Novembro 6, 2024
Semana de 4 dias avança em Portugal com suporte do governo;  não

Semana de 4 dias avança em Portugal com suporte do governo; não

Trabalhadores e trabalhadoras de diversas empresas privadas portuguesas estão trabalhando atualmente em jornadas de trabalho de quatro dias, sem redução do salário, com suporte do governo do país. Ainda é um projeto-piloto (espécie de teste), mas que, dependendo dos resultados, pode se tornar regra no país.

A verdade pode parecer distante do brasílico (e efetivamente é), mas, nos próximos meses, algumas empresas do país passam por teste semelhante – ao menos neste primeiro momento, sem suporte formal do governo.

Testes para uma semana de 4 dias já foram realizados em diferentes partes do mundo e, segundo os organizadores do projeto, os bons resultados são a regra. Além dos ganhos para os trabalhadores, que passaram a ter mais um dia para folga, diversão, ações domésticas ou qualquer outra atividade, as empresas que participaram dos testes também obtiveram ganhos de produtividade.

Segundo a organização global 4 Day Week (o nome em inglês significa literalmente “Semana de 4 dias”), depois teste recente realizado no Reino Uno em 61 empresas, 92% delas decidiram que continuarão adotando uma semana de quatro dias. O teste envolveu mais de 2,9 milénio pessoas e, segundo a entidade, houve uma redução de 71% nos casos de síndrome do esgotamento profissional (também conhecida porquê esgotamento). Para 15% dos trabalhadores envolvidos, nenhum tipo de aumento de salário faria que voltassem à semana de cinco dias.

“Por muito tempo se enxergou o trabalho porquê fardo, e hoje a gente vê, nesse pós-covid, pessoas começando a repensar suas vidas, suas carreiras, o tempo que a gente se dedica para o trabalho, porquê as novas gerações que chegam entrando e começando a questionar tudo isso”, disse ao Brasil de Vestuário a diretora da 4 Day Week no Brasil, Renata Rivetti. “Eu não quero só trabalhar, eu quero também ser feliz. Portanto hoje a gente tem atuado muito em grandes organizações, fazendo essa conscientização e levando ferramentas para os líderes fazerem mudanças de hábitos”, complementou.

Ainda de conciliação com as organizações que realizam os projetos-piloto pelo mundo, o foco da proposta é a produtividade, já que quase sempre as iniciativas são tocadas por empresas privadas que não escondem que o objetivo é lucrar mais. Entretanto, os ganhos estão sendo percebidos também em outras áreas.

“A gente está trabalhando questões porquê paridade de gênero, mudança climática, envolvimento dos homens nas atividades domésticas, recuperação da qualidade de vida e saúde. As pessoas estão tendo mais tempo para dormir, mais tempo para atividades físicas, mais tempo para marcar uma consulta . O nível de retenção [de profissionais nas empresas] é maior, o nível de atestados é menor. Vamos pela produtividade, mas os dados mostram para a gente resultados muito maiores”, garantiu Gabriela Brasil, líder de comunidade da 4 Day Week Global, em entrevista ao Brasil de Vestuário.

Espeque governamental em Portugal

A atuação da organização internacional em Portugal obteve cooperação com o suporte do governo do país. Em 2022, estimulado por experiências públicas na Islândia e na Espanha, o Estado português se associou ao 4 Day Week para lançar um programa com o objetivo de “promover um largo debate pátrio e na concertação social sobre novas formas de gestão e estabilidade dos tempos de trabalho, incluindo a ponderação de aplicabilidade de experiências porquê uma semana de quatro dias em diferentes setores”.

A base do projeto, que já passou por fases de justificação e seleção de empresas, é a colocação na prática de uma experiência de seis meses, voluntária e reversível por secção das empresas privadas. O Estado português garantiu os custos com suporte técnico e administrativo para suporte às empresas na transição, sempre seguindo a regra que ficou conhecida porquê “100-80-100”: os trabalhadores recebem 100% do salário e trabalham 80% do tempo, desde que conseguir manter 100% da produtividade coletiva.

“A intenção inicial é determinar porquê será o rendimento e os resultados com essas empresas. Portanto, o governo de Portugal começou a financiar, as empresas de Portugal não pagaram por esse processo. Eles [governo português] trabalhando junto com essas empresas para que em cima desses dados eles possam determinar políticas públicas”, explicou Gabriela Brasil. Para as empresas brasileiras, a adoção ao projeto-piloto tem um dispêndio que varia de R$ 7 milénio (para empresas com até 20 funcionários) a R$ 75 milénio (empresas com milénio trabalhadores ou mais).

