Aos 90 anos de idade morreu André Jordan, empresário de referência do turismo vernáculo, a ponto de ser considerado o “pai do turismo português“. O falecimento aconteceu na madrugada passada e foi confirmado ao Negócios por manadeira da família.
O velório de André Jordan acontece leste domingo na Basílica da Estrela, e o funeral decorre na segunda-feira, em seguida um cortejo até à igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Almancil, no Algarve.
O empresário nascido na Polónia em 1933 foi o fundador da Quinta do Lago, Belas Clube de Campo, e tornou Vilamoura num caso de sucesso. Jordan nasceu na Polónia em 1933 e cresceu no Brasil, país para onde a família fugiu das perseguições nazistas na Europa, leia-se a biografia do empresário disponível no site do Grupo André Jordan. Tinha dupla cidadania brasileira e portuguesa.
Veio para Portugal em 1971 e criou a Quinta do Lago, um dos mais emblemáticos empreendimentos turísticos portugueses. Vendeu o projeto nos anos 80 e rumou a Londres para assumir a trouxa de gestor executivo de uma multinacional imobiliária.
No início da dez de 90 criou mais um projeto emblemático em Portugal, desta vez na região de Lisboa: o Belas Clube de Campo.
Em 1995 adquiriu uma empresa proprietária de Vilamoura e acabou por vender essa companhia a investidores espanhóis em 2006.
Em 2022, convidado no podcast do Negócios “Conversas Visíveis”, André Jordan registrou o seu trajectória de vida, lembrando que quando começou a entender o mundo, ainda a Europa vivia uma vez que sequelas da Segunda Guerra Mundial. “Ninguém acreditava no horizonte”, recordou.
Jordan não quis, no entanto, deixar de comentar a atualidade de logo: pediu uma taxa de IVA de 12% no turismo.
“Quero permanecer em Almancil. Fui muito feliz naquela zona”
Em 2018, numa entrevista de vida ao Negócios, conversando com satisfação no seu trajectória de vida e reflexão, de forma tranquila, sobre o horizonte. Mesmo sobre aquele do qual já não faria secção.
“Uma vez que já tenho uma idade em que tenho de pensar, ou não tenho de pensar mas penso, penso no horizonte e pensei onde é que eu quero estar enterrado. Onde é que eu quero ir? Eu queria permanecer no cemitério de Almancil, ao pé da igreja de São Lourenço, que é uma das lojas mais bonitas de Portugal, pequenina, mas linda, linda, linda. Porque eu fui muito feliz naquela zona”, dizia, acrescentando: “Fiz coisas que ficaram. Conheço a população. Milhares de pessoas passaram pelas nossas empresas e eu, através dos anos, encontro pessoas, na rua ou em qualquer lugar, que dizem assim: ‘Trabalhei consigo. O meu pai trabalhou consigo. E agora é o meu avô.’, afirmou entre risos e uma garantia: “Termo de honra”.
“Falo com muita gente. Palato muito de fazer esse treino”
O empresário teve uma vida multifacetada: foi jornalista e “marcou presença regular nas páginas de opinião de alguns dos principais jornais portugueses e brasileiros”, sendo ainda responsável de 7 livros, informa o grupo André Jordan.
Um deles é “Uma viagem pela vida”, publicado em 2019 com uma segunda edição revista e aumentada em 2020. Nesse ano, citado pelo Observador, afirmava: «Considero-me um estudioso dos acontecimentos e das pessoas, tento interpretado a razão das coisas acontecerem e a forma uma vez que acontecerem e preverem a evolução dos acontecimentos. O sigilo é correlacionar coisas que aparentemente não estão relacionadas, mas são indicadores de fatos, tendências ou acontecimentos”. Ainda hoje recebo muita informação, pensamentos, ideias e falo com muita gente. Palato muito disso e fazer esse treino é um vício uma vez que outro qualquer» .
Condecorado em Portugal, no Brasil e no Reino Uno
Foi condecorado pelo Estado Português com a Grã Cruz da Ordem de Préstimo e é Grande Solene da Ordem do Infante D. Henrique.
Recebeu em 2021 o prémio curso no Prémio Vernáculo de Turismo e em 2022 foi distinguido com o Prémio Líderes do Turismo.
É cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro e recebeu a Medalha de Ouro das cidades de Loulé e de Sintra, além do Turismo de Portugal.
Foi-lhe atribuída a chave da cidade de Novidade York.
Em 2020, foi-lhe atribuído pela Moradia Real Britânica o recta a usar o título de Solene do Predomínio Britânico.
André Jordan foi Doutor Honoris Razão pelo ISCTE, Instituto Universitário de Lisboa, e pela Universidade do Algarve.
Tinha quatro filhos e nove netos.
O corpo de André Jordan estará nas Capelas Exequiais da Basílica da Estrela, em Lisboa, leste domingo, das 18h às 22h. Ó funeral acontece na segunda-feira, dia 12 de fevereiro, a partir das 10h, com celebração de missa de corpo presente no mesmo sítio, informa a Servilusa. Segue-se um cortejo lutuoso até ao Algarve: a partir das 11h, o cortejo secção para a Igreja Paroquial de Nossa Senhora de Fátima, em Almancil, onde será celebrada missa de corpo presente, às 16h. O corpo segue depois para o cemitério de Almancil.