Setembro 19, 2024
Ministro dos Negócios Estrangeiros pede “ação concertada” de Portugal e Espanha no clima e nas relações com o sul

Ministro dos Negócios Estrangeiros pede “ação concertada” de Portugal e Espanha no clima e nas relações com o sul

Portugal e Espanha são “a ponte entre a Europa e o Atlântico Sul” e, enquanto tal, devem adotar ações concertadas no combate às alterações climáticas e nas relações com as Américas Latina e Central. Esta foi uma das ideias-chave que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, deixou na sessão de abertura da segunda edição do ‘Foro La Toja – Vínculo Atlântico’, que decorreu esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

“O desígnio atlântico da União Europeia exige uma relação permanente e integrada com o Mercosul, uma relação permanente e integrada com os Estados da América Latina”, sinalizou, destacando que uma ação ibérica “concertada” é “absolutamente crucial”. Mas quando fala no Atlântico Sul, Rangel não se refere apenas às Américas, mas também à África, “a toda a frente atlântica de África, começando certamente pela África de expressão portuguesa, mas alargando a toda a rede de relações que ela potencia”.

Também à África do Norte, “na sua fachada atlântica e na sua frente mediterrânica, onde relações e influências de muitos séculos nos trazem em abundância cultura e economia e onde pontificam as âncoras e pontes dos arquipélagos das Canárias e da Madeira”. É igualmente importante “descer ao Sahel”, onde o governante estabelece “interesses obrigatórios de segurança e de defesa”. No quadro da NATO, “a nossa aliança comum de segurança e defesa”, defendeu, aliás, como “fundamental que não deixamos de olhar para o sul”.

No “contexto preocupante de guerra na Europa”, na sequência da invasão em larga escala da Ucrânia pelas forças russas em fevereiro de 2022, “o Atlântico e os laços atlânticos ganham nova centralidade”. Ora, “mais uma vez”, as Canárias, a Madeira e – “agora muito reforçadamente” – os Açores assumem “uma nova centralidade”, insistiu.

“Duas democracias que cresceram de mãos dadas”

Num evento destinado a assinalar o meio século decorrido sobre a transição democrática em Portugal e Espanha, Rangel defendeu que “depois de duas ditaduras longas e soturnas, que viviam de costas externas, emergiram, nos idos de 74 e de 75, duas democracias que cresceram de mãos dadas”. E conheceu à reunião da Península Ibérica, “uma península da Península Europeia”, que “viveu quase simultaneamente, há cinco décadas, um novo capítulo da sua história” – em concreto, “o fim do regime de Salazar e de Caetano primeiro e o de Franco depois, a transição e as declarações democráticas, a descolonização, a entrada em simultânea nas comunidades europeias, a convergência com o resto da Europa Ocidental, a nova dedicação ao Atlântico”.

O novo chefe da diplomacia destacou ainda que os processos de democratização em Portugal e Espanha tiveram “um impacto fundamental na segunda vaga de democratização, que, no início dos anos 80, se viveu em quase toda a América Latina, e na terceira vaga de democratização , que, no final dos anos 80, se vivia na Europa do Leste”. De resto, destacou, “nesta última, a transição pactada de Espanha foi, sem dúvida, o modelo inspirador do retorno ou até, nalguns casos, do início da democracia no mundo europeu que esteve para lá da Cortina de Ferro”.

Para Rangel, os “desafios comuns” são “imensos”, lembrando “apenas três, todos eles ligados à dimensão social e ambiental”: as mudanças climáticas, a água e a energia. “Três temas absolutamente decisivos para ambos os países. Três temas que estão na frente da agenda da transição ecológica. Três temas que marcarão o compasso da nossa saga europeia e da nossa relação bilateral”, descreveu.

O ministro recuperou na Gulbenkian a sua definição do país de cujo Governo faz agora parte: “Portugal é uma ilha rodeada de mar e de Espanha por todos os lados”.

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