Os antigos primeiros-ministros José Manuel Durão Barroso, José Sócrates e Pedro Passos Coelho são esta terça-feira ouvidos no julgamento do caso EDP na qualidade de testemunhas. O julgamento prossegue no Raciocínio Médio Criminal de Lisboa, com a audição dos três antigos governantes agendada para a sessão desta terça-feira, entre outras testemunhas.
José Sócrates já se candidatou a prestar declarações no contexto deste processo, mas fora da sala do tribunal, desmentindo em enviado as declarações de José Maria Ricciardi, idoso presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI).
Quando foi ouvido em tribunal José Maria Ricciardi afirmou que era o ex-banqueiro do BES e também arguido no processo Ricardo Salso que influenciou o idoso primeiro-ministro a levar Manuel Pinho para o seu Governo em 2005.
Ouvido uma vez que testemunha do julgamento do caso EDP, o idoso gestor do BES José Maria Ricciardi revelou que Salso disse que tinha estado na origem da ida de Pinho para o executivo, garantindo que o ex-presidente do GES tinha “uma relação íntima” com Sócrates.
“Mais tarde comunicou-me pessoalmente a mim que ele, Ricardo Salso, tinha tido interferência na ida dele [Manuel Pinho] para o Governo”, disse Ricciardi, primo de Ricardo Salso, acrescentando que “[Quem exerceu influência] foi Ricardo Salso sobre o [então] primeiro-ministro, José Sócrates… Para ministro da Economia”.
Sócrates acusou Ricciardi de mentir e “repetir a mesma patranha” de Ricardo Salso o influenciou a convocar Manuel Pinho para ministro da Economia. Numa enunciação à dependência Lusa, Sócrates alegou que foi o hodierno primeiro-ministro, António Costa, que convidou Manuel Pinho, antes de ter proveito as eleições, pelo PS, em 2005.
O idoso ministro da Economia (entre 2005 e 2009) Manuel Pinho, que se encontra em prisão domiciliária desde Dezembro de 2021, responde em julgamento por um transgressão de devassidão passiva para acto ilícito, outro de devassidão passiva, um transgressão de branqueamento de capitais e um transgressão de fraude fiscal.
A sua mulher, Alexandra Pinho, será julgada por um transgressão de branqueamento e outro de fraude fiscal — em co-autoria material com o marido —, enquanto o idoso presidente do BES, Ricardo Salso, vai a julgamento por um transgressão de devassidão activa para atco ilícito, um transgressão de devassidão ativa e outro de branqueamento de capitais.
Inicialmente ligada à gestão da empresa eléctrica e aos alegados favores, a investigação organizada em 2012 por culpa dos Custos de Manutenção do Estabilidade Contratual (CMEC).
Em culpa houve suspeitas de devassidão e participação económica em negócio por secção dos antigos administradores António Mexia e Manso Neto para a manutenção do contrato das rendas excessivas, no qual, segundo o Ministério Público (MP), envolveu o ex-ministro Manuel Pinho. No entanto, o MP acabou por separar em Dezembro de 2022 os processos, ao centrar-se por agora nas suspeitas de devassidão e branqueamento de capitais com moeda provenientes do Grupo Espírito Santo (GES) relativamente a Manuel Pinho, Alexandra Pinho e Ricardo Salso.