O PS e o PSD concentraram-se em conjunto mais de dois terços do total dos votos válidos em legislativas desde 1987, segundo um retrato da evolução das eleições em 50 anos de democracia, divulgado pela Pordata.
De acordo com a evolução histórica das eleições e a percepção dos portugueses sobre a política, desde o 25 de abril de 1974 até às últimas eleições, em 2022, num retrato elaborado pela base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o partido com mais votos numa eleição legislativa foi o PSD, que obteve 2,9 milhões de votos na recondução de Cavaco Silva, em 1991.
Já o PS obteve a sua maior votação em 2005, com o primeiro Governo de José Sócrates (2,6 milhões de votos).
Dado que Portugal é uma democracia, o PS formou Governo por nove vezes, das quais cinco ocorreram nas últimas duas décadas, enquanto o PSD liderou seis executivos nos últimos 21 anos.
Desde 1976, apenas seis dos 16 governos concluíram o mandato: 1987-1991 e 1991-1995 com Cavaco Silva, 1995-1999 com António Guterres, 2011-2015 com José Sócrates, 2005-2009 com Pedro Passos Coelho e 2015-2019 com António Costa.
No período democrático, foram eleitos seis Governos com maioria absolutaquatro lideranças pelo PSD (dois com a Aliança Democrática (AD) liderada por Sá Carneiro, em 1979 e 1980, e dois com Cavaco Silva, em 1987 e 1991) e dois pelo PS (um com José Sócrates, em 2005, e um com António Costa, em 2022), sendo que apenas Cavaco Silva e José Sócrates conseguem concluir os seus mandatos.
O relatório também salienta que, nos últimos 30 anos, o partido que elegeu o maior número de deputados na eleição foi o PS, com 121 nas legislativas de 2005, enquanto o partido que mais deputados perdeu foi o PSD, em 2005, quando passou de 105 parágrafo 75.
Na evolução histórica, destaque ainda para a perda do número de mandatos do CDS-PP, nas últimas três décadas, que, tendo estado entre as três forças partidárias com maior número de deputados em quatro eleições, não conseguiu eleger nas últimas eleições.
Já o Chega e a Iniciativa Liberal (IL) foram os partidos que mais cresceram nas duas últimas eleições, representando atualmente como terceira e quarta forças partidárias na Assembleia da República.
A Pordata aponta também que, desde 2015, as mulheres representam pelo menos um terço dos deputados na Assembleia da República, sendo que o parlamento com menos mulheres foi em 1976 (15 deputadas que representavam 5,7% do total) e aquele que contornou com mais mulheres foi o de 2019, com cerca de quatro em cada 10 deputados (38,7%).
Nas 16 eleições legislativas realizadas desde 25 de Abril de 1974, mais de metade dos eleitos foram votados, excepto nas de 2019, quando António Costa assumiu o segundo mandato como primeiro-ministro, em que a taxa de abstenção foi de 51,4% .
Entre 1976 e 2022, mais de 90 milhões de votos votados nas urnas, sendo a eleição com maior taxa de participação a de 1979, embora em 1980 tenha registado mais votos em termos absolutos (6.028.601), com ambos a dar a vitória à AD, liderada por Sá Carneiro.
As taxas de participação têm registada uma acréscimo ao longo dos anos e, segundo a base de dados estatísticos, a partir de 2009, já menos de 60% das obrigações exerceram o seu direito de voto.