A exemplo do que tinha sucedido durante a período de Instrução do processo em que está pronunciado pelos crimes de branqueamento e prevaricação, Francisco Moita Flores apresentou-se no Tribunal de Santarém dizendo-se vítima de uma “farsa perversa” montada por “gaiatos da PJ ” e pelos “caciques locais do PSD”.
Estas foram algumas das expressões que o ex-presidente da Câmara de Santarém proferiu na sexta-feira, 5 de janeiro, na primeira sessão do julgamento, onde, só durante a manhã, prestou declarações durante mais de duas horas, garantindo ser puro num “ processo ao estilo inquisitorial” e de “uma má-fé nunca vista”.
A denunciação do Ministério Público (MP) “tem porquê único objetivo visar o meu nome, a minha crédito e o meu caráter”, desabafou o ex-autarca, uma vez que surgiu dois anos depois de ter saído da Câmara de Santarém, e é omisso em relação aos atos praticados por quem ficou na autonomia a transporte do polêmico processo de construção do parque de estacionamento no Jardim da Liberdade e das obras na zona envolvente.
Classificando-o de “simples funcionário” e “merceeiro”, Moita Flores disse que nunca foi da opinião de que Ricardo Gonçalves fosse uma escolha certa para ser o seu sucessor, uma vez que “não tem cabeça para gerir um município desta dimensão”.
Tendo em conta os processos crimes que o envolvem, o ex-presidente sente-se perseguido pelos “caciques locais do PSD”, tanto pelos que ocupam lugares na Câmara, porquê pelos que “manobram nas sombras” para chegar “a cargas de destaque, porquê é o caso do presidente da Águas de Santarém”, numa clara referência a Ramiro Matos.
A lavagem de roupa suja apanhou também o atual vice-presidente da autonomia, João Teixeira Leite, que “foi quem converteu todo o processo de negociação” da segunda período da empreitada com a ABB Construções.
“Ele virá cá mentir a leste tribunal, porquê já o fez na Instrução”, prevê Moita Flores, que explicou ao coletivo de juízes que a única mediação que teve foi despachar o processo final para ir a aprovação na Reunião de Câmara, o que aconteceu .
“Daí para a frente, não tenho mais zero a ver com isto”, acrescentou, num exposição arrasador que se estendeu também à prensa sítio, “os pasquins da terreno” que ajudam a “espalhar as mentiras” que dizem da sua conduta enquanto autarca por “dependerem dos gordos subsídios que a Câmara lhes dá”.
Em relação ao processo, Moita Flores arrasou a postura do MP e da PJ, conseguindo levantar um provável “conflito de interesses” em relação à inspetora coordenadora que contribuiu a investigação (leia cá: Moita Flores levanta “conflito de interesses” na investigação da PJ )
Ex-autarca nega ter relação pessoal com CEO da ABB
Sobre Gaspar Barbosa Borges, o CEO da ABB Construções, também arguido pelos mesmos crimes que a autarca, Moita Flores garantiu que não tem qualquer relação pessoal de amizade com ele, e que a última vez que o viu até foi numa reunião que acabou “em tom bastante crocante”, na Câmara de Santarém.
“Não tivemos uma relação boa e cordial com o tarefeiro, porque percebemos que era teimoso e criava problemas para que a obra não avançasse”, explicou Moita Flores, acrescentando que a denunciação de que recebeu subornos por segmento da construtora bracarense não passou de “uma esse infantil” da PJ.
O grande problema com a construção do parque de estacionamento surgiu com a invenção de uma infraestrutura de telecomunicações da antiga Portugal Telecom que não estava cadastrada em lado nenhum, já com a empreitada em curso.
“Ninguém tinha conhecimento disso, nem sequer a PT, que se decidiu logo a suportar os custos da sua remoção”, disse Moita Flores, explicando que se tornou necessário renegociar o contrato inicial com a ABB, o que foi feito depois de ter saído da Câmara, em 2012.
Introsys foi criada “para ajudar os meus filhos”
Sobre a Introsys, empresa do fruto da ex-autarca, Nuno Moita Flores (também arguido neste processo), e que é suspeito de ter sido usado para encanar pagamentos ilegais, Moita Flores garantiu que nunca teve qualquer conhecimento da sua gestão nem da sua situação financeira.
Segundo explicou, a empresa foi criada para ajudar os três filhos (Luís, Nuno e Matilde), tendo cada um uma percentagem societária dissemelhante na empresa.
O quantia que recebeu da Introsys foi da loucura da sua quota na empresa, passados vários anos, e da qual Moita Flores garante que não fazia “a mínima teoria” de valor.
Sobre os factos relacionados com a transferência de 300 milénio euros da ABB Construções para a Introsys, um dos crimes em discussão neste processo, Moita Flores diz que não se pronuncia por não ter zero a ver com as relações comerciais entre as duas empresas.