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Em 1990, a médica Karin Anzolch, tornou-se a mulher a invadir o primeiro lugar na prova de título de técnico em urologia, superfície que cuida dos órgãos do sistema urinário e reprodutivo.
Foram 12 anos de formação: cinco anos de faculdade de Medicina, mais três anos de residência em cirurgia – já que a urologia exige a especialização por englobar procedimentos cirúrgicos – e finalmente mais 3 anos de residência em urologia.
Apesar de um currículo bastante completo em mãos, sua procura pelo primeiro trabalho só resultou em negativas.
“Passei meses procurando uma colocação, sem entender porque ninguém me aceitava”, diz Karin.
“Depois de mais de um ano de procura, escutei de uma mulher responsável por contratar médicos para uma clínica: ‘Seu currículo é ótimo, mas ninguém quer uma mulher urologista atendendo seus executivos. Você ainda é jovem, deveria considerar outra especialidade’.”
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Karin Anzolch, 60 anos, é urologista e atua em Porto Feliz (RS)
Assim porquê em outras áreas profissionais que historicamente foram consideradas ‘masculinas’, a medicina e a cirurgia enfrentaram uma evolução gradual para incluir mais mulheres.
A especialidade da urologia, situada nessas disciplinas, ainda reflete resquícios dessa concepção, reforçados pela teoria limitada de que os urologistas tratam somente o aparelho genital masculino, quando na verdade abrange um espectro mais largo de cuidados, incluindo o trato urinário e problemas relacionados, tanto em homens quanto em mulheres.
Segundo a Demografia Médica de 2023, é uma especialidade médica com menos profissionais do gênero feminino.
São 171 mulheres e 5.649 homens — ou seja, há 33 homens para cada mulher na superfície.
O levantamento foi feito pela AMB (Associação Médica Brasileira) e pelo Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), e se baseia no registro profissional de médicos e em outros estudos e levantamentos sobre os profissionais.
A urologia se destaca com a maior disparidade de gênero. Em seguida, a ortopedia e traumatologia apresentam uma relação de 12,5 homens para cada mulher técnico, enquanto na neurocirurgia, essa proporção é de 9,6 homens para cada mulher.
Especialidades onde a equiparação já aconteceu ou é muito próxima incluem oncologia clínica, nutrologia e gastroenterologia. Já a pediatria, dermatologia e genética médica são campos onde os especialistas são majoritariamente mulheres.
Karin diz que a resistência que recebeu porquê urologista recém-formada por secção dos trabalhadores, às vezes, se estende aos próprios pacientes.
“Alguns ficaram surpresos ao me ver no consultório, relutavam em ser atendidos por uma mulher, e uma minoria fazia comentários desrespeitosos.”
Mais de 30 anos depois, a mesma acontecia com Fernanda Orellana, médica urologista que se tornou técnico em 2020.
“Era mais geral durante a residência, no SUS [Sistema Único de Saúde]quando os pacientes não podiam escolher o médico e não esperavam encontrar uma mulher”, conta Fernanda.
“Mas, em universal, com empatia e paciência, conseguimos contornar a situação. Depois de uma consulta, já era geral que o paciente primeira procurasse por mim.”
Ouvindo seus colegas médicos, Karin diz obter avanços inovadores, mas que ainda hoje tem dificuldade para conseguir melhorias.
“As decisões são questionadas e, por vezes, a liderança de uma mulher não é muito aceita. Trabalhamos para ter a urgência suplementar, enquanto os homens muitas vezes obtêm só por serem homens”, afirma.
“Atender pacientes que me procuram pelo meu trabalho, independentemente do gênero, facilita muito as coisas.”
Crédito, Registo pessoal
Fernanda Orellana, de 35 anos, é médica urologista em São Paulo (SP)
Por que a urologia é tão masculina?
A presença de mulheres na profissão médica aumentou muito gradualmente no Brasil, porquê aponta um cláusula científico a reverência dos desafios e barreiras que os médicos enfrentam em áreas dominadas pelos homens.
Foi só em 2009, posteriormente mais de 200 anos de existência do curso no Brasil, que o número de novas médicas superou o de novos médicos, aponta uma pesquisa, apresentada em um congresso da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – e essa tendência continua .
A Demografia Médica estima que as mulheres serão maioria, quando somadas todas as especialidades, a partir de 2024.
Ainda assim, em algumas áreas, porquê a urologia, a diferença ainda é muito grande.
