Março 21, 2025
Histórias da cidade: Teatro Universitário do Porto já leva 75 anos em cima do palco

Histórias da cidade: Teatro Universitário do Porto já leva 75 anos em cima do palco

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Ó Teatro Universitário do Porto (TUP) comemorou, em dezembro, 75 anos de existência. Na sua génese esteve um grupo de estudantes de medicina e um professor histórico da mesma faculdade, Hernâni Monteiro. É a companhia mais antiga da cidade, sendo-lhe reconhecida o contributo para o promanação do teatro independente no Porto. Tem, até os dias de hoje, desenvolvido a sua atividade sem interrupções.

O Teatro Clássico Universitário do Porto apresentou-se, ontem, pela primeira vez, em público e diga-se, desde já, que se merece louvores a sua geração, também têm recta a elogios a todos aqueles que colaboraram neste espectáculo de arte e bom sabor . Num meio porquê o nosso, onde há uma Universidade, impunha-se a geração deste Teatro não só para completar o ensino dos que estudam, mas ainda para conhecimento dos que sentem pelo teatro verdadeiro luminar.” (em O Primeiro de Janeiro, 14 de dezembro de 1948)

A estreia decorreu no Teatro Rivoli, com a representação das peças Filodemo, de Luís Vaz de Camões, e O Fidalgo Novel, de D. Francisco Manuel de Melo, e ainda de duas cenas (em ibérico) adaptadas do dramaturgo espanhol Tirso de Molina. Uma vez que relatou o Primeiro de Janeiro no dia seguinte ao da estreia, “ousadia seria, nestas ligeiras notas sobre um belo espetáculo que só pecou pela extensão, falar das obras representadas“. Em vez disso, elogiava as “acentuadas qualidades para o género” demonstradas por “todos os componentes do Teatro Clássico, sob a direção do macróbio ator Abílio Alves“.

Formação, renovação e experimentação

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A geração da companhia teve o escora, portanto, do Reitor da Universidade do Porto, Amândio Tavares, e de vários representantes da indústria e do negócio portuenses. A partir de 1953, sob direção de Correia Alves, o TUP começa a apostar numa tripla vertente, que perdura até aos nossos dias, ou seja, formação, atualização e experimentação.

Naquela fundura, e quando poucos se balançavam a contrariar o regime vigente, o Teatro Universitário levou à cena textos de autores porquê Synge, Thornton Wilder, Tennessee Williams, Aristófanes, entre outros.

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Fruto do seu trabalho, o TUP foi ganhando projeção, vernáculo e internacional, marcando presença em diversos festivais. Recebeu vários prémios, nunca abdicando do seu temperamento não profissional e universitário. Disso é um exemplo de foto de registro que ilustra esta “história”, uma famosa passeata de seus membros em Moçambique, em 1962.

“Uma história que se confunde com a da própria cidade”

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Hoje, e sob direção de Sandra Pinho, continua a realizar encenações coletivas, apresentando textos dramáticos de autores inéditos em Portugal. Por ocasião do 75.º natalício, e em declarações ao Porto Meio, o presidente do TUP reuniu que “o TUP fez muito pela arte e pelo teatro no Porto. A história do TUP é uma história que se confunde até com a da própria cidade e é uma história que consideramos que é desvalorizada e que raramente se conta“, acrescentou.

Atualmente, o TUP continua a apostar num trabalho de qualidade, nas suas escolhas de textos dramáticos, de encenações e na formação dos seus elementos, realizando regularmente cursos e workshops de teatro. O próximo espetáculo – Amanhã Não Há Revolta – estreia na próxima quinta-feira, dia 18, na Associação de Moradores da Bouça, partindo do registro do teatro e de uma peça que foi encenada em 74/75, e que aborda a luta dos operários da Marinha Grande.

Uma vez que disse um dia José Rodrigues, estatuário e macróbio cenógrafo do Teatro Universitário do Porto, “competir ao TUP será uma espécie de despertador. Não agredir, despertar. Mostrar às pessoas que ser curioso é fundamental“.

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