A frase que foi dita por André Silva no debate a seis nas rádios desta quarta-feira refere-se a um estudo feito por Daniel Kaufmann, diretor dos Programas Globais do Instituto do Banco Mundialpublicado na revista trimestral do Fundo Monetário Internacional, Finanças e Desenvolvimentoem Agosto de 2005. Mas que o dispêndio da devassidão em Portugal é sobejo proeminente, não parece possuir dúvidas.
Embora sem fazer essa conformidade, um outro estudo divulgado no final de 2018 pelo grupo parlamentar europeu Os Verdes calcula em mais de 18 mil milhões de euros ao ano o custo da corrupção em Portugal. O equivalente a 7,9% do PIB, calculado o estudo, feito originalmente pela Rand Europaum instituto independente e sem fins lucrativos de pesquisa sediado no Reino Unificado, cuja missão é ajudar, através da investigação e estudo, a promover a emprego de políticas e a tomada de decisões.
Para se ter uma noção da dimensão dos valores em justificação, o estudo afirma que esses 18,2 milénio milhões de euros representam mais do que o orçamento anual para a Saúde, o duplo do que é gasto em ensino, é mais de dez vezes superior ao orçamento para o combate ao desemprego e 72 vezes superior à verba despendida no combate aos incêndios.
“A verdade é que o país paga custos económicos, sociais e políticos muito pesados por justificação da devassidão”, afirma ao PÚBLICO João Paulo Guerra, presidente da Transparência e Integridade (associada à Transparência Internacional), lamentando que levante não esteja a ser um tema da pré-campanha nem dos debates entre os líderes partidários. O responsável considera que essa timidez dos responsáveis políticos em discutir o tópico se explica, porque “o tema é embaraçoso, até porque há condenações de políticos dos dois principais partidos”, mas considera que deve ser reforçado uma vez que prioritário.
“É toda a economia que fica capturada e isto tem impactos brutais. Não conseguimos ter uma discussão útil e produtiva sobre questões importantes uma vez que o prolongamento econômico, o desenvolvimento ou o estrangeiro, sem trabalharmos a questão do combate à devassidão e o impacto que esta tem no funcionamento da governo pública e na capacidade de investimento estrangeiro produtivo em bens transacionáveis. Não conseguiremos ter uma política de desenvolvimento parcimonioso e social sem enfrentar levante problema”, afirma João Paulo Guerra.
Por esse motivo, o responsável considera que “a conformidade de Portugal tem um prolongamento semelhante ao da Finlândia” se o combate à devassidão fosse eficiente, “mesmo que não se possa fazer sem estudos técnicos complexos, é uma discussão que é importante ter porque tem a ver com o regular funcionamento das instituições democráticas”. “Se não tratarmos da capacidade do Estado de assumir políticas e implementá-las de forma livre e independente, todo o debate ideológico que se faz durante a campanha é pura manobra de entrega”, conclui.