Setembro 21, 2024
Governo lança estratégia para a Indústria 4.0 – XXI Governo

Governo lança estratégia para a Indústria 4.0 – XXI Governo

O Primeiro-Ministro António Costa preside ao lançamento da estratégia para a Indústria 4.0, em Leiria.

A estratégia para a Indústria 4.0 é um conjunto de 60 medidas de iniciativa pública e privada que deverão ter impacto sobre mais de 50 000 empresas que operam em Portugal e, numa fase inicial, permitirão requalificar e formar mais de 20 000 trabalhadores em competências digitais.

No âmbito das medidas da Indústria 4.0, está previsto que sejam injetados na economia até 4,5 mil milhões de euros de investimento nos próximos 4 anos.

Trabalho conjunto

Para preparar as empresas portuguesas para a Indústria 4.0, o Governo trabalhou, desde abril de 2016, com mais de 200 entidades e empresas em grupos de trabalho para diferentes setores, como a agroindústria (produção, transformação, transporte e armazenamento), o retalho ( distribuição, comércio eletrónico, têxtil, calçado, etc.), turismo e automóvel (moldes, plásticos, maquinaria, robótica, eletrónica, etc.).

Estes grupos, compostos pelas maiores empresas dos seus setores, por PME e também por startups que dominam e estão a soluções desenvolvidas baseadas nas tecnologias características da quarta revolução industrial, têm facilitado o diálogo entre empresas, funcionários, associações, ciência e política e permitido a todos os agentes econômicos têm uma compreensão uniforme do potencial da Indústria 4.0.

A missão destes grupos consiste em produzir recomendações ambiciosas, mas realizáveis, para todos os envolvidos, com uma agenda adaptada às necessidades e ao potencial da nossa indústria.

Participação de grandes empresas

Pela primeira vez empresas multinacionais como a Altice-PT, a Bosch, a Deloitte, a Google, a Huawei, a Microsoft, a Siemens ou a Volkswagen associaram-se ao Governo para delinear uma estratégia nacional para a indústria. Estas empresas integram o Comité Estratégico da iniciativa Indústria 4.0, juntamente com a Agência Nacional de Inovação, o Compete, a CIP, a Cotec, a GS1, o IAPMEI, o IPQ e o Turismo de Portugal, num total de mais de 15 entidades.

No desenho desta estratégia foi um processo de trabalho inovador que, desde o início, convidou as empresas a refletir em grupos de trabalho sobre a experiência que cada um tem no domínio da indústria 4.0, ouvindo os problemas que identificaram e as soluções que propõem .

Foram 10 meses de interação intensa com empresas, clusters de competitividade, centros tecnológicos, universidades, multinacionais e associações empresariais, numa metodologia de trabalho coordenada pela Deloitte, que foi parceiro estratégico do projeto Indústria 4.0.

Aplicação da estratégia

Todas estas empresas e entidades continuam envolvidas na implementação desta estratégia, pois diversas das medidas apresentadas são de iniciativa privada ou de cooperação entre as diversas entidades reunidas na plataforma Indústria 4.0.

Para garantir uma implementação eficaz destas medidas, foi assinado um protocolo entre o Ministério da Economia e a Cotec Portugal que prevê que a Cotec fique responsável pela monitorização das medidas e também pela sua atualização, já que as necessidades de atuação em contextos digitais mudam rapidamente.

A grande maioria das medidas que compõem a estratégia para a Indústria 4.0 visam a capacitação dos recursos humanos com uma forte aposta na formação desde a tenra idade e ao longo de toda a vida, sendo tratadas como prioritárias a reconversão dos trabalhadores e a criação de novos empregos.

10 medidas emblemáticas

As 10 das medidas mais emblemáticas desta estratégia, tanto de iniciativa pública como de iniciativa privada, são:

1. Financiamento

Mobilização de Fundos Europeus estruturais e de investimento até 2,26 mil milhões de euros de incentivos, através do Portugal 2020, para a consciencialização, adoção e massificação de tecnologias associadas ao conceito de Indústria 4.0, nos próximos 4 anos. Pretende-se investir em recursos relevantes para a transformação digital da economia através de financiamentos obedecendo a critérios específicos de elegibilidade.

Destaca-se um instrumento chamado Vale Indústria 4.0, destinado a apoiar a transformação digital através da adoção de tecnologias que permite mudanças disruptivas nos modelos de negócio de PME (como a contratação de sites de comércio eletrônico ou softwares de gestão fabril a certificados). Estes vales têm o valor unitário de 7500 euros, deverão apoiar mais de 1500 empresas e representam um investimento público de 12 milhões de euros.

Destaque-se ainda o lançamento de uma linha de crédito para o apoio às exportações da PME, através da PME Investimentos. Esta linha permite antecipar receitas de venda a taxas de juro bonificadas, mitigando assim o risco de empresas exportadoras de tecnologia inovadoras de equipamentos que integram tecnologias 4.0

2. Programa de Competências Digitais

Promover o lançamento da iniciativa que permitirá capacitar, até 2020, mais 20 mil pessoas em tecnologias da informação e comunicações face aos níveis de formação atuais. Em colaboração com o setor privado, esta medida destina-se a fazer face à carência de técnicos especializados nesta área e permite apoiar a reconversão profissional, criando novas oportunidades de inserção profissional através da concessão de novas competências.

