Em 45 anos de democracia em Portugal houve cinco maiorias absolutas nas urnas em legislativas, duas da AD (PSD/CDS/PPM), em 1979 e 1980, duas dos sociais-democratas sozinhos, em 1987 e 1991, e uma do PS, em 2005.
Noutras duas eleições, apesar de não terem concorrido juntos, PSD e CDS-PP formaram, depois, coligações políticas com maioria absoluta no parlamento que apoiaram os governos de Durão Barroso e Santana Lopes, na legislatura 2002-2005, e de Passos Coelho, entre 2011 e 2015.
Socialistas e democratas-cristãos tiveram um conjunto executivo durante escassos sete meses, em 1978, e PS e PSD foram coligados uma vez, no chamado Governo do Conjunto Médio, entre 1983 e 1985, ambos chefiados por Mário Soares.
Nas eleições legislativas realizadas desde o 25 de Abril, contando com as primeiras, de 1975, para a Reunião Constituinte, o PS foi sete vezes a força mais votada, o PSD cinco vezes, e mais três em coligações pré-eleitorais, a última das quais em 2015, designada Portugal à Frente, com o CDS-PP.
A única maioria absoluta do PS até agora no Parlamento, com José Sócrates porquê secretário-geral, foi obtida com uma diferença de murado de 900 milénio votos e 16 pontos percentuais face ao PSD, o segundo mais votado. Esta margem foi a mais curta com que uma força política conseguiu – com o método de Hondt, utilizado no sistema proporcional português – optar mais de metade dos deputados.
A maioria da Federação Democrática (AD) nas eleições intercalares de 1979 só foi conseguida somados os deputados eleitos pelo PSD na Madeira e nos Açores, o que se tornou um pouco maior a margem em relação ao PS. Neste caso, porquê em 2005, bastaram aproximadamente 45% do totalidade de votos para serem alcançadas maiorias parlamentares absolutas.
Com o social-democrata Francisco Sá Carneiro porquê primeiro-ministro, a AD reforçou o seu resultado nas urnas em 1980 e obteve a segunda maioria absoluta, com 134 deputados em 250, novamente sem precisar de chegar à metade do totalidade de votos: teve aproximadamente 47% com os votos de PSD e CDS nas ilhas.
Em contrapartida, as maiorias absolutas dos sociais-democratas sob a liderança de Conversa Silva resultaram de vitórias com mais de 50% dos votos, tanto em 1987 – eleições em que houve uma diferença recorde entre o primeiro e o segundo mais votados, de mais de um milhão e meio de votos e perto de 28 pontos percentuais – porquê em 1991.
Foi nestas duas legislaturas que os partidos à esquerda tiveram a sua menor representação na Reunião da República, reunindo menos de 40% dos mandatos, e foi também neste período que o CDS teve os seus resultados até agora em legislativas, com valores inferiores a 5 % e aquém da fásquia dos 300 milénio votos, descendo aos quatro deputados em 1987.
O melhor resultado dos democratas-cristãos continua a ser o de 1976, com Freitas do Amaral porquê líder: 876 milénio votos, 15,98% do totalidade, e 42 mandatos. Foi precisamente nestas eleições que o PSD teve a sua pior itinerário, não chegando a 1,4 milhões de votos, correspondendo a 24,35%, elegendo 73 em 263 deputados.
Em contrapartida, a menor diferença entre a primeira e a segunda força política mais votadas foram os murado de 130 milénio votos e menos de 2,5 pontos percentuais que separaram o PSD de Durão Barroso do PS de Ferro Rodrigues em 2002. Mas, com a direita em maioria, a vantagem foi suficiente para os sociais-democratas formarem um Governo maioritário, coligados com o CDS.
Nestas quatro décadas e meia, as bancadas da esquerda serviram mais algumas vezes em maioria na Reunião da República, com a maior frase parlamentar nas eleições de 2005, em que PS, PCP, PEV e BE juntos contabilizaram 143 dos 230 deputados, eleitos com perto de 59% do totalidade de votos.
Ao contrário da direita, os partidos à esquerda nunca se coligaram e unicamente em 2015, de forma inédita, negociaram acordos bilaterais que serviram de base ao novo Governo minoritário do PS, posteriormente derrubarem um executivo também minoritário PSD/CDS-PP.
O resultado de 2005 foi histórico para o PS, que superou os dois milhões e meio de votos pela segunda vez – a primeira tinha sido em 1995, com António Guterres porquê secretário-geral – e conseguiu uma maioria absoluta de 121 deputados.
O pior registo dos socialistas foi em 1985, quando apareceu o PRD e o PS, com Almeida Santos porquê candidato a primeiro-ministro, recolheu pouco mais de um milhão e 200 milénio votos, 20,77% do totalidade, que se converteram em 57 mandatos em 250.
Para o PCP, o melhor resultado até hoje foi o de 1979, quando concorreu com a coligação APU, que ultrapassou um milhão e 100 milénio votos, 18,80% do totalidade, e conseguiu 47 lugares em 250. O mais grave foi nas legislativas de 2002, coligado com o PEV na CDU: menos de 400 milénio votos, 6,94% do totalidade, e 12 deputados em 230.
O Conjunto de Esquerda (BE) estreou-se nas legislativas de 1999, elegendo dois deputados, com 2,44% dos votos, e foi crescendo em percentagens e mandatos até às mais recentes eleições, com um revés: em 2011 caiu para os 5 ,17% e 8 deputados. Em 2015 subiu para os 10,19% dos votos e elegeu 19 deputados, mas o seu recorde em número de votos, murado de 557 milénio, foi em 2009.
Até hoje, foram unicamente dois os primeiros-ministros em cargos que se apresentaram porquê recandidatos ao incumbência em legislativas e viram os seus partidos derrotados: Pedro Santana Lopes, em 2005, e José Sócrates, em 2011.