Novembro 15, 2024
Eleições. Mais de um milhão de portugueses expõem uma “notícia falsa”

Eleições. Mais de um milhão de portugueses expõem uma “notícia falsa”

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O MediaLab do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, um projeto de “monitorização de propaganda e desinformação nas redes sociais”, num relatório em parceria com a Democracy Reporting International e o Diário de Notíciasacordos mais de seis mil e 500 publicações no Facebook com conteúdo de desinformação ou notícias falsas.


“Estas foram as primeiras eleições em que é possível dizer que as notícias falsas tiveram um impacto sobre a campanha e, provavelmente, sobre o voto”afirmou o sociólogo e professor catedrático de mídia e sociedade que participou no projeto do MediaLab.

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Num país “com seis milhões de portugueses com perfis no Facebook” houve, “no mínimo, um milhão de pessoas a serem tocadas pela desinformação” no mês que antecedeu as eleiçõesafirmou.



Segundo o estudo, o Facebook, a par com o YouTube, é “a plataforma de mídia social mais importante em Portugal” e, por isso, a equipe escolheu 47 páginas pessoais e 39 grupos de Facebook para analisar no mês anterior às eleições – entre 6 de setembro e 5 de outubro de 2019.


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No período em análise, essas páginas tiveram “mais de 1,1 milhão de interações, pessoas que ou colocaram um comocomentaram ou compartilharam uma determinada publicação que a equipe considera desinformação, em graus diferentes de classificação”.


Portugueses injetam menos nas redes sociais

Em Portugal “existe algum risco de desinformação”, mas não é muito elevado. Para começar, “o público português tem uma confiança relativamente alta nos meios tradicionais” e “menos confiança” nas informações proliferadas nas redes sociaisrevela o estudo. Além disso, o país “não está no centro das atenções geopolíticas”, o que diminui o risco de exposição a campanhas externas de desinformação.


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No contexto europeu, uma das questões mais divergentes e frequentemente usadas na desinformação é na migração. Mas em Portugal não é um tema que gere muita controvérsia, sendo também por isso considerado menor o risco de desinformação.


Talvez a questão da corrupção seja a mais preocupante no que toca à desinformação em Portugal. De acordo com a equipe do MediaLab, o caso do ex-primeiro ministro José Sócrates é a questão mais usada na propaganda de desinformação e, nesse sentido, “Portugal é mais investigação ao Brasil” do que aos países da União Europeia.


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“O objetivo das notícias falsas, na maior parte das vezes, não é que alguém troque a sua intenção de voto”, explica Gustavo Cardoso. O objetivo é criar dúvidas às pessoas e que “essas dúvidas as levem a abandonar um candidato e, se possível, a abandonar todos os políticos porque são todos iguais”.

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Mas “os utilizadores portugueses da Internet estão altamente preocupados com o risco de desinformação”segundo o estudo.


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Mais de 71 por cento dos portugueses têm preocupação de tentar distinguir “o que é verdadeiro do que é falso” na Internet. E, considerando a menor contribuição que se deposita nas redes sociais, a maior confiança nos meios de comunicação tradicionais e a preocupação com a questão da desinformação, o “risco de disseminação da desinformação” em Portugal pode ser reduzido.


Campanha de WhatsApp sem efeito em Portugal

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Ao contrário do que aconteceu, por exemplo no Brasil, o WhatsApp “não teve efeito” na campanha eleitoral para as legislativas de 2019, apesar de o MediaLab pretender continuar a estudar o fenómeno.


Tanto o Facebook Messenger como o WhatsApp cresceram rapidamente no contexto português. Contudo, os investigadores investigaram que o grau de discussão pública nos grupos, através destas aplicações, foi quase nulo.


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Gustavo Cardoso explica esse fenômeno argumentando que “o WhatsApp ainda não foi protegido pelos portugueses como ferramenta de exclusão e propaganda em termos de campanha eleitoral”.

Esta aplicação ainda não é, frisou, “uma ferramenta para a desinformação e para propaganda em larga escala” no caso português.

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