Março 19, 2025
Único | PÚBLICO

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Durante um jantar de trabalho, pergunta a assessora da dependência de informação que nos convidou: “Toda a gente que conhecem gosta de consumir?” Fico a pensar. Sim. Esse palato reflecte-se no modo uma vez que se cozinha, no tempo que se dedica a fazer um prato — às vezes, são cinco minutos, outras vezes, são horas —, na forma uma vez que preparamos a mesa e a ela nos sentamos. Preparem-se para uma trivialidade: a cozinha junta-nos. Congrega-nos à mesa para debatermos temas do momento; para, no silêncio, sentirmos os aromas e sabores; para recordarmos histórias antigas que são nossas porque nas contaram, mas agora somos nós a repeti-las e não os nossos avós, deixando alguns pormenores perdidos no tempo ou juntando novos, mitificando-as. A cozinha leva-nos para junto da fogueira dos primeiros dias da humanidade, para recordarmos o que nos une, para nos nutrir o corpo e a espírito.

E tudo isto não tem de suceder ao domingo ou em dias santos, em lar da avó. Pode ser todos os dias, a uma repasto, em que a família se junta para saber uma vez que estão os mais novos, uma vez que correu a escola, uma vez que se estão a preparar para os exames. A Inês Duarte de Freitas falou com três especialistas sobre o que consumir em era de exames e obter melhores resultados e, espantem-se, não é assim tão dissemelhante do que consumir no dia-a-dia — quando no dia-a-dia comemos muito! Além da sustento, há dicas para estabelecer uma rotina saudável.

Rotina essa que deve inaugurar cedo, mal são introduzidos os mantimentos sólidos na dieta do recém-nascido e se quer prolongar até tarde, quando formos velhinhos. A professora Elisabete Pinto faz várias sugestões para melhorar a sustento das crianças — entre elas, dar o exemplo e consumir em família. Já a jornalista Rita Caetano, para a revista Único, escreve sobre o que comermos para termos mais anos de vida, uma vez que, sabemos, “pela boca morre o peixe” e há muita coisa que ingerimos que, aos poucos, nos mata.

O envelhecimento não é uma doença, mas aquilo que comemos pode contribuir para adoecermos. Por exemplo, comermos muito sal não só contribui para a tensão subida uma vez que pode ser prejudicial para os nossos intestinos. Alguns cientistas descobriram que as dietas ricas em sódio podem ter um impacto prejudicial no microbioma intestinal, “a comunidade de triliões de bactérias, vírus e outros micróbios que vivem nos nossos intestinos”, escreve o jornalista norte-americano Anahad O’Connor, do O Washington Post. E por falar em intestinos, o jejum intermitente é mais eficiente a melhorar a saúde intestinal e o controlo do peso do que a restrição calórica, segundo um estudo realizado em vários centros de investigação norte-americanos.

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Também é provável morrer por consumo de mantimentos contaminados, alerta a professora Paula Teixeira, que escreve sobre práticas seguras de produção, manipulação e consumo de mantimentos, fazendo referência a algumas tendências na sustento que podem ser prejudiciais à saúde. Já a nutricionista Ana Leonor Perdigão reflecte sobre os mantimentos de origem vegetal uma vez que substitutos dos de origem bicho.

O brasílico Folha de S. Paulocom quem o PÚBLICO tem uma parceria, tem um blogue sobre transtornos alimentares, uma vez que a fastio, a bulimia e outros. Labareda-se Não tem Cabimento e publiquei um texto de Ana Carolina D. (as autoras optaram pelo anonimato) sobre a sua história pessoal. Uma vez que aos quatro anos descobriu que era gorda, e quem lho disse foi uma pessoa que devia amá-la e protegê-la, o pai. Cresceu a sentir-se indesejada a fazer tudo para perder peso. A comida tem também esse impacto no nosso corpo, também nos cataloga — o que é normal?

No final de Maio, no Alabama, EUA, num concurso de “misses”, que não é aquele que leva uma jovem ao Miss América, Sarah Milliken, de 23 anos e obesa, conquistou o primeiro lugar e foi arrasada nas redes sociais por não ser um exemplo de saúde e estar a promover hábitos de vida pouco saudáveis. A jovem conta uma vez que sofreu (e sofre) de assédio moral e de cyberbullying —​ a psicóloga Vera Ramalho escreve sobre a violência em contexto escolar —, ​justificando porque participou no concurso, para se sentir formosa e aceite.

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A “polémica” chegou cá no final desta semana e nas minhas redes sociais vi a partilha de uma retrato, alegadamente do concurso Miss Polónia, em que se vêem jovens mulheres altas, magras, brancas e louras. É perguntado “notam algo diferente?” e as respostas variam entre “são todas mulheres”, numa sátira aos concursos de formosura onde quem conquista a grinalda é transgénero; “representam o povo polaco e não minorias”, por oposição a vencedoras de outras etnias; “zero de ‘formosura real'”, numa referência à campanha que a Dove começou há 20 anos, sobre a qual escrevemos e pela qual recebemos uma chamada de atenção do Provedor do Leitor do PÚBLICO.

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Na minha resposta ao provedor fiz referência a um leitor que enviou uma mensagem a proferir uma vez que estas campanhas são importantes porque tem uma filha juvenil (sabem que há jovens que preferem ver-se com os filtros dos telemóveis do que a imagem que o espelho reflecte — e os pais têm de as contrariar, e a sociedade tem de as contrariar). Ontem, depois a publicação do texto do provedor, recebi mensagens de leitores e de colegas da redacção que me diziam que o trabalho que o Único faz é, diz uma dessas mensagens, “muito importante na questão da auto-imagem das mulheres e meninas. Avante!”.

A formosura, tal uma vez que a sustento, não são questões luzsão sérias porque podem fugir os nossos alicerces, a nossa saúde física e mental, porque podem martirizar-nos todas as manhãs, de cada vez que nos vemos ao espelho e observamos que não correspondemos ao ideal da mulher subida e loura do meio da Europa. Até a Barbie mudou as suas medidas, tons de pele e tipo de cabelo para chegar a todas as crianças porque somos todas diferentes e temos de continuar a batalhar para sermos todas aceites. Uma vez que diz a vencedora do concurso do Alabama, numa mensagem a todos os que a criticaram: “Sejam amáveis.”

Boa semana!

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