Integrantes do governo Lula vão seguir de perto os movimentos do novo governo de Portugal em relação à política imigratória do país. O Palácio do Planalto ouviu o alerta depois do exposição no primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que é preciso impor limites à ingressão de estrangeiros em território luso. Ao tomar posse, o líder português disse que “não quer um país fechado nem as portas escancaradas”.
Auxiliares de Lula que acompanham o tema dizem que, a princípio, não veem mudanças radicais no posicionamento de Portugal em relação aos brasileiros, que formam a maior comunidade de imigrantes no país. São mais de 400 milénio cidadãos legalizados, que correspondem a 40% de todos os estrangeiros que vivem em terras lusitanas.
A percepção no Palácio do Planalto é de que Montenegro, de centro-direita, é moderado e sabe, perfeitamente, as necessidades de Portugal, que sofre com o envelhecimento da população. Portanto, mesmo que a novidade política de imigração imponha limites aos estrangeiros que querem morar e trabalhar no país, não haverá radicalização, sob o risco de comprometer o curso da economia portuguesa.
Outro ponto evidenciado pelo governo brasílico é a enunciação de Montenegro de que vai estreitar os laços de Portugal com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Isso, segundo interlocutores de Brasília, indica que o governo português já escolheu os imigrantes que terão prioridade na novidade política migratória.
Os cidadãos da CPLP, incluindo os brasileiros, têm muita proximidade com os portugueses culturalmente e falam a mesma língua, ainda que com sotaques diferentes. Assim, são mais fáceis de se integrarem à sociedade, sem grandes conflitos, ao contrário, por exemplo, de estrangeiros de outras nacionalidades. Especialistas defendem que Portugal regula o fluxo de imigrantes no país.
Lula está pronto para conversar com Montenegro a término de fortalecer os laços entre Brasil e Portugal. Está prevista, para leste ano, uma reunião de cúpula entre os dois países. Inicialmente, a cimeira seria realizada em abril, em Brasília. Mas, com a mudança do governo português, está praticamente perceptível que essa data será alterada. A situação dos brasileiros em território luso, além de todas as questões econômicas, está no topo da tarifa do Palácio do Planalto.