Março 23, 2025
Ele, ela e Justin Bieber.  O Paixão Tem Dessas Coisas

Ele, ela e Justin Bieber. O Paixão Tem Dessas Coisas

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Tudo poderia ter concluído ali, na primeira frase. No sumo na segunda. A primeira:

— Já vi que eu tenho alguma chance — ele disse, com um ligeiro sorriso, entre cínico e simpático — ela que escolhesse.

Mas ela não entendeu e ele precisou repetir:

— Já vi que tenho chance…

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— ?

— O cachorro… mal-parecido pra c@r@lh* seu cachorro…

Ela ficou desconcertada. Não sabia se ofendido, em resposta ao risinho debochado e à fala depreciativa dele sobre seu cachorro, ou se, no fundo, concordava com ele. O cãozinho que era tão lindo no prelúdios, quando filhotinho, cresceu e ficou assim com essa rostro desconcertante, fuça e crânios numa mesma traço.

Aliás, esse era seu sentimento também em relação ao macróbio namorado, Evandro, uma gracinha no início, mas depois e sempre imaturo, sem querer se responsabilizar por zero, uma eterna garoto. Namoraram dois anos, até que ela se encheu. Ficou o cachorro.

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Lembra que eu disse lá em cima que tudo poderia ter concluído na primeira frase, ou na segunda? Prepare-se para a segunda. Primeiro a preparatória:

— Porquê é o nome?

—Marcela.

A segunda:

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—É fêmea?!…

— Ah, você disse do cachorro… Não, é viril. Justin Bieber.

— Que gracinha! Amiga!

E ele se fez a fazer carinho no Justin Bieber, que sempre foi de poucos amigos, mas com ele, estranhamente, rebolava, abanava o rabo.

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—Sempre o vejo com seu namorado…

— Não é namorado… nem marido…

— Irmão?

— Passador… O Justin é muito ativo, precisa de treino, e eu não tenho tempo e…

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Ele interrompeu:

— Se quiser eu passeio com ele. Tenho tempo livre. Paladar de andejar, decorrer, me exercitar…

Ela estava desconcertada com aquele rostro à sua frente, que não parava:

— Aonde você estava indo? Só passando?

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— Não, eu ia comprar ração pra ele no Pet.

— Posso ir com você? Me deixa levar o camarada na coleira?

Ela, num gesto automático, passou a guia da coleira para ele e observou os dois irem à sua frente, uma vez que se fossem dois antigos e grandes amigos, saltitantes e alegres.

Mais uma vez Marcela não sabia uma vez que agir, nem mesmo uma vez que estava se sentindo. Era um misto quente de desconcerto e alegria. O rostro era estranho — era, e muito —, mas parecia boa gente, e gostava do Justin, se comprometeu a passear com ele… Será que conversamos sério?

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Na saída da loja, com o pacote da ração na mão, ele a escolheu para comerem um sanduíche no barzinho da esquina, aceita animais de estimação. Finalmente ela conseguiu saber seu nome: Pedro.

O namoro dos dois começou nesse dia e a frase aceita animais de estimação era uma das mais usadas por ele. Só aceitava ir a lugares em que o Amigão (sempre chamava Justin Bieber assim) pudesse ir junto.

Aliás, quase teve uma primeira bulha naquele barzinho, no primeiro dia, quando ele partiu um pedaço do filé de seu sanduíche e lançou para Justin, que o traçou em segundos e queria mais.

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Ela reagiu, pediu que não fizesse aquilo, que Justin só comia ração, mas ele insistiu, deu mais um pedaço de mesocarpo para o Amigão, “para isso eles têm os caninos, rasgar a mesocarpo, eles não servem de zero com as rações“.

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Estou na praia, e ele só queria ir para a praia do Diabo (“é aceita animais de estimação“), onde estava jogando longe uma bolinha de borracha para o Amigão decorrer e trazer satisfeito da vida. Ela nunca vira Justin Bieber tão feliz. Só faltava trovar…

Mas ele não tratou muito somente o cachorro. Trazia sempre presentes para ela, era carinhoso, gentil, gentil. Principalmente nas horas em que o cachorro estava dormindo.

Tão dissemelhante de Evandro, que ele era Justin Bieber, um eterno jovem, que só queria saber de surfar, não pensado em responsabilidades ou porvir, porque não necessariamente — o pai era banqueiro.

Estivemos separados há dois anos, mesmo tempo que tínhamos namorado. No entanto, parecia que havia séculos… Até que…

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Um dia ela ouviu uma voz conhecida invocar seu nome. Olhou para trás e confirmou: era Evandro. Mas ele estava de terno, todo desempenado. Foram tomar um moca.

Foi difícil recontar a Pedro no outro dia. Porquê manifestar a ele que Justin Bieber, seu Amigão, estava agora num novo lar: o sítio de Evandro em Saquarema? Passaram o dia juntos, depois do moca. Evandro contou uma vez que estava sua vida, agora que trabalhava no banco (“Mas você não deveria estar lá?”, ela. “São as vantagens de ser rebento do presidente“, ele).

Ela o achou mais maduro, mas ainda com o espírito jubiloso de antes, que sempre a encantara. Numa hora ele disse pelo cão. Quando ela disse que ele estava muito, embora o apartamento fosse pequeno, se ela morasse numa vivenda, “cachorro precisa de espaço“…

Foi quando ele falou do sítio, se ela não queria saber… As coisas foram acontecendo e, quando ela viu, foram os três chegando ao sítio em Saquarema, poucas horas depois terem se reencontrado depois de dois anos separados.

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Pedro deveria ter entendido logo de rostro que havia ou poderia possuir um pouco mais ali, além do “roubo” (ele se sentiu assim) do Amigão. Mas estava tão inseguro com a perda do camarada que engoliu em sedento e em batidas na vida.

Mas o namoro com Marcela não era mais a mesma coisa. Ele sentiu que os três formavam uma família. Que já não havia mais.

Um mês depois, num sábado pela manhã, depois não terem sido encontrados na noite anterior, Pedro recebeu uma relação de Marcela.

Em resumo, ela disse que o Amigão estava causando problemas no sítio, brigava com os outros cachorros, não havia se ajustado.

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— Não quer permanecer com ele pra você? É só pegar no sitio.

— Evidente! Evidente que eu quero! Vamos lá?

— Eu já estou cá — ela disse.

Ele compreendeu tudo.

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Pedro parou o sege diante do sítio de Evandro em Saquarema, deixou a porta oportunidade e o motor ligado. Não pretendo demorar. E concentrado:

— Amiga! Amiga!

Latidos, ganidos, e de repente o Amigão vem correndo, pula sobre ele, rebolando e abandonando o rabo de felicidade, e já salta para dentro do sege, uma vez que prazer de fazer, indo para seu lugar no banco de trás.

Marcela apareceu com Evandro.

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— Não quer entrar?

Pedro falou:

— Não, aí não é aceita animais de estimação pró Amigão.

Ela sorriu. Sempre o achei assim meio desconcertante, desde o dia em que se conheceram.

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O paixão tem essas coisas.

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Fonte

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