Esperança e disparidade: uma nova maneira colorida de visualizar a qualidade do ar ao redor do mundo #ÚltimasNotícias #tecnologia

Uma nova ferramenta mostra o quanto a qualidade do ar mudou desde a Revolução Industrial em cidades ao redor do mundo. Ela gera uma única imagem composta de faixas coloridas diferentes representando a poluição a cada ano em cada grande cidade.

Você pode ver contrastes gritantes de um lugar para outro, mostrando quanto trabalho ainda resta para limpar a poluição e também o quão bem esses esforços podem compensar a longo prazo. A poluição do ar caiu drasticamente em nações ocidentais ricas, mas ainda é um sério risco à saúde em muitos lugares ao redor do mundo.

“A poluição do ar é frequentemente chamada de ‘assassino invisível’, mas essas imagens tornam o invisível visível”, disse Kirsty Pringle, codiretora do projeto, sediada na Universidade de Edimburgo, em um comunicado à imprensa.

O projeto foi uma colaboração entre a Universidade de Leeds, a Universidade de Edimburgo, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e o Met Office do Reino Unido. Pesquisadores usam dados do Met Office do Reino Unido para estimar concentrações médias anuais de poluição por partículas finas, ou PM2,5. Isso leva em conta partículas com um diâmetro menor que um 30º da largura de um fio de cabelo humano — pequenas o suficiente para potencialmente entrar nos pulmões e na corrente sanguínea. Esse tipo de poluição — que pode incluir poeira, fuligem e fumaça — vem de chaminés, canos de escape e, cada vez mais, de incêndios florestais agravados pelas mudanças climáticas.

Os pesquisadores criaram listras coloridas para as capitais de cada país, juntamente com algumas outras grandes cidades e as cidades-sede de suas universidades. Cada imagem representa mudanças na poluição do ar de 1850 a 2021. Leituras de PM2,5 por satélite e no nível do solo fornecem dados para aproximadamente as últimas duas décadas. Como isso era amplamente inexistente antes de 2000, eles também contam com simulações de modelos de computador para olhar para trás no tempo.

As listras variam em cores de azul claro a marrom escuro ou preto para representar qualidade do ar “extremamente ruim”. Os cientistas trabalharam com o artista Ethan Brain para criar uma paleta de cores, obtida de cerca de 200 imagens coletadas ao pesquisar no Google por “poluição do ar”.

O azul mais claro indica qualidade do ar abaixo da recomendação da Organização Mundial da Saúde de menos de 5 microgramas de poluição por partículas finas por metro cúbico de ar (5 ug/m³). Você pode ver Londres e Los Angeles começando a se aproximar desses níveis nos últimos anos, após décadas de esforços para controlar a poluição da indústria e do transporte. Nos EUA, os níveis de poluição começaram a cair após a promulgação do marco Clean Air Act em 1970.

A qualidade do ar pode ser muito diferente de bairro para bairro, com comunidades de cor nos EUA frequentemente sobrecarregadas com uma quantidade desproporcional de poluição do ar proveniente de rodovias e instalações industriais próximas.

A triste realidade é que 99% da população mundial vive em lugares com qualidade do ar pior do que a diretriz da Organização Mundial da Saúde para PM2,5. Cidades em países de baixa e média renda em partes do Sul da Ásia e África são particularmente atingidas, descobriram os pesquisadores do Air Quality Stripes. A qualidade do ar em Déli, Índia, e Abuja, Nigéria, subiu para “extremamente ruim” e “muito ruim”, respectivamente, desde a década de 1970, por exemplo.

Você pode conferir o site Air Quality Stripes para ver visualizações para cada cidade. As imagens lembram listras de aquecimento climático que se tornaram uma forma popular de mostrar temperaturas subindo como resultado de emissões de gases de efeito estufa de combustíveis fósseis.

Felizmente, a ação sobre as mudanças climáticas também pode melhorar a qualidade do ar nesta década. Pelo menos 118 países se comprometeram a triplicar a capacidade de energia renovável do mundo até 2030 durante a cúpula climática anual das Nações Unidas no ano passado. Para deter as mudanças climáticas, a transição para a energia renovável não pode deixar nenhum país para trás. Ativistas ao redor do mundo estão pedindo às nações ricas e a Wall Street que parem de financiar novos projetos de combustíveis fósseis e cancelem dívidas que tornam mais difícil para as nações menos ricas investir em energia limpa.

Afinal, ainda há esperança em listras da cor do céu azul.

“As imagens mostram que é possível reduzir a poluição do ar; o ar em muitas cidades da Europa está muito mais limpo agora do que há 100 anos, e isso está melhorando nossa saúde. Realmente esperamos que melhorias semelhantes possam ser alcançadas em todo o mundo”, disse Pringle.