O Sporting de Braga leva a discussão e votou uma proposta de mudança dos estatutos, na Parlamento Universal (AG) extraordinária mais importante da sua história recente, no sábado, e que deverá ser muito participada.
O ponto que mais controvérsia e discussão suscita é a eliminação da obrigatoriedade de que, em todas as sociedades anônimas esportivas (SAD) em que o Sporting de Braga participe, “existentes ou futuros, serão mantidos, direta ou indiretamente, a maioria do capital social e o número de votos correspondente a essa posição societária”.
O Sporting de Braga detém 36,99% das ações da SAD, a Qatar Sports Investment (entidade dos quais beneficiário efetivo é o estado do Qatar e que é proprietário dos franceses do PSG) possui 29,60%, a Sundown Investments tem 17,04 %, sendo ainda 16,37 por cento distribuídos na categoria “outros” acionistas.
Perante a controvérsia gerada pelos que leram nesta proposta uma intenção ou uma porta oportunidade para renuir do governo da SAD – e que entende que o clube deve pugnar por ter a maioria -, o clube esclareceu que a proposta “visa somente adequada o documento à veras atual” frisando que “o clube não tem e nunca teve maioria de capital social”, nem na sua constituição.
“A norma em motivo foi modificada em 2015, mediante proposta da direção, num contexto em que existia a expectativa da Câmara Municipal de Braga (CMB) para as ações ao clube. Nesse caso, juntando as ações do clube e da CMB, o clube passaria a ter a maioria que pelos estatutos teria de manter. Sucede que isso não se obtém. A CMB vendeu ações em bolsa a terceiros. Por isso, a norma tornou-se incongruente e obsoleta, desde logo porque é impossível ao clube manter uma maioria que de resto nunca teve”, detalhou o emblema liderado por António Salvador.
Dois dias depois, num debate para debater a proposta promovida pelo grupo O Escadote, representantes dos ‘Red Boys’ e da ‘Legião de Bracara’ manifestaram a intenção dos membros dessas claques votarem contra as propostas mais controversas.
Os elementos desse quadro defenderam que o clube deve ter a maioria da SAD e o representante da ‘Legião Bracara’ discordou da explicação dada pelo clube de que o Sporting de Braga “não tem e nunca teve essa maioria”, nem na sua constituição.
Segundo o mesmo, em 1998, quando a SAD bracarense foi criada, “a legislação proibia o clube de ter mais que 40%”, tendo a solução passada por uma parceria com a CMB, logo liderada por Mesquita Machado, do PS, também idoso dirigente do Sporting de Braga, que adquiriu muro de 17% do seu capital social.
Pelo que, indiretamente, essa maioria foi assegurada pela parceria com a autonomia, perfazendo mais de 50% ao juntar-se sobre 36% do clube.
Em 2016, a CMB, já liderada por Ricardo Rio, do PSD, vendeu as ações por imperativos legais (compradas pela Sundown Investments) e o indumento de o clube não ter logo adquirido essa participação foi sempre mal compreendida por uma franja significativa dos adeptos ‘arsenalistas ‘.
Outra das propostas de mudança mais importantes diz saudação à apresentação de candidaturas para eleições.
Se antes as listas de candidatos deveriam ser subscritas por um mínimo de cinquenta sócios, não contando os elementos que as integram, agora, caso esta proposta seja aceita, as listas de candidatos terão de ser subscritas por um mínimo de sócios há pelo menos 15 anos consecutivos (antes cinco) no pleno gozo dos seus direitos que, no conjunto, representam cinco milénio votos, não contando os elementos que as integram.
Também as AG extraordinárias solicitadas pelos sócios passarão de 250 associados associados ou com pelo menos milénio votos para um requerimento de sócios com pelo menos 5 milénio votos no pleno gozo dos seus direitos.
Os novos estatutos preveem a possibilidade de alterações no emblema do clube, mas terão de passar pela aprovação dos sócios em AG, e da génese da constituição (e não instauração) do Sporting de Braga, passando para 21 de fevereiro de 1921, um mês depois dos dados atuais oficiais, já que esse é o dia que consta no documento de registo e formalização do clube no Governo Social de Braga.
A AG extraordinária está marcada para sábado, a partir das 09h30, no Pavilhão Multiusos do Sporting de Braga.