Posteriormente o período de matrícula, que termina neste mês de julho, serão realizadas sessões de preparação e a tempo de planejamento em agosto e setembro. O período efetivo de teste, também de seis meses, está previsto para encetar em novembro. A organização não divulgou o número de empresas efetivamente inscritas no país. A expectativa inicial era atrair pelo menos 40 companhias, e tapume de 300 já demonstraram interesse, desde microempresas até multinacionais com milhares de profissionais.

“Estamos abertos a empresas de tamanhos diferentes, portas diferentes, setores diferentes, locais do Brasil diferentes. Porque a teoria cá não é fechar em um setor específico”, explicou Gabriela Brasil. “A gente tem experiências de áreas de conhecimento, atendimento, consultoria, que acontecem em todos os locais. Mas também temos escolas, também temos creches, temos empresas, hospitais. Enfim, esses setores da saúde e instrução – que cá são setores sobrecarregados também . Portanto, buscamos atingir de tudo um pouco.”

Quando o projeto piloto estiver em curso, a tarefa também será a tempo de coleta dos dados que serão avaliados depois pelo Boston College, nos Estados Unidos, e pela Cambridge University, no Reino Uno, entidades de pesquisa parceiras da 4 Day Week Global em todos os testes pelo mundo. Há também orifício para que universidades e entidades de pesquisa do Brasil possam realizar ações paralelas, porquê pesquisas qualitativas.

“Os estudos mostram que a gente é produtiva de duas a três horas por dia. A gente está sobrecarregada, mas mesmo assim a gente é pouco produtiva, pouco engajada. Portanto hoje, quando a gente olha resultados mais racionais e financeiros, a gente tem Inferior engajamento e baixa produtividade e, ao mesmo tempo, os indicadores estão péssimos também em saúde mental. O Brasil é líder em vários aspectos super negativos da saúde mental. pessoas sofrem de esgotamento“, alertou Rivetti.

Bancários em luta pela jornada de quatro dias

Apesar do caráter de ineditismo do projeto-piloto da 4 Day Week, a discussão sobre uma jornada de quatro dias não é novidade no Brasil. Uma das categorias mais mobilizadas e organizadas do país, a dos bancários, já fez a proposta na reivindicação da categoria enviada à Federação Vernáculo dos Bancos (Fenaban) em 2022.

Em conversa com o Brasil de Vestuárioa presidente do presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (SPBancários), Neiva Ribeiro, disse que a pressão vivida pelos profissionais do setor faz com que a taxa da redução de jornada faça secção das discussões com o patronal há muitos anos.

“A gente está vivendo uma epidemia hoje, no setor bancário, com doenças psicossomáticas, síndrome do pânico, depressão. A gente sempre discutiu essa questão com os bancos, que era importante reduzir a jornada, produzir dois turnos de trabalho, sem redução de salário , para atender melhor, para poupar a saúde dos bancários e dar uma contrapartida social”, pontuável.

O diretor-adjunto do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Victor Pagani, destaca que o cenário do mercado de trabalho vem mudando de maneira acelerada nos últimos anos devido às mudanças tecnológicas. Em um cenário ideal, isso deve ser aproveitado para que mais pessoas trabalhem, mas que tenham menos horas de sua vida ocupadas pelas atividades laborais.

“Nesse contexto de progressão das tecnologias, a redução da jornada também seria de uma forma de fazer com que todos trabalhem menos, mas que tenham um trabalho. Que a gente deixe de ter esse mercado de trabalho muito polarizado: poucas pessoas com jornadas muito intensas, muito extensas, também, trabalhando muitas horas, e por outro lado grande secção de trabalhadores desempregados ou com uma jornada insuficiente para sustento, seu e da família”, apontou.

Embora a proposta da jornada de quatro dias não tenha avançado na negociação entre bancos e patrões em 2022, o tema segue em taxa, e a categoria voltará a apresentá-lo porquê demanda nos próximos anos, e vê o cenário com otimismo.

“Eu acho que a gente vai conseguir prosseguir essa taxa, sim, em qualquer momento. Fazendo força. A gente está trabalhando muito nisso e, quanto mais empresas fazem esses pilotos e der evidente, acho que mais chance a gente tem de emplacar. O O setor bancário tem todas as condições de implantar esse padrão”, complementou Neiva Ribeiro.

Edição: Thalita Pires



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