3. Cursos Técnicos Indústria 4.0

Revisão da carteira de cursos profissionais técnicos em linha com a procura de novas competências por parte das empresas no âmbito da digitalização da economia. Neste contexto, serão criados momentos de interface entre as escolas e a indústria e será promovido o recurso aos trabalhadores envolvidos, bem como a utilização de equipamentos de empresas para suportar as atividades letivas.

4. Fábricas de Aprendizagem

Promoção e apoio na criação de infraestruturas físicas com equipamento tecnológico que recria ambientes empresariais Indústria 4.0, com vista à capacitação do capital humano, promovendo e dando continuidade a iniciativas em curso como o Fabtec, Laboratório de Processos e Tecnologias para Sistemas Avançados de Produção, que consiste numa learning factory para demonstração de soluções inovadoras ao tecido empresarial, e a Introsys Training Academy, que integra um chão de fábrica simulado (SGF), e a Academy 360 Room com painéis interativos que controlam equipamentos no chão de fábrica.

5. Missões Internacionais

Promoção de missões com comissões nacionais, lideradas por representantes do Governo, com vista à partilha de produtos e serviços de âmbito da Indústria 4.0 desenvolvidos em Portugal. Estas comitivas deverão estar presentes em eventos/feiras (ex.: Hannover Messe), cidades/regiões e polos industriais (ex.: missões a Lombardia e País Basco) que possam constituir oportunidades para as empresas portuguesas.

6. Adira Indústria 4.0

Visa a criação do primeiro laboratório integrado de fabricação aditiva através do qual se pretende desenvolver todo um novo ecossistema associado a esta tecnologia de nova geração que irá permitir novas formas de projeto e fabricação. Este laboratório é dinamizado pela empresa Adira em parceria com o CEiiA a partir da máquina em desenvolvimento da Adira, cujo protótipo foi desenvolvido em colaboração com a Fraunhofer, e está aberto às universidades e às empresas de todas as indústrias.

No âmbito desta iniciativa destaca-se também o desenvolvimento em consórcio com o Inegi e Inesc Tec de soluções de hardware e software para a implementação de serviços de dados e comunicação entre máquinas, o que irá permitir às empresas configurar produtos/serviços inovadores.

Refira-se ainda o projeto Flaserpro que consiste na concepção de uma nova máquina para processamento de materiais recorrendo à tecnologia de laser de fibra ótica com integração plena de práticas de ecodesign. Este projeto conta com a parceria do Inegi e apoio do Compete.

7. Rodada 2020

Medida da Associação Portuguesa da Indústria de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos, consiste num plano estratégico do cluster do calçado português que visa a implementação do roteiro do cluster do calçado para a economia digital assente em múltiplas iniciativas. Pretende-se, até ao final de 2020, conseguir um salto qualitativo no processo de afirmação internacional do calçado português, estabelecendo-o como uma referência da indústria a nível mundial.

8. Bosch Digital

O Done Lab da Bosch, consiste num laboratório único em Portugal para a fabricação aditiva avançada de protótipos e ferramentas, projetada na Escola de Engenharia da Universidade do Minho, resultante de uma parceria entre a Universidade do Minho e a Bosch Car Multimedia, no âmbito do maior projeto universidade-empresa do País, num investimento global de 54,7 milhões de euros até 2018.

Destaca-se também um protocolo entre a Bosch e a Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de soluções para casas inteligentes e a digitalização de equipamentos da Bosch, num investimento de 19 milhões de euros, estando prevista a criação de cerca de 150 postos de trabalho.

9. 4AC Indústria 4.0 – Aceleradora, Incubadora, Prototipagem

Grandes multinacionais como a Mitsubishi (Daimler), a Siemens e a Volkswagen Autoeuropa integram uma nova aceleradora, incubadora e espaço de produção e prototipagem, para a Indústria 4.0. As startups portuguesas Bee Very Creative, Follow Inspiration, Mobi.Me e Prodsmart também já fazem parte do projecto, com o objectivo de acelerar o desenvolvimento de produto e também o desenvolvimento de negócio.

A 4AC-Indústria 4.0 resulta de uma parceria entre o CEiiA e a Startup Portugal, que se destina a apoiar startups tecnológicas para fornecer à indústria, tanto de hardware como de software, na transformação de ideias em produtos, no desenvolvimento de produto e também na fase de escala. Atuará como ponto central entre a indústria, universidades, centros tecnológicos e empreendedores, mas também os investidores e outros stakeholders do ecossistema de empreendedorismo.

10. Consórcio PSA Mangualde

Esta iniciativa, com um investimento estimado de 12 milhões de euros, será desenvolvida pela PSA de Mangualde em consórcio com 3 universidades e 5 parceiros tecnológicos, assente nos seguintes eixos: sistemas robóticos inteligentes (robôs colaborativos), sistemas avançados de inspeção e rastreabilidade (visão artificial), sistemas autônomos de entrega, fábrica digital e fábrica do futuro (baixa cadência e alta diversidade).

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