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Frei Santiago Saiz, da Ordem dos Pregadores, missionário no Timor-Leste há 11 anos, compartilha com a Rádio Vaticano-Vatican News a história da Igreja no país e a importância de continuar fortalecendo a inculturação da fé com a chegada do Papa Francisco à ilha.
João Pacheco – Não
O Papa Francisco chegou nesta segunda-feira, 9 de setembro, a Dili, capital do Timor-Leste, para confirmar na fé a população da qual mais de 90% se declaram católicos. O frade dominicano Santiago Saiz, com vasta experiência pastoral na Ásia e, nos últimos 11 anos, na comunidade timorense, destaca a importância dessa visita: “que a mensagem do Santo Padre lhes dê fé em si mesmos, em Deus e esperança em um futuro de paz”.
Qual é a história da Igreja no Timor Leste, suas características e maneira de viver a fé?
À primeira pergunta, respondo dizendo que os portugueses começaram a negociar com os timorenses em 1515 e fizeram dessa parte da ilha uma de suas colônias até 1975. Os reis portugueses designaram essa missão aos dominicanos, juntamente com outras ilhas da Indonésia, especialmente a Ilha de Flores e Solor. Eles iniciaram seu trabalho missionário em 1556 até 1832 e eram os únicos missionários na ilha. Mais tarde, vieram os salesianos, os jesuítas e os verbitas. O período mais terrível para esse povo foi de 1975 a 2002, a luta pela independência contra Portugal e a Indonésia é repleta de mortes, massacres e miséria. Os missionários e o clero local apoiaram e ajudaram o máximo que puderam nesse processo. Isso resultou na cristianização maciça da ilha. Atualmente, 95% da população se declara católica. O problema foi e continua sendo a educação religiosa e catequética deficiente. Eles são cristãos, mas mantêm o que chamam de cultura: tradições ancestrais que misturam animismo, religiosidade popular (gostam de procissões, especialmente as marianas), danças, sacrifícios de galinhas… Hoje em dia, por terem documentos oficiais, a certidão de batismo é o único e mais importante documento que possuem. Esse documento é necessário para imprimir outros documentos e para se matricular em escolas e universidades.
Como essas pessoas viveram a preparação para a visita apostólica do Papa Francisco?
A breve visita de São João Paulo II em 1989 foi providencial para esse povo. É por isso que a visita do Papa Francisco está gerando grande entusiasmo entre a população de 1.300.000 habitantes. Espera-se que mais de 600 mil pessoas acompanhem o Santo Padre na missa final. Em um país sem muita logística, isso está gerando muita ansiedade.
Todos nós estamos orando para que esse encontro seja uma grande graça para o povo. O lema está sendo explicado ao povo em um pequeno documento emitido pela conferência episcopal. Ele explica o ofício do Sucessor de Pedro como Vigário de Cristo. Em seguida, descreve a figura do Papa Francisco e seus ensinamentos ou encíclicas e, por fim, explica que o Timor tem uma história antiga de crenças e tradições que dão identidade a esse povo. Eles também reconhecem que a fé católica faz parte de sua cultura há mais de 500 anos. No entanto, ainda é necessário inculturar a fé católica, purificando as tradições que o povo tem, mas, ao mesmo tempo, fazer um processo de adaptação, aculturação à cultura do povo, para que a fé cristã não seja uma reflexão tardia.
Poderia nos falar sobre a presença dos dominicanos no Timor-Leste e seu trabalho pastoral?
Os dominicanos chegaram na época dos portugueses e, com muito sofrimento, continuam até hoje. Nós, dominicanos, chegamos no final de 2013, somos 5 padres e estamos envolvidos em uma quase-paróquia na montanha de Hatoudo, dirigindo uma escola com 600 alunos. E, há alguns anos, outros padres lecionam no Seminário Maior, são capelães e professores de Ética em uma universidade chamada DIT, e cuidamos da formação dos postulantes, tanto os nossos quanto os de outras congregações. Nos últimos dois anos, abrimos uma escola secundária em Hera.
No Timor Leste, quais são os frutos que o senhor espera que surjam dessa visita apostólica do Papa Francisco?
Espero que os frutos sejam a paz e a esperança. Esse povo muito jovem, se receber essas graças, seguirá em frente. Se não tiverem paz e não tiverem esperança de trabalho, as pessoas podem explodir. Que a mensagem do Santo Padre lhes dê fé em si mesmos, em Deus e esperança em um futuro pacífico.
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