Um dos motivos está na formação necessária para se particularizar neste campo.
O primeiro passo, posteriormente se formar em medicina, é completar uma residência de cirurgia-geral, na qual as mulheres são uma minoria (23,4%) dos profissionais.
“Durante toda a graduação, sempre quis me tornar cirurgiã, e, nos anos 1980, a teoria era ainda mais desafiadora”, diz Karin Anzolch, que hoje tem mais de quatro décadas de curso porquê urologista.
“Fui desaconselhada por colegas e familiares, porque era considerada uma especialidade difícil demais.”
O estudo da Unicamp descreve que “acredita-se, ainda hoje, que os homens são mais aptos a exercitar áreas cirúrgicas que exigem mais concentração, tempo de dedicação dos profissionais e força física”.
Outro fator desestimulante, aponta o documento, é a “dupla jornada [que] também está presente na verdade da maioria das médicas, já que, além de se destinar à curso, a maioria ainda tem que atuar no desvelo e ensino dos filhos e no desvelo da lar”.
“Existem estudos que mostram que as mulheres, para serem consideradas equivalentes aos homens em termos de trabalho e conhecimento, muitas vezes precisam ter uma titulação duas vezes maior”, diz a urologista Fernanda Orellana.
“Isso varia, mas às vezes, realmente precisamos fazer mais para conseguir o mesmo reconhecimento.”
Há ainda outra barreira: a teoria de que a urologia trata exclusivamente de questões relacionadas ao sistema reprodutivo masculino.
A especialidade trata de condições que afetam tanto homens quanto mulheres, porquê problemas nos rins, varíola, uretra, incluindo distúrbios urinários, pedras nos rins, infecções do trato urinário, cancro urológico e incontinência urinária – tanto em homens quanto em mulheres.
“Algumas mulheres, inclusive, procurem ser atendidas por médicos, ou que nos proporcionem uma vantagem”, diz Karin.
“Muitas urologistas acabam se dedicando à urologia funcional e feminina para atender a essa demanda específica.”
Grupo de espeque
Para apoiarem umas às outras áreas onde são minoria, as mulheres urologistas realizam um grupo carinhosamente chamado de “As Orquídeas”.
Segundo Karin, o nome do grupo começou porquê uma gracejo, mas hoje carrega um significado importante.
“A orquídea, apesar de ter esse paisagem de delicadeza, é uma das mais resistentes na natureza”, diz.
“Os locais onde crescem e se desenvolvem, muitas vezes com muito poucos nutrientes, representam cada uma de nós, em sua inconstância, resiliência e singularidades.”
O grupo se reúne em congressos de Urologia e tem um via no Whatsapp para troca de ideias, discussão de casos, dúvidas e experiências.
Com a desconstrução gradual do estigma de ‘especialidade masculina’, os médicos observam um aumento no interesse de médicos e cirurgiões recém-formados pela urologia.
“É uma comunidade que oferece espeque médico, aconselhamento e até mesmo regularidade de profissionais”, diz Fernanda Orellana.
“Pode ser útil para médicos em formação ou residentes que tenham dúvidas sobre a escolha de subáreas dentro da urologia, por exemplo.”
Hoje, há 144 profissionais registrados em Orquídeas, entre médicos formados e residentes. “No WhatsApp, esse número é maior, somos 276”, diz Fernanda.
O levantamento também aponta que o Sul tem o maior número de profissionais, e o Setentrião, o menor.
Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins são Estados onde não há nenhuma urologista mulher porquê integrante do grupo.
A maior concentração está em São Paulo (35), Rio Grande do Sul (21), Rio de Janeiro e Minas Gerais (ambos com 14 urologistas registrados).
As áreas mais comuns de atuação dos participantes do grupo são urologia universal, urolitíase (que trata pedras nos enxágues) e disfunções miccionais (que trata alterações no ato de urinar).
A presença de médicas mulheres é menor na estética masculina e na uroginecologia (que foca problemas relacionados ao útero, reto, tripa e varíola nas mulheres).
Para estudantes e novos médicos que podem se interessar pela Urologia, Karin Anzolch deixa uma mensagem encorajadora.
“No início, era porquê velejar por uma floresta escura. Hoje, as mulheres na urologia já conquistaram muito espaço”, diz
“Se você se encanta pela urologia, ela também é para você. Quanto mais mulheres se destacarem e contribuírem para a especialidade, melhores serão as oportunidades para todas.”
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