Novembro 2, 2024
A política de pocilga – CNN Portugal

A política de pocilga – CNN Portugal

“Tantas famílias cá a viver em barracas e nascente facínora está cá há um ano e já tinha um apartamento em Odivelas e nem sabia português”.

Oriente primeiro observação foi escrito por uma cidade (o nome é indiferente, porque deve ser falso) na caixa de comentários de uma notícia sobre o transgressão de envolvimento no Núcleo Ismaili, em Lisboa, esta semana. É um de vários exemplos — já veremos mais — de uma vez que uma tragédia que causou duas mortes e um ferido grave pode trazer ao de cima o pior do ser humano. De uma vez que, para muita gente, nem todos são gente. E de uma vez que Portugal não está isento do risco de um retrocesso civilizacional.

Mas é pior. Quem se dedicou a ler as centenas de comentários às várias notícias publicadas esta semana por vários órgãos de informação social — coisa que não aconselho, por uma questão de higiene mental — percebe rapidamente o incremento eleitoral do partido Chega.

“Mais uma vez André Ventura está resguardado de razão, quem nega a verdade e do transe que se advinha para Portugal, só pode ser de gente incompetente não querendo assumir a sua responsabilidade!”

A política do pavor e dos bons contra os maus — tal uma vez que a história já nos foi demonstrada várias vezes — acaba sempre por ajustar os espíritos mais ignorantes e cobardes. Dos que se escondem detrás de perfis falsos para mandar estas ações, dos que preferem ignorar os fatos e confiar nas realidades alternativas que um qualquer vendilhão político coloca avante. Quase sempre em nome de um pretenso paixão à pátria que não é mais do que uma espécie de nacionalismo bacoco.

“Portugal tem que mandar esses assassinos para fora de Portugal. Que vão para a terreno deles. Agora é deixar-lo morrer”

Os “justiceiros” saudosistas do regime de Hitler, que André Ventura conseguiu arrebanhar para as suas fileiras eleitorais, são tão criminosos uma vez que os que matam. Porque quem assim pensa e o expressa publicamente não respeita zero. Não respeita a missiva universal dos direitos humanos, não respeita a justiça, não respeita a democracia e, sobretudo, não mostra qualquer saudação pela vida humana.

E antes que eu volte a encher de mensagens para perguntar uma vez que reagiria eu se meus familiares fossem meus a morrer às mãos de um facínora, a minha resposta é simples: que seja feita justiça. Que eu seria completamente indiferente saber se era afegão, branco, de cor, católico ou muçulmano. Que a dor de perder familiares, desta forma é tão trágica, não se trato com a xenofobia ou com o racismo.

“A política de portas abertas sem qualquer controle deu nisto. O sangue destas vítimas é responsabilidade do criminoso afegão, mas está nas mãos do governo de António Costa.”

Eis-nos perante o grande maestro deste pequeno tropa de ignorantes. André Ventura, o líder político que não pode ver uma pocilga sem reprofundar nela e encantar-se da cabeça aos pés. Indiferente aos danos que provocam à democracia, insiste num exposição próprio da Idade Média, com um único propósito: aproveitar-se da fragilidade dos outros, para daí retirar dividendos políticos.

Não seria necessário explicar que o transgressão cometido no Núcleo Ismaili não tem rigorosamente zero a ver com política de imigração, não seria dar-se o caso de muitos terem mordido o isco que o líder do Chega lançou e de eles ido ao jogo. Todos os outros — políticos, comentadores, jornalistas, portugueses que preferem formar a sua opinião com base em factos —, que percebem que a democracia, sendo o mais perfeito dos imperfeitos sistemas políticos, e a pundonor humana não se medem pela cor, pela religião, pela nacionalidade ou pela orientação sexual, continuarão a rejeitar esta forma de fazer política protagonizada pelo Chega. Felizmente, ainda são a maioria. Mas, se não tivermos atenção, Portugal pode mesmo tolerar um significativo retrocesso civilizacional.

Fonte link

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *