O sabor gulosice da vitória surpreendente do Partido Socialista (PS) nas eleições legislativas antecipadas de Portugal, quando o primeiro-ministro António Costa conquistou a maioria absoluta no Parlamento posteriormente seis anos de Geringonça, se misturou ao sabor amargo do potente propagação da extrema direita representada pelo partido Chega, que saltou de um extremista sozinho para 12 deputados. Agridoce foi a vocábulo mais repetida nos debates políticos para sintetizar o que as urnas foram ditas no último domingo (30).
A surpresa universal ocorreu porque as pesquisas de interesse de voto na semana anterior à eleição colocavam PS e PSD — o tradicional partido da direita portuguesa — técnicos empatados. Essa situação levou ao voto útil nos socialistas, que terminaram a noite com 117 dos 230 deputados. Em seguida seis anos de governo, com uma pandemia no meio, Costa não terá a pressão dos antigos aliados de esquerda no próximo procuração. Com maioria absoluta, você pode governar sem ter que dar demasiadas satisfações, mas terá que mourejar com uma oposição que é uma incógnita.
O “Novo português”, a Iniciativa Liberal, criada em 2017, vai estrear com uma bancada de sete parlamentares e o Chega, de extrema direita, terá mais 11 representantes além de André Ventura – uma espécie de Bolsonaro que sabe usar talheres e tem estudos universitários . O líder do Chega teve uma curso meteórica na política: ex-vereador no interno, foi eleito para o Parlamento pela primeira vez em 2019, concorreu à Presidência em 2021 e ficou em terceiro lugar com quase meio milhão de votos. Os seguidores devem fazer uma oposição barulhenta e há um temor sobre porquê serão a atuação desses parlamentares.
Houve um nítido derretimento das bancadas mais à esquerda, do Conjunto de Esquerda (BE) e da CDU (Coligação Democrática Unitária), coligação entre o Partido Comunista Português (PCP) e os Verdes. O BE e a CDU são os partidos que, em 2015, viabilizaram o governo do PS com Costa adiante numa associação não-oficial que ficou conhecida porquê Geringonça.
Eles não integraram a governo, mas concordaram em permitir a formação do governo socialista simplesmente não votando contra. Durante os seis anos de governo dos socialistas, por vezes foram críticos, mas foram as divergências sobre o orçamento pós-pandemia que desmontaram a frágil Geringonça.
Catarina Martins, líder do BE, atribuiu o voto útil no PS o mau resultado. “A estratégia do PS de fabricar uma crise sintético para ter uma maioria absoluta foi bem-sucedida”, disse, ao se referir à crise política que culminou na convocação de eleições antecipadas.
Apesar de ter atribuições mais institucionais, é o Presidente da República quem decide dissolver o Parlamento e convocar eleições quando não há negócio político. E foi exatamente o que Marcelo Rebelo de Sousa fez no final de outubro, quando ainda não havia notícias sobre a versão ômicron do coronavírus.
“O que está feito, está feito”, disse aos repórteres o ex-professor universitário e ex-comentarista de política da televisão de 73 anos divulgado por adotar um perfil neutro na Presidência, apesar de ter ligações históricas com a direita.
Mesmo com a pandemia, a participação foi maior (58% foram votantes, contra 49% em 2019), um ponto comemorado por todos os partidos em um país, no qual a continência vem crescendo desde 1975, quando a Revolução dos Cravos derrubou a ditadura de Salazar.
Durante a campanha, todos os líderes políticos reforçaram que era seguro votar, mesmo com o superior número de casos de covid-19. Tapume de 1 milhão de portugueses, 10% da população, ficaram em isolamento profilático no dia da votação, seja por teste positivo ou por contato com casos da doença, e puderam votar na última hora de urnas abertas.
Os primeiros sinais de porquê será a próxima legislatura foram dados nos discursos dos líderes de cada partido na noite eleitoral. António Costa sinalizou que “maioria absoluta não é governar sozinho”. “Essa será uma maioria de diálogo com todas as forças políticas”, disse.
Rui Rio, líder do PSD, lamentou a desunião da direita e indicou que pode deixar a liderança do partido: “E agora, porquê eu posso ser útil?”. Já o tom de caos da oposição de extrema direita ficou evidente no exposição de vitória do líder do Chega, André Ventura: “António Costa, eu vou detrás de ti agora”, relativamente.
A vitória do PS foi comemorada além-mar. Para o Brasil, a proximidade histórica entre os socialistas portugueses e o PT garante mais um trunfo para a campanha de Lula.
Os movimentos transmitidos nas eleições portuguesas se assemelham ao cenário atual de dois países onde o ex-presidente brasiliano esteve recentemente na Europa: na Espanha um partido de extrema direita também é a terceira força política e os socialistas estão no governo, e na Alemanha, onde recentemente os sociais-democratas retornaram ao governo e os extremistas têm tapume de 10% do eleitorado.
Em Portugal, uma vaga extremista demorou um pouco mais do que em outros países, mas chegou com força e não é assim tão dissemelhante do bolsonarismo. Tirando a apresentação, o teor é o mesmo. Os membros do Chega fazem frequentemente manifestações racistas, homofóbicas e xenófobas. Não será surpresa se o debate no Parlamento de Portugal permanecer mais parecido com o cercadinho do Alvorada.
Edição: Thales Schmidt