A FIGURA: Rafa Mújica
«Tantas vezes vai o cântaro à manancial, que um dia se quebra», diz o povo e com razão. Esta poderia ser uma curta-metragem sobre o primeiro gol de Mújica. Depois de ser recusado pelo guardião Andrew, por duas vezes, o avançado de 25 anos aproveitou as classificações de Cristo González para toscanejar e aquecer os ânimos dos corajosos que enfrentaram o insensível de Arouca. Era unicamente o início de uma noite sublime.
O avançado abriu 2.ª secção com a oferta do gol a Cristo, que rematou progressivamente ao lado. Esta dupla espanhola tem um faro privado para o golo, um sentido de posicionamento inteligente, mas diante de o Gil Vicente, Mújica foi a mesma estrela.
Capitalizou uma esfera mortiça à boca da marca e agradeceu um passe inexacto quando os visitantes estavam acampados na espaço arouquense. Veloz, por norma mortal, e versátil. Mújica já não pode ser chamado de jovem promessa – porque hoje em dia 25 anos é a novidade “meia idade” do mercado do futebol – mas tem oferecido nas vistas. Talvez caminhe para um patamar supra na Liga.
O MOMENTO: penalti envenenado
O relógio marcava 38 minutos, quando Pedro Tiba desperdiçou a oportunidade de inaugurar o marcador. Nessa profundeza, e apesar dos contra-ataques do Arouca, foi o Gil Vicente que dominou as ofensivas de construção e as entradas na espaço contrária. O eventual golo gilista surpreenderia unicamente os distraídos.
Falhada esta oportunidade, nem Tiba, nem os galos, foram tranquilos no resto do encontro. Surgiu o gol de Mújica, os visitantes correram detrás do prejuízo, subiram no terreno e erraram passes cruciais, porquê naquele que antecedeu o 3-0.
OUTROS DESTAQUES
Cristo González
Além de ver o 1-0, o espanhol teve uma clara oportunidade de gol, ao terebrar a 2.ª secção. Foi um dos principais elos na construção do Arouca, sobretudo de fora para dentro, mas esta noite de pólvora seca. No momento de trespassar da partida espelhou frustração, alguma coisa que o técnico Daniel Sousa deverá aproveitar para que o avançado volte a faturar em breve.
Félix Correia e Murilo
Os extremos do Gil Vicente foram perigosos até ao pausa, com jogadas pragmáticas, rápidas, de fora para dentro e que visaram a marca bastante. Porém, no volta dos balneários, desapareceram. Ora valor da resguardo potente, ora o sintoma de que Vítor Campelos precisa de alternativas para jogar por dentro.
Fujimoto
Cinco minutos bastaram para o nipónico provar que a melhor versão dos gilistas será com o nipónico em campo. À sua imagem, veloz e desconcertante, quase marcou à ingressão dos últimos 15 minutos. Não há indicação de que Fujimoto será lesionado e esta diferença no onze foi surpreendente. Importa, todavia, ressalvar que Dominguez teve uma prestação importante, até ao pausa, na distribuição de jogo. Em suma, o perfume de Fujimoto fez falta em Arouca.
Grave a história da partida, cá.