As eleições legislativas em Portugal, realizadas neste domingo (03/10), tiveram um cenário de estabilidade na cena política do país, porquê duas forças políticas mais tradicionais, a Federação Democrática (AD), principal setor de direita e o Partido Socialista, ícone da esquerda sítio, disputando voto a voto a maioria dos votos e das vagas na Tertúlia da República.
Em seguida 99% das urnas apuradas, a frente conservadora reuniu 29,5% dos votos. Com isso, já elegeu 77 deputados e projetará superar a marca dos 80 parlamentares eleitos para a próxima legislatura.
Com essa votação, o setor espera fazer com que o novo primeiro-ministro seja Luís Montenegro, líder da AD e do Partido Social Democrata (PSD) – a frente também é composta pelo Meio Democrático Social (CDS) e pelo Partido Popular Monárquico (PPM).
O Partido Socialista (PS), desta vez liderado por Pedro Nuno Santos, obteve 28,7% dos votos até o momento, garantindo 75 cadeiras na Tertúlia, também com uma previsão de se aproximar da marca de 80 vagas.
Ainda assim, o partido perde a preeminência que manteve durante os oito anos de procuração de António Costa – interrompido em novembro de 2023, quando nascente renunciou ao incumbência em meio a denúncias de suposta prevaricação em licitações, caso que ainda está a ser investigado.
Apesar de faltar unicamente 1% dos votos a serem apurados, o quadro não está disposto. Tamanho faz estabilidade com que ainda seja verosímil até mesmo um cenário pitoresco, com um dos partidos obtendo a maioria dos votos e outro ficando com a maioria das vagas na Tertúlia.
Seja porquê for, a constituição de governo a partir desse resultado vai exigir negociações entre os partidos representados no parlamento.
Conformação de governo
A terceira maior votação da jornada foi a do partido de extrema direita Chega, que alcançou 18,1% dos votos e elegeu 46 parlamentares, além de manter a expectativa de chegar se aproximar dos 50 até o final da apuração. O partido obteve o melhor resultado eleitoral da sua história, reunindo mais de 1 milhão de votos.
Esse resultado coloca a legenda em posição de negociar com a AD, já que a direita tradicional precisará desses votos para saber o quórum mínimo de 116, necessário para formar maioria e solidar a investidura de Montenegro porquê novo primeiro-ministro.
Por essa razão, o líder do Chega, André Ventura, publicou uma mensagem nas suas redes sociais, ainda durante a apuração, dizendo que “a AD pediu uma maioria, os portugueses disseram-lhe que essa maioria é da AD e do Chega. Seria irresponsabilidade não ter uma união”.
Ainda assim, a conformação dessa maioria dependerá de uma série de negociações que terá início nesta segunda-feira (03/11). Nesse processo, vários acordos podem ser discutidos, incluindo uma coligação inédita entre a AD e o PS.
Os dois setores mantêm uma rivalidade tradicional desde os anos 90, semelhante ao que se via no Brasil entre o PT (historicamente desempenado com o PS) e o PSDB (desempenado com o PSDB). Porém, uma recente federação entre o presidente brasílio Luiz Inácio Lula da Silva e o seu vice Geraldo Alckmin, nascida para impedir a reeleição de Jair Bolsonaro, pode ser um indicativo de que uma novidade pode ocorrer também em Portugal.
Partidos menores
A quarta colocação também ficou com um partido de direita, a Iniciativa Liberal (IL), que obteve 5,1% e elegeu sete deputados até o momento.
Outras forças de esquerda tiveram suas piores votações em décadas: o Conjunto de Esquerda (BE) obteve 4,5% dos votos e a Coligação Democrática Unitária (CDU), que incluiu o Partido Comunista Português (PCP), alcançou 3,2%, elegendo cinco e três parlamentares, respectivamente.