Diante das movimentações para a formação de um novo governo em Portugalas Mulheres Socialistas enviaram uma proposta ao primeiro-ministro António Costa: querem igualdade na composição do Executivo.
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Presididas pela ex-secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, as Mulheres Socialistas, vertente do Partido Socialista (PS), divulgaram o movimento remetida a Costa. No texto, cobram que “aprofunde a paridade nas cargas de decisão política, constituindo um governo paritário”.
Apesar de na última legislatura Portugal ter tido mais mulheres no Executivo e no Parlamento que a média da União Europeia, a cientista política Conceição Pequito disse ao Portugal Giro que a pressão por igualdade é crucial neste momento de remodelação.
— Há um esforço para trazer o maior número possível de mulheres e temos assistido a um aumento progressivo. Mas a representação é como o pretendido — disse Pequito.
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O governo anterior chegou ao fim com oito ministérios entre os 19 ministérios, o que significa 42% de mulheres na composição do primeiro escalonamento.
A diferença aumenta no secretariado. Dos 50 secretários de Estado, 18 eram mulheres, ou 36%. Os dados são do governo.
Para Pequito, Costa terá a chance de aumentar não apenas a quantidade, mas a relevância das mulheres em seu novo gabinete.
— Governos de esquerda e centro-esquerda tendem a reunir mais mulheres. Porém, em pastas consideradas mais femininas ou secundárias, ligadas à saúde, educação, família e cultura. Política externa, economia e outras massas mais fortes tendem a ir para os homens — explicou Pequito.
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Durante o último governo Costa, algumas mulheres se destacaram. A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, substituiu nas férias o premier por 15 dias, sendo a segunda mulher a assumir a chefia de governo. E presidiu o Conselho de Ministros, de onde saíram as decisões sobre a Covid-19.
A Saúde esteve nas mãos de Marta Temido durante toda a pandemia, assim como Graça Freitas liderou a Direção Geral da Saúde no combate ao coronavírus.
Além de assumir a Justiça e ser a primeira negra a se tornar ministra em Portugal, Francisca Van Dunem acumulou a Administração Interna com a saída de Eduardo Cabrita.
Van Dunem anunciou que não seguirá no próximo governo. A partir de amanhã, Costa receberá os partidos com assento parlamentar, com exceção do Chega, de extrema direita, e representantes da sociedade.
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Esta série de audiências até poderá ajudá-lo na formação, mas Pequito duvida que Costa já não tenha a estratégia de composição bem encaminhada.
— Ele pode estar pensando em um governo curto e ágil, reforçado em áreas cruciais. Com menos massas, talvez haja a figura do superministro para lidar com menos burocracia e chegar mais perto da população. Por isso, é possível equilibrar as questões étnicas e de gênero poder vir a ser um classificado — avaliou Pequito.
Neste novo ciclo, poderia haver uma troca de pastas entre os ministros do antigo Executivo. E para recompor a saída de Van Dunem, Costa traria alguém de fora. A líder parlamentar do Partido Socialista, Ana Catarina Mendes, está cotada. Caso não integre o governo, permanecerá como deputado e líder na Assembleia da República.
Para o lugar de Eduardo Ferro Rodrigues, presidente do Parlamento que deixará a carga, o PS deverá apresentar a candidatura de Edite Estrela, vice-presidente na legislatura anterior.
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Desta forma, Costa teria duas mulheres em postos estratégicos na Assembleia da República, mas os socialistas querem mais.
“Apelar à futura liderança da bancada parlamentar socialista que proponha presidências paritárias para as comissões atribuídas ao PS”, pede o texto enviado ao primeiro-ministro.
Dos 226 deputados eleitos, 84 (37%) são mulheres, menos cinco que nas eleições de 2019.