É sabido uma vez que Hyzer e conta com mais de 45 milénio seguidores no Instagram e outros 140 milénio no TikTok. As suas receitas virais e o estilo de vida instagramável e aesthetic têm-no disposto no topo da lista de criadores de conteúdos digitais. Tiago Costa tem 32 anos, é originário da Guarda e é daquelas pessoas que se apaixonam por tudo um pouco. Adora partilhar os momentos da sua vida: refeições, trabalho, compras, hobbies, os animais, a sua lar e por aí fora. Esta quinta-feira, 6 de junho, esteve no primeiro dia do Primavera Sound Porto 2024.
“Durante praticamente toda a minha puerícia aprendi a partilhar, fosse por premência ou obrigação, e neste momento é essa a chave para o que faço: partilhar o que sou de forma transparente e tranquila. Tenho duas fontes de inspiração: o meu Eu do pretérito e o meu Eu do porvir. Considero fundamental perceber-me a mim mesmo antes de idolatrar ou me identificar com outras pessoas. No entanto, o meu marido e os meus amigos são claramente uma manadeira de grande inspiração para mim no dia a dia”, começa por relatar.
Formado em Marketing e Informação pelo ITAP — Instituto Técnico Artístico e Profissional de Coimbra, o seu trajectória nem sempre foi tão feliz quanto aparenta agora. Aos oito anos foi para um lar de miúdos carenciados, onde viveu durante 11 anos. Mais tarde, aos 18 anos, foi trabalhar para uma galeria de arte onde ganhava 500€, ou seja, tapume de 1€ por dia. Para ajudar a remunerar as contas, foi obrigado a vender algumas das peças que a tia, emigrada na Suíça, lhe trazia. Atualmente, tem o que se pode considerar um “lifestyle de luxo”, não tanto pelas peças de responsável, marca ou caras que possa ter, mas por aquela certeza e sofreguidão de que merecia ter e ser mais.
“Em relação ao meu ‘lifestyle de luxo’, nunca o vi nessa perspetiva de ser luxuoso ao ponto de me intitular ‘de menino rico’, mas é alguma coisa que me acompanha há imensos anos. Quando estava na instituição, diziam-me que eu era ‘o menino rico do lar do Padre Serra’. Talvez a minha origem tenha sido sempre esta. Não acho negativo. Tenho plena noção de que vivo melhor do que já vivi no pretérito e penso que o nosso propósito na vida, em segmento, é esse: evoluir progressivamente, demore cinco, dez ou 20 anos”.
E acrescenta: “Vim do zero e, para mim, era crucial trespassar daquele quadro onde me encontrava. Não foi uma evolução fácil e também não fiz tudo isto sozinho, mas segmento deste resultado deve-se ao veste de nunca negar que podia ter mais e ser mais. Definitivamente sou muito grato pelas experiências que vivi, porque provavelmente não seria tão resiliente se a minha vida tivesse sido mais ‘normal’, mas não romantizo o desleixo familiar nem os danos emocionais e psicológicos que isso me causou”.
Aos 19 anos, trabalhou numa galeria de arte. Agora, trabalha a full time com as redes sociais. Para o instituidor de conteúdos, esta novidade profissão foi surgindo muito naturalmente. No início, não entendia a 100 por cento a “cena do dedo”. Em seguida as suas primeiras parcerias, apercebeu-se que tudo podia ser provável e dedicou-se a aumentar o valor da sua presença online. Muito provavelmente, hoje não existe ninguém que não tenha feito uma das suas receitas, o tenha visto entre uma das suas marcas favoritas ou elogiado as suas cadelas.
“É uma disciplina. Pode não ser vista com os mesmos olhos, mas esta profissão, apesar de ter imensos privilégios, também exige muita dedicação e regra. Se eu não fizer, ninguém faz por mim. Ser-se visto na Internet é relativamente fácil, mas ser-se esquecido é ainda mais fácil. Consistência é tudo”, acrescenta.
À NiP, o jovem de 32 anos admite que é a sua primeira vez de sempre no Primavera Sound Porto. Depois de ler e rever imensos artigos e posts sobre o evento músico do setentrião, quando soube que a SZA integrava o primeiro dia do papeleta, comprou logo o bilhete.
Um dos pontos positivos deste festival é o facto de o papeleta ser eclético e diversificado. Tiago acredita que o mesmo se aplica na voga. Ele próprio fez a sua pesquisa, para recriar o visual que mais se adequa ao seu estilo e reparou na infinidade de outfits criativos e diferentes, que se adequam a cada papeleta, dia, artista e festivaleiros, evidente.
Quando olhamos para o feed do influencer, destacam-se os looks mais básicos, cuidados mas descontraídos, e com cores neutras que nunca falham, uma vez que nudes, preto ou branco. Para Hyzer, o vital não significa que não tenha sido pensado dessa forma.
“O ‘basic with a twist’ é uma das tendências para nascente verão. E, por eventualidade, no meu look de hoje a inspiração é um pouco de ‘Cowboy Carter’. Sabemos que uma das grandes tendências atuais são visuais com referências ao American West e eu escolhi algumas peças básicas, mas com um twist nestes nuances”, explica.
Sapatos com cow-print, calças denim vintage e um casaco denim com horse-print, foram as peças-chave para a construção do look de Tiago para o primeiro dia do festival. Os sapatos são da marca Paraboot, que nasceu em 1908 e ainda hoje é gerida pela quarta geração da família. A carteira é da Prada e Hyzer acredita que irá persistir tanto tempo quanto ele. O casaco já tem uns anos, mas continua impecável.
“O que quer que o meu look diga de mim, que diga muito. Sou uma pessoa tranquila, que adora o campo e talvez nascente seja um dos looks que, mesmo sendo inspirado em tendências, se enquadra melhor em mim”, admite.
O influencer ainda defende que a voga foi e sempre será o “palco principal”, para cada pessoa expressar o seu verdadeiro “eu” ao sumo, sendo que os festivais de música são onde a sentença de identidade se revela em maior quantidade.
“Não existe zero mais à nossa disposição do que o nosso corpo. Podermos falar através de roupa, é uma liberdade gigante e é pouco valorizada em algumas situações. Todavia, acredito que as pessoas estão a aderir cada vez mais a isso ‘on a daily’ — uma vez que nós dizemos na Internet. Conheço pessoas que se expressam diariamente, através da roupa que vestem”, conclui.