoiam. A última cena da terceira temporada termina com Homelander a matar uma pessoa em público, pela primeira vez, e, depois de pensar que iria ser odiado, os seus apoiantes acabam por o comemorar – uma clara referência a uma enunciação em que Donald Trump dizia que podia dar um tiro na rua a alguém e zero lhe sobrevir.
A narrativa da quarta temporada arranca com uma campanha eleitoral para as Presidenciais dos EUA, o que promete ser pavimento fértil para muito humor e sátira à volta do ato que, em novembro, vai mesmo colocar o país num momento de subida tensão política e sociocultural.