O julgamento de Francisco Moita Flores, criminado de prevaricação e branqueamento quando era presidente da Câmara de Santarém, a fazer um oração genuíno de duas horas em que por várias vezes desvalorizou a investigação da Polícia Judiciária e chamou depreciativamente aos inspectores da morada a que pertenceu “ os rapazes”. Defendeu uma teoria da cabala, criticando a investigação e o Ministério Público. Na primeira pergunta feita por um dos advogados levantou-se uma questão de conflito de interesses por segmento da inspetora coordenadora da investigação porque quando ela era miúda a brigada a que pertencia Moita Flores fez uma procura a morada do pai dela.
Na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Santarém, o ex-autarca, noticiarista e velho inspector da Judiciária, disse que conheceu a inspectora Perpétua Cristino no contexto do caso em que o pai dela e o irmão foram detidos, há muitos anos, mas que agora não a conheço. Foi solicitada ao jurisperito do empresário Gaspar Barbosa Borges, da ABB Construções, a suspensão do julgamento para se julgar a questão da falta de imparcialidade e conflito de interesses, mas o coletivo de juízes não foi aceito e deu um prazo de 10 dias para reunirem provas, tendo continuado o julgamento.
Moita Flores demorou que primeiro o escolheram porquê criminosos e depois foi que foram à procura das provas para o recriminador, dando sempre a teoria de que foi tramado pelos actuais autarcas de Santarém, porquê o presidente Ricardo Gonçalves e o vereador João Leite, a quem chamou um serviçal do presidente e dizendo que ele vai ao tribunal mentiroso porquê já fez antes no processo. Moita Flores disse que é vítima de uma investigação inquinada com origem numa “perversão judiciária”.
Francisco Moita Flores foi pronunciado pelos crimes de prevaricação e branqueamento, tendo a juíza de instrução criminal Ana Cristina Cardoso considerado existirem elementos suficientes de que a ex-autarca beneficiou a empresa ABB, que construiu o parque de estacionamento construído no meio da cidade, e que tire vantagem disso. A juíza conformou a tese do Ministério Público de que Moita Flores recebeu 300 milénio euros por intermédio de sociedades ligadas ao grupo ABB e ao rebento.
O despacho de sotaque realça que o cheque de 300 milénio euros foi emitido em Braga, entrou numa conta da Introsys, do seu rebento que também é arguido, na CGD de Almada, de onde saiu 250.813 euros para a sociedade Antinomia – Produções de Vídeo para uma conta do BES no Saldanha (Lisboa). Ana Margarida Fernandes disse estranhar que o valor tenha sido transferido para a Antinomia numa profundeza em que a Introsys estava em dificuldades financeiras e no mesmo ano em que foram tomadas as decisões que “beneficiaram a ABB”.