‘Não vamos ter outro Nubank’, diz cofundador da Upload Ventures | Finanças #ÚltimasNotícias

“Há muitas oportunidades em empresas de IA como facilitadoras de produtividade em vários processos em setores como bancos e saúde, mas as agritechs e fintechs de crédito têm muito risco”, disse Carlos Simonsen, cofundador e sócio-gerente da Upload Ventures, em entrevista.

“Não vamos ter outro Nubank”, disse ele, referindo-se à Nu Holdings, que passou de uma obscura startup de cartão de crédito em 2013 para se tornar a empresa financeira mais valiosa da América Latina.

Sobrinho-neto de Mario Henrique Simonsen, famoso economista e ex-ministro da Fazenda, Carlos cofundou em 2021 a Corton Capital, focado em investir em empresas com crescimento esperado a uma taxa superior aos concorrentes. A Corton foi posteriormente incorporada à Upload Ventures, que nasceu de uma decisão em 2022 de um fundo do SoftBank que investe em empresas bem em seu início.

A Upload Ventures agora tem dois fundos em fase de investimento. Um fundo concentra sua alocação em empresas em estágio bem inicial e tem cerca de US$ 120 milhões, com 20 firmas em sua carteira hoje e objetivo de investir em mais outras cinco. O outro fundo, que prioriza investimentos em empresas que já receberam injeções de capital e têm potencial de crescimento maior do que seus pares de mercado, tem US$ 200 milhões, dos quais US$ 50 milhões vêm da TIM, unidade brasileira da Telecom Italia, Baseado em Milão.

A Upload tem outros US$ 250 milhões em fundos já totalmente investidos.

“Nossa tese é investir em empresas locais de tecnologia que podem se tornar globais ou negócios que desejam criar uma presença muito grande na América Latina”, disse Simonsen.

Um exemplo foi o primeiro investimento feito pela gestora usando o fundo ancorado pela TIM, em uma startup sediada em Palo Alto, na Califórnia, chamada Topsort, de publicidade digital, que busca crescer na América Latina oferecendo a varejistas mecanismo de leilão que usa inteligência artificial .

A Upload está fazendo investimentos em um ambiente no qual altas taxas de juros na América Latina e nos EUA controlam o apetite dos investidores por capital de risco. Após atingir um pico de US$ 9,3 bilhões no último semestre de 2021, os investimentos de capital de risco na América Latina chegaram a US$ 1,8 bilhão nos primeiros seis meses deste ano, 18% a menos do que no último semestre de 2023, de acordo com a Lavca, uma associação para investimento de capital privado na América Latina.

“Estamos em uma fase de investimento”, disse Simonsen. “Temos capital para investir em um momento em que muitos de nossos concorrentes não têm. Há muitas empresas batendo em nossas portas, então precisamos evitar cair na tentativa de fazer investimentos muito rápido. Estamos mantendo um padrão elevado.”

A inexistência de ofertas públicas iniciais de ações de empresas brasileiras desde 2021 “atrapalha muito a dinâmica de captação de recursos”, disse ele, porque os investidores de capital de risco deixaram de ter “saídas expressivas”. Essa é uma das razões pelas quais o Upload tende a priorizar empresas que são fáceis de vender nos mercados privados secundários, disse ele.