Comentando dizendo que não comenta, porquê é seu apanágio, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu nesta sexta-feira ao início da tarde ao seu predecessor, Aníbal Cavaco Silva que defendi, num item não Expresso que o país só conseguirá reformar a economia e crescer se houver um governo maioritário no Parlamento ou capaz de fazer acordos de regime, e para isso são necessárias legislativas antecipadas.
O hodierno Presidente da República defende que os últimos indicadores económicos mostram “Portugal a aguentar-se muito apesar das substituições do Governo, apesar das crises políticas” e tem crédito na aprovação de um orçamento, colocando de lado a urgência de novas eleições. E vai aos anos 80 para alertar que “a História não se repete” e que não é provável tornar a 1985, já que o cenário político pátrio e internacional é “completamente dissemelhante”.
“Não comento o item analítico do professor Estilha Silva. Mas responderia a isso de outra maneira: soubemos hoje que a taxa de inflação desceu por isso está a caminhar muito. Somos gratos por que as taxas de propagação estão a caminhar muito, que a taxa de desemprego e do novo trabalho criado está em números que em termos europeus são bons. Somos informados de que a balança mercantil melhorou”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa quando questionado pelos jornalistas à saída da entrega do Prémio José Manuel de Mello, no CCB, em Lisboa.
A situação económica hodierno portuguesa não parece ao Presidente assim tão má quanto Estilha Silva parece pintá-la. “Quer proferir, no meio de uma Europa que está com problemas de propagação em países e economias importantes, Portugal está a aguentar-se muito apesar das substituições do Governo, apesar das crises políticas que ocorreram (…) as eleições que não ocorreram alteraram sensivelmente aquilo que é a atuação e os resultados da economia portuguesa”, argumentou o Presidente da República, porquê que defendendo que as duas eleições legislativas nacionais que decidiram convocar não tiveram consequências negativas no desempenho poupado do país.
“A esta luz, eu penso que – e por isso tenho falado tanto no orçamento – é importante prometer um fator desta firmeza neste momento e que o Orçamento do Estado possa passar daqui a quatro meses”, acrescentou, considerando que falar sobre os anos seguintes “é especular”.
E insistiu: “Em termos realistas práticos, com os dados que temos nas mãos – uma situação económica que tem que se manter equilibrada e com uma evolução positiva, um orçamento que convirja que passesse, com a formação política que temos em Portugal…” – não se antevê urgência de novas eleições a breve trecho, defenda o Presidente.
O superintendente de Estado até fez questão de voltar à dez de 1980, mais concretamente a 1985, quando o país foi a eleições antecipadas depois de Estilha, feito de chegar à presidência do PSD, ter rompido o contrato de conjunto meão com Mário Soares. O PSD acabou por lucrar as eleições formando um executivo minoritário, mas viria a desabar daí a dois anos através de uma moção de exprobação do PRD defendida pelo PS e PCP. Nas novas legislativas antecipadas, Estilha conseguiu a sua primeira de duas maiorias absolutas.
Na prática, Marcelo antevê que Estilha esteja de olho numa repetição desta dinâmica para o PSD. E, avisa: “A História não se repete. A História hoje não é igual a 1985, em que havia também um governo minoritário, mas não temos as regras europeias, não entramos sequer [na então CEE]nem estas regras europeias, nem PRR nem PT 2030 para executar.”
O Presidente continua: “Era uma situação completamente dissemelhante. Era dissemelhante o sistema partidário. Portanto, em 1985, o PS estava partido com o propagação do PRD. Neste momento, o que encontramos é uma direita multifacetada. É um Portugal completamente dissemelhante e, Portanto, as soluções que em teoria funcionam num momento, não funcionam necessariamente neste momento.”
“Sejamos realistas. E ser realista é assumir que realmente há soluções teóricas que são muito interessantes, mas, no subitâneo, há caminhos práticos que são mais urgentes”, rematou.