“Os EUA têm o recta de exigir à Europa que pague a sua secção do fardo [de financiamento da NATO], mas não se questiona o fundamental que está nos tratados, especificamente no Item 5.º”, sustentou à Lusa o emissário sueco Axel Wernhoff.
O Item 5.º da NATO considera que um ataque a um Estado-membro da coligação político-militar é um ataque a todos os que a compõem e só foi invocado uma vez, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos.
O republicano Donald Trump disse no sábado, a poucos dias do segundo natalício da invasão da Ucrânia pela Rússia de Vladimir Putin, que, se for reeleito presidente dos Estados Unidos, avisou os aliados da NATO que encorajaria a Rússia a fazer o que entendesse com países com dívidas à NATO.
Trump fez estas declarações enquanto intensificava os ataques à ajuda externa e às alianças internacionais de longa data, ao falar num comício na Carolina do Sul, onde relatou uma história que já antes contara sobre um membro da NATO não identificado que o terá confrontado sobre a prenúncio de não tutorar os Estados que não cumprissem as metas de financiamento da Coligação Atlântica.
“Um dos presidentes de um grande país levantou-se e disse: Muito, senhor, se não pagarmos e formos atacados pela Rússia, vai defender-nos?”, relatou o ex-presidente antes de revelar a resposta: “Não, não vou proteger-vos mais. Aliás, vou encorajá-los a fazerem o que quiserem. Vocês têm de remunerar as dívidas”.
O vetusto presidente dos Estados Unidos “não utiliza uma linguagem convencional”, reconheceu Axel Wernhoff, das quais país deverá tornar-se em breve no mais recente membro da NATO, faltando somente a ratificação da adesão pela Hungria.
“Ele [Trump] também disse [em outras ocasiões] que gosta muito da Organização do Tratado do Atlântico Setentrião [NATO], que gosta muito da Suécia. Todos sabemos que a sua retórica pode ser bastante dramática ou drástica. Está uma campanha a transcursão, se esta retórica se transformar em políticas reais, logo aí vai ser problemático”,
“Precisamos de ser, no mínimo, cautelosos”, acrescentou o responsável pela missão diplomática da Suécia na Coligação Atlântica.
Mas, reconheceu o diplomata, seria “muito lamentoso que o país que mais contribuiu, a maior garantia desta coligação, começasse a expressar que não vai satisfazer com as obrigações que estão nos tratados”.
O presidente norte-americano, Joe Biden, considerou “angustiantes e perigosos” os comentários feitos no sábado por Donald Trump, seu provável rival nas eleições presidenciais de novembro, e que lidera as sondagens.
Para o democrata Joe Biden, os comentários de Trump significam “a sua vontade de despovoar os aliados da América que são membros da NATO em caso de um ataque russo”.
“O facto de Donald Trump consentir que pretende dar luz virente a Putin para mais guerra e violência, para continuar o seu ataque brutal a uma Ucrânia livre e para estender a sua agressão ao povo da Polónia e dos Estados Bálticos é angustiante e perigoso”, afirmou o presidente dos Estados Unidos em transmitido divulgado domingo.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, considerou que as declarações de Donald Trump são prejudiciais para os 31 países, incluindo Portugal, que compõem a organização.
Por diversas vezes, o ex-presidente republicano ameaçou a saída dos Estados Unidos da Coligação Atlântica caso regressasse à Moradia Branca.