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Caracas, 15 de novembro (EFE).- As tensões diplomáticas entre o Brasil e a Colômbia com a Venezuela, como resultado da crise política após as eleições presidenciais de 28 de julho, distanciam estes países do papel de mediadores que tentaram desempenhar nos últimos meses, mas apesar de tudo, segundo o internacionalista Eloy Torres, continuarão a desempenhar um papel importante.
Desde as eleições presidenciais, em que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Nicolás Maduro como vencedor, os presidentes do Brasil e da Colômbia, Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro, respetivamente, têm tentado mediar o conflito após a oposição maioritária denuncia fraude.
Ambos os líderes, que não reconheceram a vitória proclamada de Maduro, insistiram no seu pedido para que a CNE publicasse os resultados desagregados, um pedido que, até à data, foi ignorado.
Torres disse à EFE que os três países devem gerar ações que procurem “suavizar” as tensões ocorridas nos últimos meses, já que, considera, os mais afetados num conflito diplomático são os cidadãos.
O também professor da Universidade Central da Venezuela (UCV) sustentou que tanto o Brasil quanto a Colômbia deveriam se preocupar, entre outras coisas, com a migração, já que acolhem, entre si, quase três milhões e meio de venezuelanos, segundo a Plataforma Interinstitucional Regional. Coordenação para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V).
O R4V, liderado pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e pela Agência das Nações Unidas ACNUR, especifica que quase três milhões de venezuelanos vivem na Colômbia e cerca de 568 mil no Brasil.
“Isso é um problema das administrações, por isso devem encontrar seriamente mecanismos que amenizem, que amortecem as grandes tensões e procurem uma série de soluções (…) é complexo, é difícil, mas não é impossível, ” ele disse. .
No entanto, Lula afirmou recentemente que Maduro é um “problema” para a Venezuela e não para o Brasil, por isso não pode continuar a preocupar-se com a política do país vizinho.
Diálogo e “diplomacia do microfone”
Nas últimas semanas, a Venezuela manifestou o seu repúdio às declarações das autoridades da Colômbia e do Brasil, entre elas as do assessor de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, que afirmou que “o princípio da transparência não foi respeitado” nas eleições presidenciais do país caribenho. .
Da mesma forma, Caracas queixou-se ao chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, depois de este ter indicado que o Executivo do país andino não reconhecerá um novo mandato presidencial para Maduro, a menos que o líder chavista apresente provas da sua controversa reeleição.
Na opinião de Torres, há atualmente “muita diplomacia de microfone, muitos comentários midiáticos” entre os três países, mas ele não descarta que nos bastidores continuem conversando autoridades da Venezuela, do Brasil e da Colômbia, o que ele acredita é o que deveriam fazer para conseguirem resolver a tensão diplomática.
“Acredito que as autoridades governamentais venezuelanas têm que pensar muito sobre isso; devem tentar quebrar o isolamento a que estão se submetendo, em consequência das tensões entre a Colômbia e a Venezuela, entre a Venezuela e o Brasil”, acrescentou.
Uma dinâmica de pressão
A tensão se intensificou com o Brasil depois que o gigante sul-americano vetou o país caribenho como membro associado do grupo BRICS.
O Brasil rejeitou a entrada da Venezuela porque, “neste momento”, as relações entre os dois países “não são amigáveis”, segundo disseram à EFE fontes do governo brasileiro.
O Governo Maduro descreveu esta decisão como “um gesto hostil” e uma “agressão” contra os interesses da nação.
Torres considera que isso faz parte da atual dinâmica de pressão, por isso – indicou – a Venezuela deve dar sinais que ajudem a aliviar a tensão, apesar de – disse ele – a publicação dos resultados eleitorais que o Brasil e a Colômbia solicitaram ser um questão que corresponde à Venezuela, “como país soberano e autônomo, em termos de suas decisões”.
No entanto, destacou que nas relações diplomáticas, tal como num condomínio, existem regras que devem ser respeitadas pelas suas implicações éticas.
Saraí Coscojuela
(c) Agencia EFE
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