A Associação Transparência Internacional aponta que a Estratégia Nacional Anticorrupção foi lançada sem diretrizes, o que resultou na falha na aplicação de medidas para prevenir a corrupção.
Em Portugal, o combate à corrupção é frágil e não registou avanços nos últimos dez anos. Esta é uma das conclusões da mais recente edição do Índice de Perceção da Corrupção (IPC).
A Associação Transparência Internacional aponta que a Estratégia Nacional Anticorrupção foi lançada sem diretrizes, o que foi comprovado na Fraca aplicação de medidas para prevenir a corrupção.
A presidente da Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio, defende que uma solução para este problema passa por os governos trabalharem em conjunto de esforços para erradicar a corrupção em todos os níveis da sociedade, bem como para evitar discriminações.
Segundo dados deste índice, Portugal não tem registado evoluções significativas ao longo dos últimos dez anos.
Em declarações à SIC, o presidente da Transparência Internacional em Portugal, Nuno Cunha Rolo, aponta a falha de liderança como a principal causa da fragilidade no combate à corrupção na última década.
A classificação dos países numa escala de zero a 100
O IPC classifica os países com base nos níveis percebidos de corrupção no setor público, numa escala de zero (altamente corrupto) a 100 (muito limpo).
A edição deste ano do relatório revela que pontuação média global resultados inalterados em 43 países Os territórios pelo décimo primeiro ano consecutivo, e mais de dois terços dos países têm sérios problemas com corrupção, com pontuação abaixo de 50.
UM Dinamarca lidera a lista dos países menos corruptos com 90 pontosseguidamente pela Finlândia e Nova Zelândia, ambos com 87 pontos.
Estes países apresentam-se com fortes instituições democráticas e com elevado respeito pelos direitos humanos, o que os torna também os países mais pacíficos do mundo, de acordo com o Índice de Paz Global.
Por outro lado, e a encabeçar a lista dos países mais corruptos do mundoaparecem o Sudão do Sul (13 pontos), um santidade (12 pontos) ea Somália (12 pontos), todos os envolvidos em conflitos armados prolongados.
Oito países melhoraram as suas vitórias no mesmo períodoincluindo Irlanda, Coreia do Sul e Maldivascom dados que sugerem que a luta contra a corrupção é eficaz com a aplicação de medidas corretas e equilibradas, segundo a Transparência Internacional.
Este ano, 26 países, incluindo o Qatar, Guatemala e Reino Unido atingiram os valores mais baixos de sempre no Índice.
O Reino Unido (73 pontos) caiu cinco pontos para sua pontuação mais baixa de sempre, depois de ter estado envolvido em vários escândalos políticos, incluindo revelações sobre má conduta ministerial.
Sobre Portugal (62 pontos)a Transparência Internacional considera que os fatos de uma “nova estratégia anticorrupção” foram lançados sem grandes orientações e o programa de Vistos Gold se mantém aumentados os riscos de corrupção.
“Relação entre violência e corrupção é um ciclo vicioso”
Para a Transparência Internacional, o relatório provou ainda que os países da União Europeia que descumpriram ou reverteram medidas anticorrupção apoiaram o cair no IPC, como foram os casos da Hungria e da Polónia.
A Transparência Internacional acredita que a relação entre violência e corrupção é um ciclo viciosoalegando que os governos corruptos não têm capacidade de proteger os cidadãos e que o descontentamento público tem maior probabilidade de se transformar em violência.
Para a Transparência Internacional, a invasão russa da Ucrânia Serviu como um lembrete dos perigos representados pela corrupção e pela falta de responsabilidade dos governos, registrando que os cleptocratas russos acumularam grandes fortunas ao serviço do Presidente Vladimir Putin, o que resultou em contratos lucrativos com o Estado, na proteção dos seus interesses económicos.
Um outro exemplo é o do Sudão do Sul, onde décadas de conflito e corrupção levaram a uma profunda crise humanitária, com mais da metade da população a enfrentar a insegurança alimentar, sabendo-se que um relatório recente revelou um esquema de fraude por parte de uma rede de políticos corruptos que desviaram ajuda destinada a alimentos, combustível e remédios.
Também a combinação de corrupção, autoritarismo e crise econômica no Brasil provou ser uma mistura volátil, levando o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro a ficar marcado pelo desmantelamento de estruturas anticorrupção e ao uso de esquemas corruptos para favorecer aliados políticos, concluiu a Transparência Internacional.