Novembro 6, 2024
Extrema-direita ganha força em Portugal com a queda do primeiro-ministro

Extrema-direita ganha força em Portugal com a queda do primeiro-ministro

Lisboa — A destituição de António Costa da trouxa do primeiro-ministro por suspeita de prevaricação elevou ter contribuído para a temperatura política em Portugal. A pergunta que todos estão fazendo é se o presidente da República, Marcelo Rebelo de Souza — que também está sob investigação, mas em um caso de favorecimento a duas mulheres brasileiras em um tratamento de saúde —, dissolverá ou não o parlamento, convocando novas eleições.


Há um temor generalizado no Palácio de Belém de que, com o escândalo que derrubou o principal líder do Partido Socialista (PS), a ultradireita acumula forças para formar maioria na Parlamento da República ou mesmo lucrar musculatura para ser atraída para futuras alianças.

As pesquisas mais recentes apontam que, desde o início deste ano, o Chega, controlado pelo extremista André Ventura, é o único partido, eficiente, que conseguiu ampliar seu eleitorado. No levantamento divulgado no termo de outubro pelo “Quotidiano de Notícias”, em parceria com o Instituto Aximage, a legenda de extrema-direita já se consolidou uma vez que terceira força política de Portugal, com 14,6% da preferência do eleitorado. É o duplo da tributo em 2022, quando o partido conquistou 7,2% dos votos. Na mesma base de confrontação, o Partido Socialista, de António Costa, caiu de 41,4%, o que, à estação, obteve maioria absoluta na Parlamento da República, para 28,6%. Já o PSD recuou de 29,1% para 24,9%.


Diante desses números, os analistas observam que, mesmo no caso de uma vitória isolada do PS, se as eleições fossem hoje, as forças mais à direita teriam capacidade de edificar um conjunto para assumir o governo. Isso implicaria unir o PSD de Luís Montenegro com o Chega e a Iniciativa Liberal, de Rui Rocha, que desponta com 6,7% da preferência dos candidatos. Essas três legendas continham 46,2% dos votos. São esses números que o presidente da República levará em consideração para sentenciar ou não se convocar eleições pouco mais de um ano e meio depois de os portugueses terem ido às urnas. Para isso, ele chamou o Juízo de Estado e deve fazer um pronunciamento à região na quinta-feira (9/11).

O insatisfação em relação a António Costa veio crescente, em função, sobretudo, dos problemas na economia agravados pela disparada da inflação. Apesar de o governo ter tomado uma série de medidas para amenizar o impacto da subida dos preços no orçamento das famílias, uma vez que a redução dos impostos incidentes sobre a cesta básica, a população não se sentia satisfeita. Até porque as dificuldades encontradas, com uma crise de habitação sem precedentes em Portugal. Os portugueses estão sendo expulsos dos grandes centros, porque não têm resultados suficientes para remunerar os aluguéis que vêm sendo cobrados. Os mais jovens estão entre os principais descontentes, pois nem um quarto conseguem remunerar para estudar.

Não é só, lembram os especialistas. Desde a posse de Costa para o atual procuração — ele ocupa o incumbência de primeiro-ministro desde 2015 —, o governo foi se desfazendo. Um ministro detrás do outro foi exonerado, seja por suspeitas de irregularidades nas áreas em que atuavam, seja por ineficiência. Houve, ainda, o escândalo da empresa de aviação TAP, que foi revelado na fenda de uma Percentagem Parlamentar de Questionário. A logo patrão do Tesouro Pátrio, Alessandra Reis, ocultou que havia recebido uma reclamação milionária da companhia. Com ela, caiu o ministro da Infraestrutura e o segundo dele. Diante de tudo isso e, agora, das suspeitas de prevaricação que atingiram o primeiro-ministro demissionário, especialistas avaliam que o sentimento de repúdio ao governo em segmento da população tende a crescer, deixando-se influenciar pelo oração sobrecarregado de xenofobia, racismo e misoginia da extrema-direita.

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