Março 24, 2025
Domingo de Ramos: o dia em que me tornei gay

Domingo de Ramos: o dia em que me tornei gay

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A reflexão de hoje é da colaboradora convidada Flora x. Espiga. Flora é doutoranda em teologia e estudos para a tranquilidade na Universidade de Notre Dame. Ela é originalmente de Pequim, China e agora mora em South Bend, Indiana.

As leituras litúrgicas do Domingo de Ramos podem ser encontradas cá.

Seis anos detrás, enquanto liderava uma procissão de lisura do Domingo de Ramos, do exterior da minha igreja até o altar, me tornei estranho.

Ou uma maneira melhor de colocar isso seria que eu decidi que esta procissão litúrgica maximalista do Domingo de Ramos seria o dia de sarau mais adequado que eu poderia escolher para comemorar todos os anos porquê meu “natalício de debutante”. Com meus lábios cantando o familiar Hosana Filio David hino e minha mão direita agitando preguiçosamente um ramo de palmeira, eu disse a mim mesmo – e talvez também disse a Deus – que sim, sou gay e que sim, sou querido.

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Durante vários anos antes de me assumir, a experiência de admitir a minha sexualidade foi um processo lento e referto de reza de introspecção e recato. Ao contrário de porquê os filmes sobre gays podem retratar a experiência de se assumir (deixa Com paixão, Simão), oriente nunca foi um momento evidente e luminoso de perceber minha sexualidade com certeza imediata.

Mas se perceber que eu era gay foi um processo confuso e demorado, a teoria de “me assumir” foi ainda mais. Tanto nos espaços católicos porquê fora dele, “assumir-me” porquê queer parecia menos com uma enunciação verbal de minha sexualidade para o mundo inteiro de uma vez por todas, e mais com o uso de uma combinação de dicas e sugestões sutis para indicar minha estranheza para aqueles que eu percebia porquê afirmadores. , e para proteger partes estranhas de mim mesmo daqueles que talvez não o sejam. Viver porquê uma pessoa queer significa velejar diariamente por essas incertezas e sutilezas sem termo.

Esta dinâmica foi talvez a razão pela qual a escolha de um dos dias mais distintamente gloriosos e liturgicamente extravagantes do ano litúrgico porquê o dia para comemorar a minha saída do armário pareceu apropriada: no Domingo de Ramos, lemos o evangelho da ingressão gloriosa de Jesus em Jerusalém e da sua morte final. na cruz. No Domingo de Ramos, proclamamos que Deus nos patroa, até ao ponto da sua própria morte. Quando, no Domingo de Ramos, assumi o compromisso de mim mesmo e de Deus, tive certeza — e descansei confortavelmente nessa certeza — de que Deus me patroa pelo que sou, porque ele morreu por mim.

Mas a leitura do Evangelho de hoje, que oriente ano litúrgico é do Evangelho de Marcos, conta uma narrativa onde Jesus – tendo pretérito a maior secção deste Evangelho escondendo da sua comunidade a sua identidade porquê Messias – revela-se porquê o Messias, e é logo morto pelo autoridades romanas por razão desta revelação escandalosa. Sua “revelação” resulta em violência.

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Porquê estudante comprometido com a não-violência e a tranquilidade, esta perspectiva tornou a minha relação com o Domingo de Ramos cada vez mais incerta. Se todos são chamados a seguir Jesus em sua vida e morte abnegada, seremos nós, porquê católicos queer, também chamados a uma vida de sofrimento, ostracismo e talvez até morte porque escolhemos revelar quem somos? Devemos nós, porquê repetiram muitos ensinamentos católicos sobre género e sexualidade, “abraçar as nossas próprias cruzes?” Ou somos sempre chamados, porquê sugerem as narrativas homossexuais dominantes nos EUA, a estar sempre dispostos a assumir-nos porquê homossexuais, independentemente dos possíveis riscos ou perigos que possamos enfrentar porquê resultado?

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Eu adoraria responder um sonoro “NÃO” a todas essas perguntas e proferir a todos os que duvidam que são amados sem qualquer incerteza. Mas as histórias dos evangelhos do Domingo de Ramos e da Semana Santa – e porquê as pessoas têm interpretado estes evangelhos durante séculos – são difíceis de oferecer uma asseveração simples e esclarecedora.

Por exemplo, ainda não sei por que, num mundo já referto de tanta violência, a auto-revelação amorosa de Deus e a morte na cruz marcam uma das semanas mais sagradas da nossa tradição católica. Professo pela fé – mas ainda não sei verdadeiramente – se o sofrimento e a morte de Jesus são realmente alguma coisa que devemos sempre imitar. Num mundo já repleto de matanças e mortes injustas de pessoas marginalizadas, não sei porque é que a violência e a morte são colocadas num pedestal de santidade na nossa tradição de fé, ou porque é que os católicos queer são sempre chamados a abraçar as suas próprias cruzes de ego. -renúncia.

Não sei, e mais importante, escolho não crer, que a desinteresse e o longo sofrimento sejam as únicas maneiras de viver uma vida de paixão semelhante ao de Cristo. Em vez disso, libido rezar por segurança, pela vida, por companheirismo, por alegria e pelo florescimento de todos os meus irmãos queer e trans. Rezo por um mundo onde as crianças queer não morram. E rezo por um mundo onde as mortes sejam lamentadas em vez de glorificadas.

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Eu me tornei bicha no Domingo de Ramos por razão da proclamação retumbante da narrativa da Paixão do paixão incessante de Deus por mim, até a morte. A certeza de um Jesus que morreu por mim me ofereceu consolo em uma era em que minha experiência queer e meu horizonte queer eram obscuros e confusos. Não tenho mais tanta certeza se a imagem de um Deus-Fruto encarnado que morreu na cruz pode continuar a dar a mim e a outras pessoas queer esperança e conforto em uma igreja e num mundo violento e anti-queer.

Mas minha comemoração anual deste Domingo de Ramos, quase dia de sarau de saída do armário (e toda a estranha alegria em minha própria vida que se seguiu àquele dia, seis anos detrás) me dá um motivo para continuar tentando e continuar esperando.

Flora x. Tang, 24 de março de 2024

Fonte

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