Março 22, 2025
El Salvador vai às urnas para sentenciar se desabitar

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Mais de 6 milhões de salvadores deverão ir às urnas neste domingo (4) para participar das eleições presidenciais e legislativas que vão definir se o protótipo dominador adotado pelo atual presidente e candidato à reeleição, Nayib Bukele, seguirá por mais quatro anos ou se o Executivo será renovado. Porquê alternativas, no entanto, não manar muito posto nas pesquisas e derrotar o atual mandatário nas urnas pode não ser tarefa fácil.

De harmonia com estudo publicado no final de janeiro pelo Instituto Universitário de Opinião Pública (Iudop) da Universidade Meio-americana José Simeón Cañas (UCA), Bukele tem impressionantes 81,9% das intenções de voto e é largo predilecto. O segundo posto é Manuel Flores Cornejo, publicado porquê “Chino” Flores, do partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Vernáculo (FMLN). Entretanto, o candidato aparece com exclusivamente 4,2%, seguido do direitista José Humberto Sánchez, do partido Alianza Republicana Patriótico (Redondel), que tem 3,4% das intenções de voto.

A enorme vantagem apresentada por Bukele na pesquisa é uma mostra em números da troca de preponderância política que ocorreu em El Salvador nos últimos anos, uma vez que a presidência do país esteve nas mãos da Redondel por mandatos consecutivos entre 1994 e 2009, e da FMLN entre 2009 e 2019, quando assumiu o atual presidente.

Mas apesar do cenário desfavorável das pesquisas, a esquerda salvadorenha diz estar otimista em relação ao pleito deste domingo e chega à votação “com muita esperança”. É o que disse ao Brasil de Vestimenta a deputada da FMLN Anabel Belloso, que vem percorrendo o país em procura de votos para a reeleição e afirma não confiar que as pesquisas reflitam o que os participantes pensam na veras.

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“Nas últimas eleições, muita gente infelizmente caiu em uma campanha de mentiras e ódio, mas hoje não é mais assim, há reprovação ao partido de Bukele e isso cria uma oportunidade para recuperarmos nossa repetição e sermos uma escolha”, disse.

Parlamentar por dois períodos consecutivos, Belloso ajudou de dentro do Parlamento a bancada da FMLN a encolher de 31 para 23 deputados em 2018, e de 23 para exclusivamente 4 em 2021, quando o partido de Bukele finalmente conquistou o controle do Legislativo e o presidente passou a governar praticamente sem oposição parlamentar. “Nós estamos ali porque é importante ocupar os espaços, mas nenhuma de nossas propostas é sequer debatida”, denuncia.

Esse contexto parlamentar é um exemplo do processo ampliado de flexibilidade institucional pelo qual El Salvador vem acontecendo desde que o atual presidente chegou ao poder. Apresentado porquê um ser de fóruns do sistema político, Bukele acusa FMLN e Redondel de representarem uma “oligarquia política” que estaria ultrapassada e deveria ser “combatida” por seu partido e seus apoiadores.

Para isso, o mandatário que já foi classificado porquê um “ditador cool (gíria para legítimo, em tradução livre)” fez uso de medidas autoritárias, chegando a autorizar a invasão do Congresso pelas Forças Armadas em 2020 e a remoção de juízes da Suprema Incisão em 2021.

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Para as eleições, o clima segue o mesmo e os partidos de esquerda denunciam uma atmosfera de intimidação por secção do governo. “É um cenário eleitoral que não víamos desde a ditadura militar, com um nível de repressão que vem aumentando nos últimos meses”, afirmou Belloso.

‘Sucesso’ na segurança, susto na população

Um dos elementos que auxiliam essa percepção de truculência e autoritarismo é a crescente militarização do país. O presidente possui um projecto rígido de segurança para enfrentar os grupos do violação organizado e que, segundo dados do próprio governo salvadorenho, possui bons resultados, causando taxas de homicídios e os índices de violência.

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O projeto de “guerra ao violação” foi facilitado pelo estado de exceção que o país vive desde 2022 e que, apesar de ser uma medida de caráter emergencial, vem sendo renovado continuamente. “É simples que um criminoso deve remunerar na Justiça, mas para isso existem leis no nosso país, não podemos aventurar que pessoas inocentes sejam presas, há muitos inocentes nas cadeias”, afirma a deputada.

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Sátira das decisões de Bukele, um parlamentar diz que a FMLN procura uma resposta firme contra a criminalidade no país, mas que deve respeitar os direitos humanos e as instituições que permitem transparência e auditorias internacionais. “Não podemos concordar que, ao invés de estabelecer uma verdadeira política de segurança, os inocentes e a população paguem”, afirma.

Pobreza e repressão: falam os movimentos

Não é exclusivamente no contextura partidário que as medidas autoritárias do governo sejam sentidas. Os movimentos populares salvadores também denunciam uma piora nas condições de vida dos trabalhadores e um aumento nas prisões e perseguições de ativistas e militantes.

Ao Brasil de VestimentaMarisela Ramírez, do Conjunto de Resistência e Rebeldia Popular afirma que desde que foram assinados os acordos de silêncio entre Estado e a logo guerrilha FMLN em 1992 “não havia recluso político no país, até agora”.

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“Logo há um marco democrático que foi sendo reduzido um pouco, enquanto o poder foi se concentrando neste personagem [Bukele]bravo pelos setores mais ricos de El Salvador, um clã empresarial privado com a oligarquia tradicional que, aliás, tem respaldo do imperialismo norte-americano”, disse.

Um militante ainda afirma que os movimentos estão construindo uma campanha “muito poderoso para as eleições para que representantes de outros países possam ver uma série de violações de direitos humanos, desaparições feitas por militares e pela polícia, tortura nas prisões, perseguição política etc. está cometendo”.

“Se escuta muito pouco sobre isso, as perseguições, os retrocessos sociais, as mulheres de pessoas na pobreza extrema, os milhares de migrantes. Esses são indicadores que mostram que não há condições de vida dignas para a população”, afirma.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

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