No Observador, em declarações à rádio esta manhã, o vice-presidente do Chega António Tânger Correia esclareceu que o partido não vai se associar ao PS para fazer desabar o governo que José Manuel Bolieiro irá formar nos Açores.
“Obviamente que o nosso ADN nunca estará coligado com o PS. Nunca na vida o Chega se associará ao PS, seja para fazer desabar o governo do PSD, seja para outro tipo de iniciativas que consideramos relevantes ao interesse daqueles que votaram nestas eleições e que claramente rejeitaram o governo socialista”. E garante mesmo que isso “nunca” acontecerá nesta legislatura: “O Chega nunca será associado ao PS, nem nos Açores nem no continente, porque o nosso principal objectivo é dessocializar o país”.
“Estamos preparados para estribar o PSD naquilo que acharmos que é bom para os cidadãos. Não temos zero à partida contra. Agora, se o PSD quiser ostracizar o Chega e marcar linhas vermelhas… o problema é do PSD, não é nosso”, prossegue. “Nós estamos dispostos a colaborar para uma boa gestão quer a nível regional, quer a nível pátrio”. Mesmo sem integrar esses governos? “Isso é negociável”, diz. “A nível pátrio estamos desejosos de falar com os responsáveis do PSD”.
Para já, “é cedo” explicar que forma poderá assumir esses diálogos, esperando primeiro que o PSD diga “uma vez que vai fazer”, diz. “Não somos nós que vamos expressar ao PSD a forma de governar a região”. A recusa que seja um recuo em relação ao que André Ventura já tinha dito, garantindo agora que a postura do Chega sempre foi a de ser um partido “dialogante”.
As explicações entram em incoerência com o que o líder do Chega nos Açores, José Pacheco, tinha prometido, e que envolvia uma garantia intransigente de que o partido teria de entrar num porvir governo para o viabilizar: “Não venham cá com histórias que vão- nos dar essa secretaria ou aquela. O Chega é que escolhe, o Chega é que diz o que é que quer. Não queremos, fazer-se caminho, se faz obséquio, e o Presidente da República que marque novas eleições.” Ou por outra, neste domingo André Ventura acusou Bolieiro de tomar uma atitude de “irresponsabilidade” e de não preferir um cenário de “firmeza”. E queria trabalhar com o PSD, apesar de Bolieiro recusar as hipóteses de um “harmonia de governo” que o Chega ainda neste domingo tenha posto em cima da mesa.
Ao julgar pelas declarações de Tânger Correia, o Chega escolhe assim viabilizar o governo do PSD e não fazê-lo desabar, uma vez que já tinha sugerido que faria no projecto pátrio, admitindo apresentar uma moção de retirada a um eventual governo da Confederação Democrática.