Hot News
A Missão Internacional Independente de Apuração de Fatos (FFM) das Nações Unidas sobre a Venezuela é o único órgão de monitoramento independente dentro da ONU com o mandato de investigar violações e abusos sistemáticos dos direitos humanos e garantir a responsabilização dos perpetradores na Venezuela. Em 2019, o Conselho de Direitos Humanos da ONU criou o FFM, juntamente com o mandato de assistência técnica do Alto Comissariado para os Direitos Humanos (ACNUDH). Ambos os mandatos expiraram em setembro de 2024 e o Conselho vota sua renovação esta semanadurante sua 57ª sessão.
Em setembro, a FFM emitiu seu primeiro relatório desde que o governo em exercício, sob o presidente Nicolás Maduro, recusou-se a divulgar resultados credíveis das eleições presidenciais de 28 de julho. O relatório contundente detalhou como as instituições estatais lançaram uma campanha de perseguição sistemática contra opositores políticos, servindo também como um lembrete oportuno da importância do trabalho da FFM.
Ao longo dos últimos cinco anos de reportagem, abrangendo três mandatos, a FFM tem sido fundamental na documentação de abusos generalizados cometidos pelas autoridades venezuelanas e tornou-se um farol para as vítimas, os sobreviventes e a sociedade venezuelana em geral na sua busca pela verdade e pela justiça. Num contexto em que as instituições estatais – em grande parte cooptadas pelo governo Maduro – garantem a impunidade dos abusos dos direitos humanos, a FFM desempenha um papel crucial na salvaguarda de provas que podem ser utilizadas em esforços futuros para responsabilizar os perpetradores. O Conselho de Direitos Humanos da ONU deve votar a favor renovar o mandato quando este for apreciado esta semana.
Antecedentes da Missão de Apuração de Fatos
A Missão de Apuração de Fatos da Venezuela, criada em outubro de 2019 para investigar “execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes desde 2014”, emitiu relatórios influentes estabelecendo a existência de violações generalizadas dos direitos humanos cometidos pelas forças de segurança venezuelanas e pelo governo Maduro. Pesquisas anteriores realizadas pela FFM:
- Identificou funcionários de médio e alto escalão como potencialmente responsáveis por execuções extrajudiciais, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e tortura e outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes perpetrados no país desde 2014 (setembro de 2020, A/HRC/45/33);
- Expôs o papel ativo do judiciário na prática de abusos dos direitos humanos e a colaboração com o Estado para garantir a impunidade (setembro de 2021, A/HRC/48/CRP.5);
- Explorou os mecanismos de repressão generalizada entre outras instituições estatais (setembro de 2023, A/HRC/54/CRP.8);
- Evidenciado um esforço coordenado dos serviços de inteligência do Estado para reprimir a oposição política ou aqueles considerados como tal (setembro de 2022, A/HRC/51/CRP.3);
- Violações documentadas dos direitos humanos na região do Arco Mineiro do Orinoco, no estado de Bolívar (setembro de 2022, A/HRC/51/CRP.2); sim
- Destacou a falta de reformas genuínas nas instituições de aplicação da lei do país após a dissolução das problemáticas Forças de Acção Especial (FAES) (setembro de 2023, A/HRC/CRP.9).
Por que é fundamental renovar o mandato da FFM?
1.Desde que a FFM foi criada em 2019, as autoridades venezuelanas não melhoraram as suas práticas; Pelo contrário, intensificaram a repressão.
Apesar da extensa documentação sobre abusos generalizados, o governo não fez progressos na abordagem das violações dos direitos humanos. Com 25 mortos sim 1.767 presos Após as eleições, a situação dos direitos humanos na Venezuela atingiu o seu ponto mais baixo. Além disso, com o próximo mandato presidencial previsto para começar em 10 de Janeiro e as eleições locais, regionais e legislativas marcadas para 2025, existe um risco significativo de que a situação se deteriore ainda mais. Para além do contexto eleitoral, os abusos dos direitos humanos na Venezuela têm sido tão graves e sistemáticos que a FFM ainda tem um trabalho significativo a fazer noutras áreas específicas, incluindo a relação do governo com grupos criminosos.
2. Sendo a única missão de verificação internacional e independente mandatada para documentar abusos na Venezuela, a FFM é essencial para corroborar e ampliar relatórios de organizações locais da sociedade civil.
No seu último relatório de setembro, a FFM corroborou informações de organizações da sociedade civil que documentavam a onda de repressão sem precedentes desde as eleições de 28 de julho. As autoridades utilizaram métodos que vão desde o cancelamento de passaportes até detenções em massa indiscriminadas para inibir a difusão de informação independente e evitar protestos pacíficos de cidadãos. O FFM determinou que estas violações dos direitos humanos não foram incidentes isolados, mas parte de um plano coordenado para “silenciar, desencorajar e esmagar a oposição ao governo do presidente Maduro”.
De forma alarmante e pela primeira vez, a missão determinou que o governo venezuelano tinha promulgado medidas que, em conjunto, “constituem o crime contra a humanidade de perseguição por motivação políticadevido à identidade das vítimas como opositores políticos reais ou supostos do Governo ou pessoas que são simplesmente críticas do Governo.
3. A FFM desempenha um papel crucial na defesa das aspirações do povo venezuelano na sua busca pela verdade, justiça e responsabilização.
Nas actuais condições, em que o poder judicial carece de independência e imparcialidade, as vítimas de violações dos direitos humanos na Venezuela continuam a procurar justiça em vão. Ao documentar mecanismos de repressão, identificar cadeias de comando e expor padrões de perseguição governamental a membros da oposição ou àqueles considerados como tal, o FFM serve como um mecanismo fundamental para promover os direitos das vítimas à verdade, à justiça e à reparação.
O trabalho da FFM é inestimável para as vítimas, garantindo que as suas vozes sejam ouvidas e que os seus testemunhos sejam refletidos nas suas conclusões. A FFM também traz recomendações que poderão contribuir para o desenvolvimento de medidas de não repetição no futuro. Da mesma forma, as conclusões da FFM contribuem para a investigação perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) e podem, em última análise, levar a garantir a justiça na Venezuela, apoiando o cumprimento do princípio da complementaridade no direito internacional.
Siga-nos nas redes sociais:
Hotnews.pt |
Facebook |
Instagram |
Telegram
#hotnews #venezuela #noticias #AtualizaçõesDiárias #SigaHotnews #FiquePorDentro #ÚltimasNotícias #InformaçãoAtual