Leiria recebe esta semana a última edição da Taça da Liga num formato onde todos os clubes das competições profissionais têm lugar. A partir da próxima temporada, somente oito emblemas disputarão a prova, os seis primeiros classificados da Primeira Liga e os dois primeiros classificados da Segunda Liga, diminuindo o formato a somente uma eliminatória antes da Final Four.
Nascente novo formato pretende prometer aquele que é o momento comercialmente mais viável, com a presença das equipas mais apetecíveis, facilitando a forma inequívoca da Taça da Liga a uma oportunidade de recolha de financiamento para os clubes profissionais. Para mais, nesse novo formato, a possibilidade de uma Final Four ser disputada fora do território vernáculo é vista com potente contentamento pela atual direção da Liga Portugal.
A procura de «novos fóruns públicos» do país tem perpetuidade, na tendência das principais Ligas Europeias, ao estabelecimento de parcerias no Médio Oriente que permitam o aligeirar da componente financeira ao horripilação da componente humana. Ou seja, entende-se porquê «novo público» a ingressão de moeda, não propriamente o aumento do número de adeptos.
«A possibilidade de uma Final Four ser disputada fora do território vernáculo é vista com potente contentamento pela atual direção da Liga Portugal.»
Mercados porquê o Qatar ou a Arábia Saudita, com as suas políticas de utilização do desporto porquê elemento de impacto mediático, tornando os países mais falados pela sua capacidade de comprar parcerias com grandes nomes do desporto do que pela forma porquê os direitos humanos são respeitados nos territórios, se tornaram apetecíveis, porque convivem com a teoria de um fluxo de capital sem limites.
A realização de outras competições na Arábia Saudita, candidato número um a organizar a próxima Final Four da Taça da Liga, tem demonstrado quais os problemas desta opção. A equipa do Atlético de Madrid, na meia-final da Supertaça Espanhola, teve menos de dez adeptos presentes. Os jogos da Supertaça Italiana foram disputados perante bancadas vazias. Os adeptos que fizeram a viagem até o país foram adultos a não se manifestarem e a conterem os seus atos públicos, tendo em conta as limitações ali impostas às liberdades.
Por outro lado, levante movimento de organização de provas em territórios longínquos, onde não há nenhuma tradição de relação aos clubes, é mais uma potente machadada na teoria do futebol porquê um tanto que cresce dentro de uma comunidade e se desenvolve. No fundo, retira aos clubes qualquer relação com os seus adeptos mais próximos, depois de os ter tornado clientes, para os transformar em elementos dispensáveis perante outras fontes de rendimento.
A sobrevivência do prosélito está em pretexto neste quadro de pensamento. Porque a forma porquê a mediação entre clubes e adeptos vem sendo feita, cada vez mais via televisão e redes sociais, transporta-os para um ponto de confrontação com outras fontes mais imediatas de moeda. O caminho defendido pela Liga Portugal nesta competição, que sempre teve dificuldade para se impor no imaginário do prosélito português, vem exacerbar de forma radical essa tendência.