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Neste momento em que se buscam explicações para entender a vitória de Donald Trump (razões de natureza necessariamente variada, econômica, social, política), é importante não esquecer o ecossistema comunicacional norte-americano. Temos que considerar isso, pois também molda a forma como as pessoas interpretam a realidade e fazem escolhas eleitorais.
Os meios de informação que produzem jornalismo de qualidade, ancorado em fatos e em diferentes perspectivas, continuam sendo atores importantes nesse ecossistema, mas os altíssimos níveis de desconfiança no jornalismo convencional ajudam a explicar a relevância da constelação comunicacional pró-Trump, que, como sabemos, tem um discurso feroz contra os mídia convencional.
A Fox News é o meio central desse contexto propagandístico, que inclui outros canais de notícias menores e ainda mais radicais (Newsmax e OAN), jornais tablóides variados, uma rede de rádios locais baseada em uma visão de mundo MAGA, redes sociais (ex-)convencional (como o X) e outras de nicho (Gab e Parler), sites, videocasts e podcasts conduzidos por macro e micro-influenciadores.
Com uma oferta diversificada de meios e formatos, que facilmente permite confundir quantidade de fontes de informação com diversidade de perspetivas, esta constelação reforça, em muitos americanos, a crença de que estão bem informados: o que viram num determinado meio não pode senão ser verdade, já que tantos outros afirmam algo semelhante. Todavia, este é um ecossistema de comunicação política enviesado, que se alimenta de parcelas de verdade, desinformação e teorias da conspiração, e que produz dissonâncias cognitivas coletivas em eleitores polarizados: estes aceitam apenas aquilo que confirma as suas crenças e rejeitam tudo o que as contrarie, mesmo quando confrontados com a verdade.
Neste espaço comunicacional, Donald Trump não é um criminoso aspirante a autocrata. São Kamala Harris e os democratas que constituem uma ameaça existencial para o país. São eles que abusam do poder para os seus próprios fins e que, por isso, roubaram a eleição de 2020 e continuaram a perseguir o candidato republicano de todas as maneiras possíveis, incluindo através da instrumentalização da justiça.
Face aos resultados das eleições, não é difícil antecipar tempos cada vez mais difíceis para o jornalismo nos Estados Unidos.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico
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