Março 21, 2025
Morreu Ruy Mingas, poeta e músico da resistência angolana, cantor e um dos autores de “Meninos do Huambo” – Observador

Morreu Ruy Mingas, poeta e músico da resistência angolana, cantor e um dos autores de “Meninos do Huambo” – Observador

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“Poema da farra”Em atualização

Morreu em Lisboa Ruy Mingas, velho emissário de Angola em Portugal, poeta, cantor e músico da resistência angolana, compositor da conhecida melodia Meninos do Huambo, aos 84 anos.

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A morte do velho ministro angolano foi confirmada ao Observador pela Embaixada de Angola em Portugal, que emitiu uma nota de tarar. No expedido, o emissário recorda que Ruy Mingas, “juntamente com Manuel Rui Monteiro, foi o responsável da letra do hino vernáculo de Angola, o Angola Avante. Foi, também, além de político, deputado no Parlamento angolano, diplomata, poeta e compositor”.

Nascido a 12 de maio de 1939 em Luanda, o também cantor angolano conquistou em “2014 um prémio atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores”, refere Maria de Jesus Ferreira, acrescentando que, “em Portugal, foi também distinguido com o prémio Personalidade Lusófona, entregue pelo Movimento Internacional Lusófono, em 2016”. Seis anos antes já tinha recebido o Prémio de Arte, Cultura e Letras da Ateneu Francesa de Ensino.

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Militante activo do MPLA (Movimento Popular da Libertação de Angola, partido que está no poder desde a independência de Portugal, em 1975), poemas musicais de nacionalistas angolanos porquê Viriato da Cruz, Agostinho Neto, Mário António e António Jacinto, por exemplo.

Mas Ruy Mingas não era somente um varão da cultura. “Foi também praticante de atletismo nas décadas de 1950 e 1960, tendo competido no salto em profundeza e nos 110 metros barreiras [no Benfica]conquistando um recorde vernáculo de Portugal, em 1960”, diz ainda a embaixada.

Em 1979 assumiu, durante 10 anos, porquê ministro, a pasta “da Ensino Física e Desportos, sendo o grande responsável pelo período pujante do desenvolvimento do desporto em Angola”, considera uma embaixadora.

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Esteve representou diplomaticamente Angola em Portugal, porquê emissário entre 1990 e 1995 mas os portugueses conhecem-no melhor porquê o cantor, e um dos autores, de Meninos do Huambo, que tem letra de Manuel Rui Monteiro e que teve mesmo uma versão no registo de fado de Paulo de Roble. Aliás, Ruy Mingas chegou a participar no programa televisivo de sucesso em Portugal dos anos 70, o Zip-Zipcom Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz.

Já os angolanos estão familiarizados com outros temas da sua discografia onde constam canções porquê Monangambé, Quem Tá Gemendo, Adeus À Hora da PartidaMuimbu Ua Sabalu (todos de 1974).

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Ou ainda Cantiga Por Luciana (1975) ou o dançável Poema da Farra, com uma toada brasileira e jazz à mistura, que também foi interpretada por Paulo de Roble, Dany Silva, Mario de Oliveira ou numa novidade versão por Fausto.

O superintendente de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Rui Mingas, que gravou porquê uma personalidade “da mitologia moderna de Angola”.

“Mesmo que não tivesse sido um dos autores do hino vernáculo de Angola, Rui Mingas faria secção da mitologia moderna de Angola nos últimos anos do predomínio e nas primeiras décadas da independência”, considera Marcelo Rebelo de Sousa, numa nota de tarar publicada no site solene da Presidência da República Portuguesa na internet.

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O Gerente de Estado acrescenta que Rui Mingas “parece ter estado em todos os lugares onde Angola se afirmou porquê jovem país”, referindo que foi “desportista do Benfica nas décadas de 1950 e 60” e depois, sucessivamente, “militante político, cantor e compositor, emissário de Angola em Portugal, ministro, deputado e empresário”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Mingas participou na asserção de Angola porquê país “em confronto com o regime português até 1974, mas não em choque com Portugal, pois também os portugueses reconheceram nele um símbolo da nossa relação com os angolanos, que abarca as vicissitudes passadas, porquê memórias e afetos em generalidade, um porvir de parceria e saudação reciprocamente”.

No término desta mensagem, o Presidente da República apresenta “as suas sentidas pêsames” à família e amigos de Rui Mingas.

Ó Presidente angolano também expressou o seu tarar pela morte de Rui Mingas, uma “personalidade de grande prestígio”, que por diversas vezes representou Angola “com talento, cultura e honra”.

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Numa nota endereçada à família, João Lourenço frisou que Rui Mingas começou por louvar o nome de Angola no atletismo profissional em Portugal e, desde cedo, afirmou-se porquê compositor e cantor, porquê símbolo de resistência contra o poder colonial.

“Pertencem-lhe vários clássicos da música angolana, entre eles a música do Hino Vernáculo”, sublinhou o superintendente do Estado angolano na sua mensagem.

João Lourenço realçou ainda as cargas de responsabilidade política desempenhadas por Rui Mingas na Angola independente, tanto a nível interno porquê extrínseco, tendo sido deputado à Parlamento Vernáculo, secretário de Estado da Ensino Física e Desporto, emissário e reitor de uma universidade privada.

Segundo o Presidente Angolano, a sua morte empobrece o país e deixa luto à sua família e toda uma vasta legião de amigos e companheiros de trabalho. “A todos, em pessoal a sua viúva e filhos, expressamos as nossas pêsames e os nossos sentimentos de tarar”, concluiu.

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Também o Ministério da Cultura e Turismo de Angola lamenta a morte de Rui Mingas, destacando os seus feitos. Numa nota de pêsames, o ministro da Cultura e Turismo angolano, Filipe Zau, sublinha que foi com profunda dor e consternação que tomou conhecimento da morte de Rui Mingas.

Zau destaca que, vindo de uma família de músicos, Rui Mingas foi influenciado por seu tio Liceu Vieira Dias e, por sua vez, conectou seu já falecido irmão André Mingas e suas filhas Katila Mingas e Ângela Mingas.

“Além de ter constituído com o plumitivo Manuel Rui o Hino Vernáculo de Angola, esta parceria também se notabilizou através da conhecida melodia ‘Meninos do Huambo’, divulgada, em Portugal, através do músico Paulo de Roble”, destaca a nota.

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