O nepotismo é exclusivamente um regimento. Não marca golos nem defend penáltis. Isso ficou mais do que provado nas meias-finais da Taça da Liga, uma competição feita à medida dos “grandes” – a história mostra que, em 16 finais passadas, exclusivamente uma não teve Benfica, FC Porto ou Sporting. Houve uma sentimento generalizada que, no final deste sábado (19h45, SIC), haveria um Dérbi lisboeta em Leiria, mas ele não vai ocorrer, por préstimo de duas equipas que não acreditam em favoritismos. Sp. Braga e Estoril, um deles vai ter um troféu e uma seringadela de moral para o que resta da era.
Voltando à vocábulo nepotismo, pela história, será o Sp. Braga, que levou o Sporting nas “meias” quem entra nesta final com esse regimento. Os “arsenalistas” já venceram esta competição por duas vezes (2013 e 2020) e serviram em mais duas finais (2017 e 2021), um tanto que é consistente com o lugar que têm consolidado no futebol português – nas últimas 20 épocas, só não ficou no top 4 do campeonato em cinco delas. Já o Estoril, só tem uma final de Taça na sua história, mas não é esta – esteve na decisão da Taça de Portugal em 1943-44, derrotado pelo Benfica por 8-0. Na Taça da Liga, é o mais longe que alguma vez chegou.
Vasco Seabra, treinador do Estoril, é quem assume uma dimensão inesperada desta final, que também será uma experiência novidade para ele. “Eu sou inexperiente em finais, tal porquê o clube. Salvo erro, há quase 80 anos que o Estoril não estava nesta situação. Somos estranhos, somos um prazer do jogo. É um momento interessante para o futebol português porque temos uma final que era pouco esperada”, analisa o técnico da equipa que já abateu FC Porto e Benfica na Taça da Liga, mas que está em posição desconfortável na I Liga – 15.º lugar.
Já para Artur Jorge, na sua segunda era a tempo inteiro porquê treinador principal do Sp. Braga, esta é a sua segunda final em temporadas consecutivas – esteve no Jamor em 2023, derrotado pelo FC Porto. O velho mediano não assume o nepotismo dos minhotos até porque uma final é um jogo de natureza dissemelhante de todos os outros.
“Não acho que os finais tenham favoritos. Há uma tentativa de encontrar uma equipa mais favorita, mas, enquanto treinador, sei que são duas equipas que têm méritos de estar cá e vão querer lucrar”, reforça Artur Jorge.
E o justador chamar-se Estoril e não Benfica, acrescenta, pode até ser uma dificuldade acrescida, a propósito da final que o Sp. Braga perdeu com o Moreirense em 2017: “Esta é a final mais difícil que podíamos ter, porque temos de controlar as expectativas. A sede não pode ser dissemelhante da que terá o nosso justador e não seria dissemelhante do justador fosse o Benfica. Mas também sabemos das dificuldades que teremos pela frente, com um justador potente.”