A Regeneração trouxe alguma calmaria política a Portugal. O compromisso político permitiu que os melhoramentos de materiais avançassem. Nas décadas seguintes construíram-se várias infraestruturas que deveriam renovar a economia nacional, estimular a procura e a produção nacional. Porém, o país era dependente de capitais externos e sem um crescimento sustentado na dívida acumulada. Portugal desenvolveu-se, mas muito aquém das expectativas geradas.
O golpe de Estado da Regeneração, em maio de 1851, inaugurou um novo ciclo político em Portugal. Através do Ato Adicional de 1852 à Carta Constitucional a direita e a esquerda moderadas entenderam-se. Acordaram: eleições diretas; a aprovação, pelos deputados, dos impostos válidos por um ano e a ratificação dos tratados internacionais pelo Parlamento. A luta política era agora feita no contexto das instituições representativas e não com as armas na rua. Esta relativa acalmia política permitiu o lançamento dos, sempre adiados, melhorias materiais.
Nos anos de 1850, o novo governo sanou as contas públicas, através da restrição da dívida externa, e lançou as bases do desenvolvimento econômico sustentado no liberalismo econômico. Aquilo que ficou conhecido como fontismo preconizava a aposta nas infraestruturas, caminhos de ferro, estradas, portos, pontes, telégrafos e eficácia dos serviços postais, como forma de unificar o mercado nacional e estimular a produção com a rapidez das trocas.
Este modelo foi financiado por empréstimos externos e o desenvolvimento gerado, esperado, saldaria a dívida. O Estado era o promotor destas infraestruturas, aos privados competiam apostar na agricultura, na indústria e no comércio com base nos princípios da livre iniciativa e nas leis do mercado.
Havia um modelo alternativo preconizado pela esquerda liberal: os históricos. Estes defenderiam os melhoramentos materiais, mas não com empréstimos externos que iriam sobrecarregar de impostos à população. Defendiam a descentralização administrativa, o fomento rural, em oposição à aposta nas comunicações. As infraestruturas surgiram como resultado do aumento da produção interna que, por sua vez, tinham estimulado a poupança canalizada para os bancos nacionais que os financiavam, evitando o recurso ao individualização.
A proposta de Fontes vingou. A primeira linha de caminho-de-ferro foi inaugurada em 1856, construindo-se rapidamente as linhas entre a capital, Évora e Beja, em 1863 e 1864. Entre 1871 e 1890 lançaram-se novas linhas, destacando-se as do Minho, Douro, Beira Alta e o prolongamento para Sul até Faro.
Atrás deste meio de comunicação veio a construção de estradas, portos, pontes e telégrafos. Porém, este desenvolvimento não foi o esperado. O mercado interno não se desenvolveu face às expectativas criadas, era pequeno e consumia pouco, havia forte concorrência internacional aos produtos portugueses, a industrialização era tímida e a agricultura a renovação era quase inexistente. Portugal dependia largamente de capitais estrangeiros, a riqueza estava nas mãos de grandes investidores internacionais, principalmente ingleses e franceses.
O país continuou essencialmente rural e tinha pouca instrução, o analfabetismo rondava os 79% em 1890. O fraco investimento do Estado e o pouco investimento das famílias, necessitadas de todos os braços para o trabalho, conduziram a esta situação. A capacidade produtiva era baixa, a inovação residual, existia pouca mobilidade de pessoas e bens e o comércio externo era altamente deficitário. Perante as crises internacionais o país ficou com o acesso limitado ao mercado de capitais e assistiu sempre a grandes fenómenos migratórios, como aconteceu nos anos de 1890.
Apesar deste cenário o país cresceu e desenvolveu-se o que não evitou que no início do século XX a diferença entre Portugal e os países mais ricos se tivesse agravado, pelo simples facto de estes terem crescido mais depressivo. A população aumentou, dos cerca de 3 milhões de habitantes em 1800 mudou-se dos 5 milhões em 1900. Entre 1852 e 1890 o número de operações triplicadas e os exemplares de máquinas a vapor multiplicaram-se por sete.
Após 1890 o crescimento industrial intensificou-se devido à crise internacional e às medidas protecionistas, desenvolvendo-se os setores químicos, dos cimentos e das conservas. O crescimento das cidades foi muito incipiente, os centros urbanos com mais de 10 000 habitantes aumentaram muito lentamente, destacando-se Lisboa e Porto que não tinham qualquer relevância em termos europeus.
Em 1910, a taxa de urbanização em Portugal era metade da Europa, apesar de ter existido um fenómeno de modernização como a iluminação pública, a construção de jardins e a existência de bairros operários. Porém, uma sociedade portuguesa continuou essencialmente rural, com um número reduzido de grandes comerciantes e industriais urbanos e uma rede alargada de pequenos e médios lojistas, que dominavam o comércio de abastecimento de bens, e um mundo operário muito escasso. O Portugal oitocentista cresceu economicamente, mas ficou aquém das expectativas.