O Gerente de Estado afirmou hoje que o seu rebento se reuniu com o portanto secretário de Estado da Saúde sobre as gémeas que foram tratadas em Santa Maria, porque não o conseguiu através da Presidência da República.
Sem nunca referir o nome do seu rebento Nuno Rebelo de Sousa, o Presidente da República disse aos jornalistas que acompanharam as últimas notícias em que o ex-secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales admitiu ter-se reunido com o rebento do Presidente da República sobre o caso das gêmeas.
“Eu acompanhei estas últimas notícias desta semana e penso que ficaram claros três coisas: a primeira é que quem especifica, quem fez esse encontro, essa audiência, essa conversa fê-lo porque não conseguiu chegar onde quis por outro caminho, que era através do Presidente e da Presidência da República, por isso é que foi a seguir tentar outra coisa, porque não tinha conseguido aquilo que queria”, disse.
O Presidente da República foi esta tarde questionado por jornalistas ao chegar ao Barroca para satisfazer a tradição de ingerir uma ginjinha na véspera de Natal.
Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que só agora se soube desse encontro, depois quatro anos de se ter realizado.
“Eu em pessoal e tenho muita pena de não ter sabido há quatro anos e tal porque era nessa profundidade que eu devia ter sabido e não nesta profundidade, mas isso diz saudação às relações pessoais e é evidente que, pessoalmente, retiro as partilhas de não ter sido dito o que devia ter sido dito o que permitiria intervir para que não tivesse realizado o que aconteceu”, referiu
Apesar deste caso, o Presidente da República disse que lhe serve de “consolação” que “os portugueses estão firmes, e a sondagem que acabou de trespassar mostra que mantém 65% de crédito no Presidente, não trocam o conhecimento do Presidente de há 20 ou 30 anos por dois ou três meses em que houve crise política, em que houve muitas notícias e muitas informações relacionadas ao Presidente”.
Em entrevista ao ExpressoLacerda Sales admite ter-se reencontrado com o rebento do Presidente da República, num encontro em que Nuno Rebelo de Sousa lhe falou do caso das gémeas.
Lacerda Sales conta que foi o rebento do Presidente da República a pedir uma reunião, “com o objectivo de apresentar cumprimentos”, e que, durante o encontro, falou do caso das duas crianças com atrofia muscular espinhal, que viriam a ser tratadas no Hospital de Santa Maria com um medicamento de dois milhões de euros (por pessoa).
“Disse-me que conhecia duas crianças luso-brasileiras com AME, com perto de 1 ano, e que seria importante fazerem um medicamento (Zolgensma) até muro de 2 anos. Não me deu conta de que teria um processo paralelo do ponto de vista formal, que teve contactos com a Estefânia, com a Lar Social, que esse contacto tinha ido para o gabinete do primeiro-ministro e para o Ministério da Saúde”, afirma.
O ex-governante contou também que o rebento do Presidente da República lhe perguntou qual seria a amplitude da sua mediação e que respondeu que “trataria oriente caso uma vez que todos os outros, sem privilégios”.
O caso das duas gémeas residentes no Brasil que adquiriram nacionalidade portuguesa e receberam em Portugal, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um dispêndio totalidade de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em Novembro, e está a ser investigado pela Procuradoria- Universal da República (PGR) e pela Inspeção-Universal das Atividades em Saúde (IGAS).
Uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.
Segundo o relatório das auditorias internas pedidas pelo Parecer de Governo do Meio Hospitalar Universitário Lisboa Setentrião (CHULN), os controlos internos de recepção, tratamento e monitorização dos tratamentos a crianças com atrofia muscular espinhal entre 2019 e 2023 foram respeitados, à limitação da “referenciação de dois pacientes para a primeira consulta de neuropediatria”.
O documento refere ainda que as duas meninas foram referenciadas (através do pedido de consulta) pelo portanto secretário de Estado da Saúde, uma situação que Lacerda Sales continua a negar.